terça-feira, setembro 25, 2012

Sindicato cede à proposta do TST, mas Correios dizem não e greve continua


O sindicato que representa os funcionários dos Correios cederam em parte à proposta apresentada pelo TST (Tribunal Superior do Trabalho) na semana passada, mas os Correios disseram não ter condições financeiras de aceitá-la e a greve deve continuar pelo menos até quinta-feira (27).

A Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares) apresentou contraproposta parecida com a sugerida pela ministra Katia Arruda, relatora do caso no TST, na audiência de conciliação feita na quarta-feira passada (19).

Segundo James Magalhães, secretário de imprensa da federação, a contraproposta é de reajuste de 5,2% no salário (reposição da inflação dos últimos 12 meses), aumento linear de R$ 80 retroativo à agosto, 8,84% de aumento no vale-alimentação, vale-cesta básica extra no fim do ano, abono dos dias parados e manutenção da cláusula do plano de saúde.

As duas únicas diferenças em relação à proposta da ministra relatora são os dias parados (Arruda sugeriu a compensação deles) e a adequação do plano de saúde segundo norma da ANS (Agência Nacional de Saúde). Magalhães diz que o sindicato não abre mão do plano de saúde, "uma grande conquista categoria", e que as encomendas em atraso serão entregues.

"A greve pode acabar na quarta-feira se eles não alterarem a questão do plano de saúde", diz o secretário. "Foi uma forma de mostrar que a gente quer negociar."

Mas, em nota, os Correios diz que "a empresa não possui condições financeiras de aceitar a proposta feita pelo TST de reajustar os salários pela inflação e ainda dar um aumento linear de R$ 80". Segundo a instituição, o impacto do reajuste de R$ 854 milhões por ano --R$ 531 milhões pelo reajuste e R$ 323 milhões pelo aumento linear.

Com a negativa da instituição, a audiência de conciliação deve terminar sem acordo e o dissídio coletivo da categoria será votado na quinta-feira (27).

DISSÍDIO COLETIVO

Como em 2011, os Correios tentam novamente resolver a questão com um acordo de dissídio coletivo no TST. No ano passado, o tribunal decidiu por reajuste de 6,87%, aumento linear de R$ 80 e desconto salarial dos 28 dias de paralisação.

"A empresa está apostando todas as suas fichas no TST", diz Magalhães.

A proposta inicial da Fentect era de 43,7% de reajuste salarial, aumento linear de R$ 200, tíquete-alimentação de R$ 35 e a contratação de 30 mil trabalhadores, entre outras reivindicações. A estatal mantém a oferta de reajuste salarial de 5,2% e diz que não vai apresentar contraproposta amanhã.

SERVIÇOS SUSPENSOS

A paralisação já causou a suspensão dos serviços com hora marcada --Sedex 10, Sedex 12, Sedex Hoje e Disque-Coleta-- para a cidade de São Paulo e a região metropolitana, Distrito Federal, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Tocantins e o SEDEX Hoje e o Disque-Coleta para o Rio de Janeiro.

Os Correios fizeram mutirão no fim de semana para tentar colocar em dia a entrega de cartas e encomendas. Segundo a companhia, foram triadas e entregues 23,7 milhões de cartas e encomendas e o mutirão contou com a participação de mais de 22 mil carteiros e 2,8 mil empregados administrativos realocados.

A empresa diz que 10.891 funcionários aderiram à greve --9% dos 120 mil empregados--, menos que os 10.938 de sexta-feira. Os Correios dizem usar o sistema de ponto eletrônico para aferir a mobilização da categoria.

O sindicato diz que "é muito mais de 9%", mas não tem uma estimativa de grevistas.

RACHA NO SINDICATO

Vinte e cinco dos 35 sindicatos regionais da instituição já aderiram à greve. Realizam assembleias hoje para decidir se também param Acre, Bahia, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Juiz de Fora e amanhã Uberaba.

Os sindicatos de base de São Paulo, Rio de Janeiro, Bauru e Tocantins romperam com a Fentect e negociam diretamente com os Correios. A empresa diz que os sindicatos de São Paulo e Rio de Janeiro representam 40% dos funcionários.

TST DESRESPEITADO

Os Correios acusam os funcionários em greve de descumprir decisão do TST de manter ao menos 40% dos trabalhadores da estatal trabalhem durante a greve. O sindicato que representa os trabalhadores nega.

Apesar de dizer no balanço diário da greve que apenas 10.891 trabalhadores aderiram à greve --9% dos 120 mil funcionários--, a empresa diz que "em vários locais houve ausência maior do que 40%" e "está informando o TST" sobre o problema.

Segundo a companhia, em alguns locais, como em Santo Amaro e Santo André, a adesão é de quase 80%. Em Santo Amaro, na região sul da cidade de São Paulo, 78% dos funcionários não foram trabalhar hoje. Em Santo André, 79%.

OUTRO LADO

"A posição é contraditória", diz James Magalhães, secretário de imprensa da Fentect (Federação Nacional dos trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares). "Eles falam em 9%, mas pedem para o TST garantir 40%."

O secretário diz que, nos sindicatos que aderiram à greve --25 dos 35 sindicatos de base do país--, "até 80% da área operacional da empresa --carteiros, operadores de triagem e pessoal do atendimento-- aderiram à greve".

Magalhães rechaça a ideia dos Correios, de que todas as unidades são obrigadas a manter pelo menos 40% dos funcionários trabalhando. "Nós respeitamos a decisão do TST."

Caso o tribunal entenda que a Fentect está descumprindo a decisão, o sindicato receberá multa diária de R$ 50 mil.

GREVE DE CARTEIROS

Dos 10.891 funcionários em greve, 9.760 são carteiros (89% do total), segundo levantamento feito pelos Correios no sistema eletrônico de ponto da empresa a pedido da Folha. Apenas 700 são operadores de triagem e transbordo (6%), 255 são atendentes comerciais (2%) e 176 pertencem a outros cargos (2%).

Nenhum auxiliar administrativo (2.955 funcionários) e nenhum assistente administrativo (1.378) aderiu à paralisação.

Os 9.760 carteiros em greve representam 17% de toda a categoria (são 57.196 carteiros trabalhando para os Correios, segundo a instituição). A adesão dos operadores de triagem e transbordo é de 5% (700 de 14.157), a de atendentes comerciais é de 1% (255 de 25.536) e a de funcionários de outros cargos, também (176 de 19 mil).

Fonte: Folha de São Paulo/Cidade News Itaú

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