domingo, julho 15, 2012

“Parece que foi hoje”, diz mãe, um ano após acidente da Noar


Marcos Garcia
Dona Liceuda segura retrato da filha

Tristeza e revolta se misturam à saudade dos parentes de Antônia Fernanda Jalles, a única mossoroense entre as 16 pessoas que morreram no acidente com o avião modelo LET-410 da Nordeste Avião Regional Linhas Aéreas (NOAR), que completou um ano na última sexta-feira, 13.
“Ninguém foi punido. A Justiça foi muito falha. Foi como se não tivesse acontecido nada. Morreu e acabou. Ficou por isso mesmo,” disse a mãe de Fernanda, dona Maria Liceuda, de 67 anos, que, vez por outra, segura o choro para falar da filha.
A professora-doutora nasceu em Mossoró, mas morava em Natal, com o marido e três filhos: Vitor Jalles, 26 anos, dentista, filho do primeiro casamento; Rodrigo Jalles Veras, 14, e Ana Laura Jalles Veras, 12.
Fernanda ajuda dona Liceuda a se recuperar da perda do marido, que havia morrido menos de dois meses antes do acidente. Antes de viajar a Recife (PE), a professora levou a mãe à praia de Tibau para passarem um fim de semana juntas. “Parecia que ela estava se despedindo. Lá, a gente conversou muito, brincou muito”.
Fernanda, contudo, estranhamente brincava com o futuro. 
“Ela falou que o coveiro do pai disse que o corpo do meu marido estava muito mole e que aquilo era ele chamando uma pessoa da família. Aí ela falou: ‘Mamãe, será que sou eu?’ Eu disse: ‘Mulher, deixe de conversar besteira’.”, relembra.
Apesar da forma trágica da perda, a senhora e os familiares dizem que, quando se lembram de Fernanda, a primeira coisa que vem à mente é a alegria que ela tinha de viver.
“À minha mente vem sempre um sorriso, de uma pessoa sempre de bem com a via”, declarou o irmão, Geraldo Jalles Dantas Junior. 
Uma missa de um ano foi organizada para ocorrer neste sábado, na Igreja São João Batista, no bairro Doze Anos (zona sul), às 17h.

Aeronáutica marca reunião
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) marcou uma reunião com as famílias para a quarta-feira, 18, na qual se espera o laudo final sobre o que provocou o acidente. A Polícia Federal é quem investiga o caso, sobre o qual não deu detalhes.
Auditorias realizadas pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) na Noar Linhas Aéreas resultaram em nada menos que 148 autos de infração - sendo 62 contra a própria empresa, 85 para comandantes e um para o diretor de manutenção da companhia aérea.
A Noar e os funcionários recorreram administrativamente e não descartam procurar a Justiça, se o caso exigir.

Indenização e memorial
A Associação de Famílias e Amigos das Vítimas do Acidente da Noar Linhas Áreas (AFAV NOAR) divulgou à imprensa que todas as famílias receberam o seguro Responsabilidades do Explorador ou Transportador Aéreo (R.E.T.A.), benefício obrigatório de responsabilidade do proprietário da aeronave para cobrir danos materiais e corporais. 
A associação está também lutando para a construção de um memorial em homenagem às vítimas do acidente. O projeto foi encaminhado para a Prefeitura de Recife para análise. A verba vem do plano de emergência da Noar.

Fonte: Defato/Cidade News Itaú

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