sexta-feira, março 23, 2012

RN abastecia cartel de drogas paraibano

Imagem Ilustrativa
 
Uma parte da droga que abastecia um gigantesco cartel de drogas no Estado da Paraíba era fornecida por traficantes do Rio Grande do Norte. Os norte-rio-grandenses eram acionados sempre que a droga enviada do Sudeste acabava ou não chegava a tempo para abastecer o esquema. O tráfico no Estado vizinho era comandado a partir de duas unidades prisionais paraibanas, tendo o RN e o Pernambuco como ramificações. No Seridó, dois foram presos ontem quando levavam drogas do RN para a Paraíba.
O esquema foi desarticulado com uma megaoperação que utilizou aproximadamente 250 policiais civis e militares. A operação, chamada de "Hidra", resultou na prisão de 23 pessoas, contando com a dupla que foi presa ontem em Jardim de Piranhas, cidade situada na região Seridó, distante 176km de Mossoró. Ariano Queiroz de Araújo, 22 anos, e Edson Marques de Araújo, 28, estavam levando aproximadamente cinco quilos de maconha em uma motocicleta. Eles foram presos por militares de Jardim do Seridó, em uma abordagem ocasional. Além da droga, tinham aproximadamente R$ 4 mil. 
De acordo com o delegado regional de Patos (PB), Cristiano Jaques de Lima Araújo, a função dos bandidos norte-rio-grandenses era enviar drogas para o cartel paraibano. "O RN era como se fosse uma espécie de socorro para a quadrilha (na Paraíba). Quando acabava a droga de São Paulo, eles faziam pedido ao Rio Grande do Norte", explica o delegado, ressaltando que, nesta primeira fase da investigação, os fornecedores ainda não tinham sido identificados. Entre os 23 presos na operação, não há nenhum potiguar. Cristiano Jaques, no entanto, não descarta a possibilidade de haver prisões em solo potiguar.
"A investigação está em curso. Não acabou com as prisões. Por enquanto não posso falar sobre novas prisões, mas é provável que aconteça", ressalta o delegado regional de Patos, que após oito meses de investigação conseguiu prender sete servidores públicos, entre agentes penitenciários e diretores dos presídios Romero Nóbrega, em Patos, e Aníbal Bruno, em Recife (PE). A quadrilha se intitulava como "Cordão" e conseguia comandar o tráfico, mesmo presa, com a conivência dos servidores. Em alguns casos, os presos eram ajudados a sair da prisão para cometerem até assassinatos.
Segundo Cristiano Jaques, existem provas suficientes que comprovam o envolvimento dos servidores. Durante a investigação, servidores foram flagrados nas ruas de Patos com presos do regime fechado (que não dá direito a essa saída). O mais grave é que eles utilizavam carros da Secretaria de Estado da Administração Penitenciária (SEAP). Em uma das gravações, o ex-diretor do presídio de Patos Dimitrius Mendonça aparece ao lado de dois apenados, visitando casas. Ele é acusado ainda de permitir a entrada de drogas, telefones celulares e mulheres na prisão, em troca de pagamento do crime.

Mais de 100 foram mortos nessa ‘guerra’
Em setembro de 2011, quatro pessoas foram presas em Antônio Martins e Caraúbas, no Oeste potiguar, sob suspeita de terem ligação com os assassinatos envolvendo uma rixa entre as famílias Oliveira, Veras e Suassuna, presentes em cidades do RN, Paraíba e Ceará. 
Os crimes vêm ocorrendo nesses três Estados há pelo menos seis décadas. Ao todo, foram presas cerca de 15 pessoas. Armas, drogas e outros objetos foram apreendidos. Só do RN, estiveram envolvidos cerca de 60 policiais, entre equipes de policiais civis da capital e membros do Batalhão de Operações Policiais Especiais.
Segundo o delegado regional de Patos, Cristiano Jacques, o RN era utilizado como ponto de apoio para os integrantes da quadrilha. As cidades do Oeste potiguar eram usadas como esconderijo e também como local para o planejamento das ações. Uma parte dos crimes cometidos na Paraíba, pelos três clãs, era arquitetada a partir das unidades prisionais do RN, ainda conforme as investigações de Cristiano Jacques.
As investigações mostram que quase 100 pessoas foram assassinadas em cidades paraibanas durante os últimos 60 anos, fruto da rixa entre as famílias Oliveira, Veras e Suassuna, que também estão presentes no Rio Grande do Norte, assim como na PB e Ceará.

Agentes ‘autorizaram’ presos matar e queimar bandido
Entre os crimes que são atribuídos à quadrilha "Cordão" está a morte de Marcelo Torres de Mesquita, que era conhecido como Marcelo Oliveira. Ele foi preso em Natal, acusado de fazer parte de uma das quadrilhas responsáveis por centenas de mortes ocorridas no Rio Grande do Norte, Ceará e Paraíba, fruto de uma briga de famílias. O crime teria acontecido com a conivência de agentes penitenciários da Paraíba, onde Marcelo foi transferido após a prisão.
Marcelo foi preso em Natal no dia 4 de outubro do ano passado, durante a continuidade de uma megaoperação realizada por policiais do Rio Grande do Norte e da Paraíba denominada "Laços de Sangue". Só na primeira fase, 15 foram presos, dos quais quatro deles no RN.
A operação foi deflagrada em setembro de 2011. A investigação continuou e outras pessoas foram presas depois. Esse foi o caso de Marcelo Torres. Do RN, ele foi transferido para o presídio Romero Nóbrega, em Patos (PB). No dia 7 de outubro, Marcelo foi morto e carbonizado dentro da prisão. Ele havia sido transferido uma noite antes de ser assassinado.
A princípio, foi cogitado pelas autoridades paraibanas que Marcelo teria provocado o incêndio, cometendo suicídio, mas depois foi provado que ele foi morto por outros presos. Ele foi espancado até a morte e depois carbonizado, com o consentimento dos agentes que faziam parte do esquema de corrupção na prisão.

Fonte: Defato

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