terça-feira, março 19, 2024

Fraude dos cartões de vacina e tentativa de golpe de Estado estão 'ligados umbilicalmente', diz advogado de Cid


A Polícia Federal (PF) indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelos crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema de informações no caso que apura a falsificação de certificados de vacinas de Covid-19. Além de Bolsonaro, outras 16 pessoas também foram indiciadas, como o tenente-coronel Mauro Cid e o deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ).


Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro disse à PF que emitiu os certificados falsos de vacinação contra a Covid em nome de Bolsonaro (PL), em 2022, e da filha de 12 anos do ex-presidente. Segundo o depoimento, que compõe a delação premiada de Mauro Cid, a ordem para emitir esses documentos falsos partiu do próprio Bolsonaro.



Cid e Reis também foram indiciados pelos dois crimes de inserção e falsificação. Além disso, o tenente-coronel foi indiciado por uso indevido de documento falso. O indiciamento ocorre quando o delegado avalia que há elementos e indícios suficientes para dizer ao Ministério Público que aquele investigado é o provável autor de um crime.


Para Cezar Bitencourt, advogado do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, a fraude nos cartões de vacinação e a tentativa de golpe de Estado para manter o ex-presidente no poder estão conectados.


"Pelo que conheço dos autos, estão conectados umbilicalmente. Uma coisa ligada na outra. É a a visão da PF e do [ministro Alexandre de] Moraes", disse em entrevista ao Estúdio I, da GloboNews.

Cid fez acordo de delação premiada à PF, que foi homologada no Supremo Tribunal Federal (STF). Os termos do acordo ainda são mantidos em sigilo. Por isso, é comum que seja chamado para prestar novos esclarecimentos conforme o avanço das investigações.


O ex-ajudante de ordens prestou um novo depoimento na PF no dia 11 de março. Os investigadores esperavam que o depoimento de Cid esclarecesse ou reforçasse pontos das declarações do ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes.


Bolsonaro e outros envolvidos tentam atribuir a Cid a iniciativa de ter falsificado os cartões de vacinação, afirmando que ele tomou iniciativa. Bittencourt não acredita nessa versão, já que o ex-ajudante é um militar experiente.


"Cid segue as regras porque é militar. Ele não fez nada escondido de Bolsonaro. Ele não faria algo fora do que foi atribuído a ele", afirmou.


"Comandante é quem comanda e o assessor assessora. Ele faz uma etapa complementar, auxiliando o comandante. E o Cid é experiente nisso pois foi assessor do exército. Então, tomar iniciativa de praticar determinados fatos alheios à função que ele estava exercendo, acho muito difícil, muito complicado ele ter a iniciativa de algo".



Insatisfação com indiciamento



O advogado de Cid disse que está insatisfeito com o indiciamento de Mauro Cid no caso da fraude dos cartões de vacina.


"Não foi o que a gente combinou, não faz parte com o acordo. É ilegal e abusivo."

Ele acredita que pode ter sido um equívoco do delegado e ainda daria tempo para uma correção. Para ele, não se pode indiciar Cid e a família pois quebra o acordo feito com a PF.


Indiciados

Foram indiciadas as seguintes pessoas:


Jair Messias Bolsonaro, ex-presidente da República;

Mauro Barbosa Cid, coronel do Exército e ex-ajudante de ordens da Presidência da República;

Gabriela Santiago Cid, esposa da Mauro Cid;

Gutemberg Reis de Oliveira, deputado federal (MDB-RJ);

Luis Marcos dos Reis, sargento do Exército que integrava a equipe de Mauro Cid;

Farley Vinicius Alcântara, médico que teria emitido cartão falso de vacina para a família de Cid;

Eduardo Crespo Alves, militar;

Paulo Sérgio da Costa Ferreira

Ailton Gonçalves Barros, ex-major do Exército;

Marcelo Fernandes Holanda;

Camila Paulino Alves Soares, enfermeira da prefeitura de Duque de Caxias;

João Carlos de Sousa Brecha, então secretário de Governo de Duque de Caxias;

Marcelo Costa Câmara, assessor especial de Bolsonaro;

Max Guilherme Machado de Moura, assessor e segurança de Bolsonaro;

Sergio Rocha Cordeiro, assessor e segurança de Bolsonaro;

Cláudia Helena Acosta Rodrigues da Silva, servidora de Duque de Caxias;

Célia Serrano da Silva.


Fonte: Blog da Andréia Sadi

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