quarta-feira, março 29, 2023

Potiguar arrecada dinheiro para repor veículo incendiado

Um sonho de 20 anos destruído em poucos minutos. O potiguar José Bernardo da Silva, 61 anos, viu sua ferramenta de trabalho ruir com as ações dos ataques que aterrorizaram o RNnas últimas duas semanas. Seu micro-ônibus, adquirido em 2014, foi queimado em Parnamirim, deixando o motorista sem sua linha para transportar passageiros. O episódio triste na vida do potiguar  se juntou a situação da perda da esposa, em novembro passado, que morreu em decorrência de um câncer. Para adquirir um novo veículo e seguir com sua vida, o  motorista está fazendo uma campanha para arrecadar fundos para voltar a trabalhar.



Adriano Abreu
Família chegou a guardar micro-ônibus em uma granja. Bandidos queimaram veículo no dia 15


De acordo com José Bernardo,  ao saber dos ataques que estavam ocorrendo no RN, o veículo chegou a ser guardado num galpão de uma granja de um amigo em Parnamirim, evitando deixar o carro na rua para não ser alvo dos criminosos. Mesmo assim, não adiantou: o veículo foi incendiado justamente nos primeiros dias dos ataques, dia 15 de março. O potiguar já está sendo representado pelo advogado Cyrus Benavides, que acompanha a história nas redes sociais.


“Comprei esse carro “fiado”, fiquei ralando e paguei tudo. Ele era quitado. Era meu carro para trabalhar. Minha fonte de renda é essa, fiquei com as mãos amarradas. O intuito dessa campanha é conseguir arrecadar um valor para tentar comprar outro. Passa muita coisa na nossa cabeça, mas me vi desesperado na hora, com mais de 20 anos ficando para trás. Eu juntei o dinheiro tos esses anos. Foi desesperador”, lamenta.


Além de estar lidando com a perda da esposa, Maria das Graças, que o ajudava no cotidiano de manutenção do ônibus, a dor da perda do veículo foi ainda maior porque José Bernardo havia feito um empréstimo de R$ 24 mil para resolver problemas no motor e outros reparos, já que o veículo estava parado desde dezembro e havia retornado a funcionar no carnaval deste ano. O potiguar trabalha com transporte de passageiros desde 2000, tendo iniciado suas atividades com uma Kombi e adquirido seu microonibus em 2014. O veículo já era quitado.


“Perdi minha mãe em novembro do ano passado. Foram anos de luta com meu pai, nesse transporte. Meu pai trabalhava no carro dele, quando chegava em casa, ela ajudava a limpar, era cobradora, tudo para ajudar na renda em casa. Esperamos arrecadar o máximo de recursos possíveis para comprar um novo veículo. O que conseguirmos, será bem vindo”, comenta a filha, Irene Duarte, 31 anos, que organiza a campanha de arrecadação nas redes sociais.


Os interessados em ajudar José Bernardo com sua campanha de arrecadação podem procurar as informações nas redes sociais do filho no Instagram (@joilsonabensoado). 


Ação pedirá indenização na justiça


Uma ação movida por dois permissionários de Parnamirim que perderam seus veículos nos ataques de facções criminosas, incluindo o de José Bernardo,  pedirá indenizações ao Governo do Estado. A ação será movida pelo advogado Cyrus Benavides, que representará os motoristas. O jurista fez um vídeo nas redes sociais contando a história dos dois motoristas.


“São duas medidas de reconstrução da vida dessas duas pessoas: vamos entrar com uma ação de danos materiais, morais e lucros cessantes contra o Estado contra a omissão na questão da segurança. Os lucros cessantes são os dias que o carro vai ficar parado sem que ele possa colocar outro na linha para fazer o transporte dos passageiros. Esse primeiro passo levará, se for algo rápido, pelo menos uns oito anos, porque precisa-se ganhar a ação, que leva recursos, e depois o dinheiro que forem condenados a pagar, ainda entrará em precatório. Paralelo a isso, fiz um pequeno documentário mostrando a dor e o choro da perda dessas pessoas, porque ali não foi embora só o carro, foi a vida inteira, e que eles não têm como pagar contas básicas”, explica.


Em entrevista publicada pela TRIBUNA DO NORTE no último dia 26 de março, o advogado Diógenes da Cunha Lima já havia antecipado a possibilidade de as pessoas que foram prejudicadas com os ataques moverem ações judiciais.


Fonte: Tribuna do Norte

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