quarta-feira, março 01, 2023

Haddad diz não pressionar BC, mas afirma que órgão deve 'fazer sua parte' para equilíbrio da economia

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a criticar nesta quarta-feira (1º) o patamar da taxa de juros brasileira que, em 13,75% ao ano, representa a maior do mundo em termos reais (quando descontada a inflação estimada para os próximos doze meses).


O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante entrevista na sede da pasta em Brasília — Foto: Reprodução/TV Globo


Segundo ele, o alto nível da taxa de juros é o "principal problema econômico" do país atualmente. Apesar disso, afirmou que não está pressionado o Banco Central.


"O que eu fiz ontem não foi pressionar [o Banco Central], foi lembrar o que está escrito na ata [do Copom, documento que detalha as decisões sobre a taxa de juros]", disse em entrevista ao portal UOL.



Ele se referiu à entrevista concedida nesta segunda-feira, quando disse esperar que os juros sejam reduzidos.


Haddad voltou a dizer que, ao elevar os impostos sobre combustíveis, o governo federal está atuando para conter a inflação no médio e longo prazos.


"Eu, como ministro da Fazenda, tenho de tomar medidas compensatórias para equilibrar o jogo e permitir, e até contar, que o BC faça parte dele e comece a restabelecer o equilíbrio da política econômica com vistas a um crescimento sustentável", declarou Haddad.

Ele acrescentou que, se os juros vão cair, ou não, isso é um papel da "política monetária" – que é definida pelo Banco Central.


O Banco Central tem autonomia aprovada em lei, e o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, indicado por Jair Bolsonaro, tem mandado fixo até o fim de 2024.


Nas últimas semanas, integrantes do Partido dos Trabalhadores, e até mesmo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tem criticado o alto nível da taxa de juros brasileira. O receio é que juros elevados desacelerem demais a economia e afetem a geração de empregos.


Meta de inflação

O ministro Haddad afirmou também que uma eventual mudança das metas de inflação "não vai ser o que vai fazer o juro cair". Essa possibilidade entrou em discussão por conta de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.



"Levei ao presidente uma tabela [...] mostrando que os países tinham uma meta de inflação menor que a nossa, hoje é 3,25%, outros tinham meta de 3%, índia de 4%, tinham inflação maior que a nossa e uma taxa de juros menor que a nossa. A meta não vai ser o que vai fazer o juro cair, é a gente seguir o plano de 12 de janeiro [pacote fiscal]", declarou ele.


O presidente do BC tem alertado que um aumento da meta de inflação, neste momento, pode ter o efeito contrário ao desejado, ou seja, impulsionaria ainda mais a alta dos preços.


Em 2020, CMN definiu a meta para 2023: 3,25% - com intervalo de tolerância de 1,5 p.p. pra mais ou pra menos, então, será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%.

Em 2021, CMN definiu a meta para 2024: 3% - com intervalo de tolerância de 1,5 p.p. pra mais ou pra menos, então, será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 1,5% e 4,50%.

Petrobras

Haddad afirmou ainda que havia uma expectativa de corte nos preços dos combustíveis pela Petrobras em razão da queda dos preços internacionais do petróleo, seguindo a política de preços da estatal.



"Ficamos aguardando a Petrobras tomar a medida. A MP [que prorrogava impostos zerados sobre combustíveis] ia vencer [no fim de fevereiro]. O pedido que foi feito à Petrobras foi para divulgar os preços", disse.


Após o anúncio da empresa, o governo elevou a tributação sobre combustíveis.


Ele acrescentou, porém, que a decisão foi tomada dentro da política de preços da empresa estatal, sem "intervenção nenhuma" por parte do governo.


A atual política de preços da estatal estabelece que, se o preço do petróleo subir no mercado internacional, a alta deve ser repassada para os preços dos combustíveis nas refinarias da estatal no Brasil, ou vice-versa.

Fonte: g1

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