sábado, outubro 01, 2022

Maternidade Januário Cicco precisa de doações de leite materno

A Maternidade Januário Cicco, localizada em Petrópolis, Zona Leste de Natal, dispõe de apenas oito litros de leite materno para doação em estoque. A quantidade necessária para suprir todos os receptores é de 10 a 15 litros por dia. De acordo com levantamento da instituição, de janeiro a agosto de 2022, mais de 2.000 bebês receberam doação da maternidade em Natal. Além disso, mais de 1.393 litros de leite foram distribuídos, no mesmo período. A doação de leite materno é necessária para aumentar as chances de recuperação de bebês prematuros e de baixo peso que estão internados em UTIs neonatais. 


Ana Zélia Pristo “atendemos bebês de outras instituições”


Hoje, uma média de 35 a 45 mulheres doam mensalmente para o banco. Com isso, a instituição “produz” cerca de 250 litros de leite pasteurizado ao mês. A pasteurização garante a segurança alimentar para os bebês. A enfermeira explica que o leite materno é como um “sangue branco”, que não possui hemácias  e por isso não tem a coloração vermelha. Por isso,  carrega todo material genético e anticorpos da mãe. Esse processo assegura que o leite doado seja seguro para qualquer bebê.  


A enfermeira obstetra e coordenadora do banco de leite da maternidade, Ana Zélia Pristo, afirma que a necessidade de doações é constante. “Na maternidade a gente precisa constantemente porque a gente não atende só aqui. Atendemos, também a bebês que estão em outras instituições”, afirma. Como a maternidade é uma instituição pública, que oferece atendimento através do Sistema Único de Saúde (SUS), todo serviço disponível é gratuito para a população, incluindo os prestados para hospitais e clínicas privadas, por isso a alta demanda. 


O período da pandemia de covid-19 também dificultou a recepção de novas doações, tendo em vista que muitas mães adoeceram e ficaram impossibilitadas de doar ou de amamentar os próprios bebês. “Esse período que nós atravessamos, que graças a Deus está melhorando, de covid, foi muito difícil. As mães muitas vezes se agravavam, o bebê também. Então foi um momento de uma necessidade bem maior”, completa.


 Qualquer mãe que tenha sobra de leite  pode doar.  Basta ser saudável, não tomar medicamentos que interfiram na amamentação e se cadastrar como doadora na maternidade. Entretanto, é necessário seguir alguns passos para que a extração seja feita de maneira segura. A mãe precisa higienizar as mãos e os seios, em seguida deve ir para um lugar limpo para realizar a extração. O leite deve ser armazenado em um recipiente de vidro com tampa de plástico previamente higienizado e fervido por cerca de 15 minutos.   


Qualquer quantidade pode ser doada. Caso seja de interesse da doadora, o conteúdo pode ser congelado por até 10 dias e preenchido aos poucos, portanto, é necessário se atentar a data da primeira extração para que esta não ultrapasse o prazo final. A maternidade aconselha que o leite seja entregue congelado. “Quanto mais rápido você resfria, você garanta uma melhor qualidade dele”, afirma. Depois de entregue, o leite é analisado e pode ser ou não aceito. Passa por todos os controles, tanto químico,  quanto biológico e sensorial. “É uma secreção humana que pode ficar de péssima qualidade se não souber manipular”, completa. 


Para além da doação, o banco de leite funciona como o SOS Mamas. Um braço da instituição que atende mães que enfrentam dificuldade com a amamentação. “Qualquer banco de leite tem essa função. Não é só voltado para o produto, mas para a promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno”, finaliza Ana Zélia.  Caso a mãe prefira ir até a maternidade, a extração pode ser feita na própria instituição, seguindo todos os passos necessários para garantir a segurança do leite. A mesma mulher pode doar várias vezes.


A coordenadora diz, ainda, que  o ato de doar leite materno é louvável. Segundo ela, muitas mães não imaginam o poder que a amamentação tem.  “A mãe que compartilha seu leite tem o coração muto maravilhoso. Deve ser abençoada sempre”, declara. Por fim, ela afirma que o leite materno é um alimento fundamental para garantir o desenvolvimento do bebê. “Quando uma mãe está impossibilitada, outra mãe pode fazer isso. É um gesto louvável”, finaliza. 


Para aqueles que querem contribuir de alguma maneira, a maternidade precisa de recipientes de vidro com tampa de plástico para armazenamento do leite coletado. Para demais informações, ligue 9840 3342-5800 ou no Whatsapp (84) 99135-8217.


Importância

Uma das mães que entende a importância da doação de leite materno é Rita de Cássia, 24. Ela conta que percebe quando falta leite no banco da maternidade. “A gente percebe que falta leite materno no banco e acaba vindo, as vezes, fórmula para os bebês. A gente sabe que o que o bebê precisa é o leite materno”, conta. Seu bebê nasceu prematuro e precisou de doação durante os primeiros dias de vida. 


Ela conta, também, que após o nascimento de sua filha, não pôde amamentar, por isso as doações foram fundamentais para o desenvolvimento do bebê. “Eu não pude, inicialmente, produzir esse leite para ela, que meu corpo não tinha a capacidade de produzir. Então foi extremamente importante que outras mães tivessem feito a doação para que 


minha filha pudesse receber”, lembra. Hoje ela já consegue amamentar, mas espera poder doar um dia. “Eu pretendo retribuir isso de alguma forma. Poder tirar meu leite para os filhos de outras mães”, finaliza. 


Fonte: Tribuna do Norte

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