terça-feira, setembro 27, 2022

Rússia emite novo aviso nuclear no último dia de referendos para anexar territórios da Ucrânia

Um aliado do presidente da Rússia, Vladimir Putin, emitiu um novo aviso nuclear à Ucrânia e ao Ocidente nesta terça-feira (27), enquanto os referendos anunciados pela Rússia como um prelúdio para anexar quatro regiões ucranianas entraram em seu quinto e último dia.


Dimitri Medvedev, ex-primeiro-ministro da Rússia, e Vladimir Putin, o presidente, em reunião governamental no dia 15 de janeiro de 2020 — Foto: Sputnik/Alexey Nikolsky/Kremlin/ via Reuters


O confronto da Rússia com o Ocidente aumentou a inflação global e aguçou as crises energéticas e alimentares em muitos países desde a invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro, que foi recebida por duras sanções ocidentais e medidas retaliatórias na Rússia.


O aviso nuclear de terça-feira por Dmitry Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, é um dos vários emitidos por Putin e seus associados nas últimas semanas.



Analistas dizem que eles foram projetados para deter a Ucrânia e o Ocidente, sugerindo uma prontidão para usar armas nucleares táticas para defender o território recém-anexado, onde as forças russas enfrentaram fortes contraofensivas ucranianas nas últimas semanas.


O aviso de Medvedev difere dos anteriores, pois ele previu pela primeira vez que a aliança militar da Otan não arriscaria uma guerra nuclear e não entraria diretamente na guerra da Ucrânia, mesmo que Moscou atacasse com armas nucleares.


"Acredito que a Otan não interferiria diretamente no conflito mesmo neste cenário", disse Medvedev em um post no Telegram. "Os demagogos do outro lado do oceano e da Europa não vão querer morrer em um apocalipse nuclear."


O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, respondeu que qualquer uso de armas nucleares pela Rússia é inaceitável e teria graves consequências.


"Qualquer uso de armas nucleares é absolutamente inaceitável, mudará totalmente a natureza do conflito, e a Rússia deve saber que uma guerra nuclear não pode ser vencida e nunca deve ser travada", disse Stoltenberg.


Referendos


A votação sobre adesão à Rússia de quatro regiões ucranianas parcialmente controladas por Moscou – Kherson, Luhansk, Donetsk e Zaporizhzhia – entrou em seu quinto e último dia. O Ocidente disse que não reconhecerá o resultado do que considera como referendos fraudulentos ilegais.


Autoridades do governo russo têm alertado repetidamente que podem usar armas nucleares para defender o novo território se as forças de Kiev, que já controlam parte dele, tentarem tomar o que Moscou diz que em breve considerará seu território soberano.


A Otan e os Estados Unidos não detalharam publicamente como responderiam a um ataque nuclear russo à Ucrânia, mas Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, disse à CBS no domingo (25) que Washington havia explicado a Moscou o que ele descreveu como "consequências catastróficas" para a Rússia.


O conselheiro presidencial ucraniano, Mykhailo Podolyak, afirmou em entrevista ao jornal suíço Blick que a Ucrânia está se preparando para a possibilidade de um ataque nuclear russo, mas disse que o ônus recai sobre os Estados que possuem armas nucleares.


"Para onde exatamente devemos enviar as pessoas no caso de um ataque nuclear russo contra a Ucrânia?", ele perguntou. "É por isso que o uso de armas nucleares é uma questão de segurança global. Isso não é mais apenas sobre a Ucrânia."


Podolyak disse na mesma entrevista que os ucranianos que ajudaram a Rússia a organizar os referendos de anexação enfrentariam acusações de traição e pelo menos cinco anos de prisão, acrescentando que os ucranianos que foram forçados a votar não seriam punidos


"Temos listas de nomes de pessoas que estiveram envolvidas de alguma forma", disse ele, .

Autoridades ucranianas relataram que urnas foram levadas de porta em porta e moradores sendo coagidos a votar na frente das tropas russas.


Nenhuma das províncias está totalmente sob o controle de Moscou e os combates estão em andamento ao longo de toda a linha de frente, com as forças ucranianas relatando mais avanços desde que encaminharam as tropas russas em uma quinta província, Kharkiv, no início deste mês.


O Ministério da Defesa britânico disse na terça-feira que Putin provavelmente anunciaria a adesão das regiões ocupadas à Federação Russa durante um discurso ao parlamento em 30 de setembro.


Contraofensiva ucraniana

O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy disse que a região de Donetsk, no leste, permaneceu como prioridade estratégica de seu país e da Rússia, com combates "particularmente severos" nesta terça-feira, engolindo várias cidades enquanto as tropas russas tentam avançar para o sul e oeste.


Um repórter da agência de notícias Reuters na cidade de Zaporizhzhia viu uma enorme cratera ao lado de um restaurante na Ilha Khortytsia e trabalhadores retirando linhas de energia das árvores. O dono do restaurante disse que ninguém se machucou no ataque da noite para o dia.


Também foram relatados confrontos na região de Kharkiv, no nordeste, foco de uma contraofensiva ucraniana.


Forças ucranianas tentam manter pontes e outras travessias fluviais fora de ação para interromper as linhas de abastecimento para as forças russas no sul.


A Força Aérea ucraniana disse na terça-feira que havia abatido três drones iranianos operados pela Rússia após um ataque à região de Mykolaiv.


Fonte: Reuters

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