terça-feira, setembro 13, 2022

Ipec frustra QG de Bolsonaro; Lula busca indecisos que rejeitam 'porradaria'

O novo Ipec, divulgado na noite de segunda-feira (12) e que mostrou estagnação de Jair Bolsonaro (PL) na campanha presidencial, frustrou o QG da reeleição.


O ex-presidente Lula e o presidente Jair Bolsonaro, que lideram pesquisas de intenções de voto à Presidência — Foto: Suamy Beydoun/Agif - Agência de Fotografia/Estadão Conteúdo e Gesival Nogueira/Ato Press/Estadão Conteúdo


De acordo com a pesquisa, Bolsonaro se manteve com 31% das intenções de voto - patamar similar ao obtido em 19 de agosto. Enquanto isso, Lula (PT) subiu de 44%, em 7 de setembro, para 46% agora.


Em reunião no mesmo dia da divulgação dos dados, antes da pesquisa, aliados de Bolsonaro alinharam dois focos para a campanha daqui para frente: atuar para diminuir a vantagem de Lula no 2º turno e abrir conversas com o MDB de olho nos votos de Simone Tebet num eventual segundo turno.



Há, inclusive, quem defenda internamente que é possível convencer o MDB a apoiar Bolsonaro no 2º turno, mesmo sem declaração de Tebet. O comitê de Lula avalia ser improvável o apoio do MDB a Bolsonaro.


Mas, para o QG bolsonarista, o melhor cenário seria Tebet não declarar apoio explícito ao presidente.


Em entrevista ao podcast O Assunto, do g1, Tebet afirmou que estará "em um palanque eleitoral defendendo a democracia" em um eventual 2º turno da disputa presidencial. Ao Congresso em Foco, em fevereiro, a candidata disse: "meu voto Bolsonaro não tem".


Uma ala do QG bolsonarista aposta ainda em outra carta: que parte dos eleitores de Lula não vão votar e que essa abstenção diminua a vantagem para Bolsonaro no 2º turno. Essa esperança, contudo, causou um racha interno: outra parte do grupo acha que não passa de tese sem lastro de realidade.


Há um clima de frustração não apenas por conta da pesquisa, mas por erros de Bolsonaro na avaliação da ala mais pragmática da campanha.



Por exemplo: ainda é considerado insuficiente a explicação de Bolsonaro sobre a compra de imóveis por seus familiares, revelada pelo UOL, além de tardia a declaração de que se "arrepende" por ter "aloprado" na pandemia quando disse que não era coveiro.


Na reta final, a campanha aguarda alguma imagem positiva com Bolsonaro na ONU e participação no velório da rainha Elizabeth. Mas, nos bastidores, a campanha admite que é preciso um fato novo para desequilibrar a disputa ainda no primeiro turno – e o governo está ficando sem recursos.


PT vê oscilação positiva como movimento de indecisos

Na avaliação da campanha de Lula, a variação positiva dentro da margem de erro pode ser um movimento de eleitores indecisos e que as medidas de Bolsonaro, com entrega de auxílios às vésperas da eleição, tiveram efeito esgotado.



Lembram, ainda, de frase dita pelo marqueteiro Duda Mendonça, que elegeu Lula em 2002, sobre estratégia de campanha: ele dizia que "quem bate perde" e, na visão de petistas ouvidos pelo blog, aliados de Bolsonaro "estão batendo muito, abaixando o nível" da disputa.


O QG petista considera que essa agressividade, capitaneada principalmente pelos filhos do presidente, "é boa para a torcida organizada" dos apoiadores de Bolsonaro, mas que o eleitor indeciso não quer “porradaria” e, sim, um motivo para votar no candidato.


"Se o indeciso gostasse de agressividade já estava com Bolsonaro", avalia um petista ouvido pelo blog.


Outro trunfo de Lula é o recente apoio recebido de Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente e candidata nas eleições presidenciais de 2014 e 2018. Após anos de separação e rusgas, ela entregou propostas e declarou apoio a Lula.


Para aliados do ex-presidente, Marina pode cativar um público mais jovem e ajudará a atrair ainda mais os indecisos e a classe média, além de dialogar com o segmento evangélico.


A costura pelo apoio de Marina a Lula foi capitaneada por Fernando Haddad e teve ajuda de Gilberto Carvalho, um dos assessores mais próximos de Lula.


Sobre evangélicos, o especialista e antropólogo Juliano Syper, criador do observatório evangélico, a pedido do blog, fez uma avaliação a respeito do voto do segmento. Para Syper, notícias contra Bolsonaro geralmente não chegam a evangélicos e, se chegam, são repelidas ou justificadas.


Mas o antropólogo avalia que há um "cansaço" entre evangélicos associados à politização das igrejas e à postura do presidente (vista como agressiva), levando esse segmento a "lavar as mãos" e a considerar o voto nulo. "A ideia de que 'nenhum candidato me representa'", diz. Ele lembra que o último Datafolha aponta que 21% dos evangélicos não querem nem Lula nem Bolsonaro.


Fonte: Blog da Andréia Sadi

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