quinta-feira, agosto 04, 2022

Mísseis de exercício militar da China caem em águas do Japão, diz imprensa do país

Em um incidente inédito, cinco dos 11 mísseis balísticos lançados nesta quinta-feira (4) pela China durante um exercício militar próximo a Taiwan atingiram o mar do Japão, afirmou a imprensa local 


A presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, então deputada, em visita surpresa à praça da Paz Celestial em 1991. Pelosi tem um longo histórico de oposição ao governo chinês. — Foto: Associated Press


De acordo com a agência de notícias japonesa Kyodo, os cinco mísseis caíram dentro da zona econômica exclusiva do Japão, região no mar que faz parte das águas do país e fica a cerca de 370 quilômetros da costa.

O teste realizado na manhã desta quinta foi o maior com munição real já feito próximo a Taiwan e é uma reposta à visita da presidente da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, à ilha, que Pequim considera parte de seu território.



A chegada de Nancy Pelosi, nesta terça-feira (2), enfureceu o governo chinês, que prometeu fortes retaliações aos Estados Unidos. Até agora, no entanto, foi a ilha asiática que pagou o preço maior e já começou a sofrer as consequências da visita com uma série de sanções anunciadas pela China (leia mais ao final desta reportagem).


O governo chinês se opõe a qualquer contato das principais autoridades de Taiwan com outras nações. Atualmente, somente 13 países e o Vaticano reconhecem a ilha como um Estado soberano. Os EUA têm uma política de "ambiguidade estratégica": mantêm relações com o território, mas não o reconhecem como território autônomo.


Protesto formal do Japão

Esta é a primeira vez que mísseis da China atingem o mar do Japão, segundo o ministro da Defesa japonês, Nobuo Kishi. Kishi disse que o governo japonês enviou um protesto formal à China pela via diplomática.


Até a última atualização desta reportagem, a China não havia se manifestado sobre a acusação do Japão.


O governo de Taiwan confirmou os exercícios, e disse ainda que navios da marinha chinesa e aeronaves militares chegaram a cruzar, por alguns instantes, a linha mediana do Estreito de Taiwan, marcação que separa os dois países.


Pequim argumentou que os exercícios militares, assim como outras manobras feitas nos últimos dias em torno de Taiwan, são respostas "justas e necessárias" e culpou os Estados Unidos e seus aliados pela escalada das tensões.


Retaliações de Pequim à visita

Na quarta-feira (3), Pequim suspendeu as importações de itens como frutas e produtos de pesca de Taiwan, além de paralisar as exportações de areia natural para a ilha. A alfândega chinesa ainda cancelou as importações de 35 exportadores taiwaneses de biscoitos e doces.


Pequim fez também um bloqueio aeronaval não oficial, como prévia dos exercícios desta quinta-feira.


As represálias, até agora, têm sido vistas mais como simbólicas que práticas, um recado de Pequim ao governo de Taiwan do que mais pode estar por vir. Especialistas avaliam que as pressões do governo chinês à ilha já iriam aumentar, independente da visita da presidente da Câmara norte-americana.


Pelosi em Taiwan


A visita de Pelosi a Taiwan, na terça, marcou a primeira vez em 25 anos que um alto cargo do tipo dos Estados Unidos visitou a ilha de 24 milhões de habitantes, que a China reivindica ser parte do seu território (veja vídeo acima). Por isso, Pequim disse que a viagem de Pelosi foi um "sinal severamente errado às forças separatistas a favor da independência de Taiwan" .


Na visita, que durou menos de 24 horas, Pelosi encontrou-se com a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, fez uma visita ao museu de Direitos Humanos de Taipei e visitou o Parlamento.


Embora Nancy Pelosi tenha falado em nome dos Estados Unidos, a visita da presidente da Câmara não foi unanimidade dentro do país. Em 21 de julho, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden - que é do mesmo partido de Pelosi e próximo a ela - afirmou que os militares avaliavam que a visita não era "uma boa ideia".

Ainda assim, a líder da Câmara, que tem um histórico de confronto com a China, insistiu na viagem. Há 30 anos, Pelosi apareceu de surpresa na Praça da Paz Celestial com cartazes em homenagem aos dissidentes do governo chinês mortos no protesto que marcou o local em 1989.


Fonte: g1

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