quarta-feira, junho 22, 2022

'Nunca tive conhecimento', diz ministro da Educação sobre irregularidades, após prisão de Milton Ribeiro

O ministro da Educação, Victor Godoy, comentou, nesta quarta-feira (22), a prisão do ex-ministro da pasta, Milton Ribeiro. Godoy foi secretário-executivo do MEC durante a gestão anterior, mas afirma que não presenciou condutas suspeitas.


Ministro da Educação, Victor Godoy — Foto: Reprodução


"Nunca tive conhecimento de qualquer tipo de postura do ex-ministro, na minha frente, que pudesse levar a desconfiança", afirmou. Segundo Godoy, "caso qualquer pessoa tenha praticado qualquer irregularidade e seja comprovada a sua culpa, isso tem que ser objeto de responsabilização".


Milton Ribeiro é investigado por participação em um suposto esquema de liberação de verbas da pasta, com lobby de pastores evangélicos. Ele foi alvo de operação da Polícia Federal nesta manhã. Ao todo, os agentes cumprem cinco mandados de prisão e 13 de busca e apreensão (veja detalhes abaixo).


Godoy afirmou que é servidor da Controladoria-Geral da União (CGU), e que sabe que irregularidades, como as que o ex-ministro é acusado de ter cometido, acontecem "de maneira velada". O ministro disse ainda que o governo "não compactua com qualquer tipo de irregularidade ou desvio".


O chefe da pasta disse ainda que o Ministério da Educação tem tomado todas as medidas necessárias e que colabora com as investigações da Polícia Federal. Nesta quarta, um mandado de busca foi cumprido na sede da pasta, em Brasília. No entanto, o ministro disse que não podia revelar o objeto da operação.


Investigação da PF


O ex-ministro Milton Ribeiro foi preso, na manhã desta quarta-feira, no prédio em que mora, em Santos (SP). Ele é investigado por corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência por suposto envolvimento em um esquema para liberação de verbas do MEC.


O advogado Daniel Bialski, que representa Milton Ribeiro, disse que não vê "motivo concreto" para a prisão do ex-ministro da Educação.


A TV Globo apurou que os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura também são alvos da operação deflagrada pela PF nesta quarta. Eles são investigados por atuar informalmente junto a prefeitos para a liberação de recursos do Ministério da Educação.


Questionado sobre a prisão do ex-ministro pela PF, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que Ribeiro é quem deve responder por eventuais irregularidades à frente do MEC.


"Ele responde pelos atos dele", afirmou Bolsonaro em entrevista à rádio Itatiaia. O presidente disse ainda que "se a PF prendeu, tem motivo."


No entanto, na época em que as denúncias foram feitas, Bolsonaro chegou a dizer, em um vídeo (assista acima), que botava "a cara no fogo" por Ribeiro e que as denúncias contra o ex-ministro eram "covardia".


Investigação


O inquérito contra Ribeiro foi aberto após o jornal "O Estado de S. Paulo" revelar, em março, a existência de um "gabinete paralelo" dentro do MEC controlado pelos pastores.


Dias depois, o jornal "Folha de S.Paulo" divulgou um áudio de uma reunião em que Ribeiro afirmou que, a pedido de Bolsonaro, repassava verbas para municípios indicados pelo pastor Gilmar Silva.


"Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar", disse o ministro no áudio.

"Porque a minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar", complementou Ribeiro.


Após a revelação do áudio, Ribeiro deixou o comando do Ministério da Educação. Em depoimento à PF no final de março, Ribeiro confirmou que recebeu o pastor Gilmar à pedido o presidente Jair Bolsonaro. No entanto, ele negou que tenha ocorrido qualquer tipo favorecimento.


Registros do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) apontam dezenas de acessos dos dois pastores a gabinetes do Palácio do Planalto.


Fonte: g1

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!