quinta-feira, abril 28, 2022

Seis oligarcas russos próximos ao Kremlin morreram em circunstâncias suspeitas, aponta jornal

Desde o início das tensões entre a Rússia e a Ucrânia, seis oligarcas russos próximos do presidente Vladimir Putin morreram em circunstâncias suspeitas: as mortes são atribuídas a suicídios, mas também podem ser assassinatos disfarçados, segundo observadores habituados aos métodos de vingança conhecidos do líder russo.


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Linha superior: Sergey Protosenya, Vladislav Avaev e Mikhail Watford; Linha inferior: Alexander Tyulyakov, Vasily Melnikov e Leonid Schulman — Foto: Reprodução/Redes Sociais/Montagem g1


Todos eram executivos de empresas como a gigante russa de energia Gazprom. A hipótese de suicídio pode ter relação com o medo da falência, por causa das sanções ocidentais. Mas eventuais assassinatos, motivados por traição ao presidente Putin, não podem ser descartados, de acordo com analistas.


Os dados foram compilados pela imprensa francesa, que considerou as semelhanças entre os casos muito grandes para não levantar suspeitas. O jornal "Le Figaro" destaca que os seis bilionários russos e suas famílias foram encontrados mortos em circunstâncias que as investigações policiais ainda não conseguiram esclarecer.


Em todos os casos, o modus operandi observado pelos investigadores sugere um suicídio ou um crime familiar. Porém, o perfil das vítimas e a sua proximidade com o Kremlin, combinados com a sucessão de mortes, semeiam dúvidas.


Sergey Protosenya, 55 anos, ex-diretor executivo da Novatek, a segunda maior empresa de gás da Rússia, foi encontrado morto em 20 de abril, enforcado no jardim de uma mansão em Lloret del Mar, na Espanha, ao lado dos cadáveres esfaqueados de sua esposa Natalya, 53, e da filha Maria, 16 anos. A polícia espanhola investiga a hipótese de um duplo homicídio perpetrado pelo oligarca, seguido de suicídio. Protosenya tinha uma fortuna avaliada em mais de 400 milhões de euros.

No dia anterior, em 19 de abril, o corpo de Vladislav Avaev, ex-vice-presidente do banco russo Gazprom e ex-oficial do Kremlin, e os de sua esposa e filha foram descobertos em um apartamento em Moscou. Os cadáveres estavam crivados de balas. Como uma arma foi encontrada ao lado do corpo de Vladislav e o apartamento estava trancado por dentro, a polícia prioriza a hipótese de suicídio.


Outros casos

No final de janeiro, quatro outros casos semelhantes chamaram a atenção.


Leonid Schulman, 60 anos, diretor da Gazprom, foi encontrado morto no banheiro de sua residência, em São Petersburgo. No local foi encontrada uma carta evocando a versão de suicídio.

Alexander Tyulyakov, 61 anos, vice-diretor da Gazprom, foi encontrado enforcado em um chalé também na região de São Petersburgo.

Mikhail Watford, 66 anos, um magnata do petróleo, foi encontrado enforcado na garagem de sua mansão, no subúrbio de Londres.

Vasily Melnikov, ex-funcionário da empresa de equipamentos médicos MedStom, encontrado morto em seu apartamento em Nizhny Novgorod, no distrito de Volga, juntamente com a esposa e dois filhos de 4 e 10 anos, completa a lista macabra.


Nenhum vestígio de luta ou de invasão de domicílio foi registrado. E nos casos de Alexander Tyulyakov e Leonid Shulman, cartas de despedida encontradas perto dos corpos são considerados como indícios que sustentam a tese dos suicídios.


Entretanto, o fato de essas mortes terem ocorrido no contexto do conflito russo-ucraniano, que levou à multiplicação das sanções econômicas da União Europeia contra os oligarcas russos, em particular o congelamento de seus bens, contribui para as suspeitas.


Essa onda de mortes levanta controvérsias perante a conjuntura ligada à invasão da Ucrânia, em que os bilionários russos são obrigados a reafirmarem ou não a sua lealdade a Vladimir Putin.


Recentemente, o presidente do time de futebol Chelsea, Roman Abramovich, também afirmou ter sido envenenado, após uma reunião na Ucrânia.


Embora as operações de eliminação patrocinadas pelos serviços de inteligência russos sejam mencionadas pelos parentes desses oligarcas, as mortes repentinas e em sequência podem continuar a fazer mais pessoas a falarem, apesar da repressão de Moscou.


Fonte: RFI

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