quinta-feira, março 17, 2022

Laboratório da Polícia Civil rastreou dinheiro do tráfico até alvos sem antecedentes criminais em megaoperação em 16 estados, diz delegado

O Laboratório de Combate à Lavagem de Dinheiro da Polícia Civil de Pernambuco foi um dos pontos principais para chegar aos alvos da megaoperação desencadeada nesta quinta-feira (17) em 16 estados, afirmou o chefe da corporação, delegado Nehemias Falcão. Segundo a polícia, a Justiça decretou o bloqueio de R$ 1,8 bilhão em ativos financeiros e bens.


Entre os 75 alvos dos mandados de prisão, há empresários e “pessoas comuns”, disse Falcão. No entanto, a polícia não divulgou quantas pessoas, ao todo, já foram presas, nem revelou a identidade delas.


Aeronave apreendida pela Polícia Civil durante cumprimento de mandado da Operação Smurfing — Foto: PCPE/Divulgação


“Estamos falando daquelas pessoas que são os destinatários finais dos recursos oriundos das drogas. São pessoas que se quer têm antecedentes criminais. São pessoas que se beneficiam por meio da lavagem do dinheiro”, declarou o delegado.


As investigações foram iniciadas em novembro de 2018 a partir de uma quadrilha de tráfico de drogas com atuação em Ipojuca. No entanto, foi uma operação de 2020 que deu subsídios para aprofundar a apuração. A polícia, no entanto, não divulgou que ação foi essa.


“Através de uma operação que foi realizada em 2020, nós passamos a fazer o caminho do dinheiro e chegamos àqueles que eram os destinatários finais desses valores que eram oriundos do tráfico aqui de Pernambuco”, detalhou.


O rastreamento dos beneficiários começou através de depósitos, por vezes em valores menores, de forma a tentar ludibriar os investigadores - técnica chamada de "smurfing", daí o nome da operação .


Pela análise do depósito, o laboratório conseguiu, por meio de instituições financeiras e informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), identificar o caminho e o destino final.


“Se faz um depósito no valor de R$ 5 mil. Mas quando se junta dez pessoas depositando R$ 5 mil, são R$ 50 mil. Mas quem é o beneficiário desses valores? Às vezes, em diversas regiões do país, nós temos o mesmo beneficiário, que se quer conhece aquelas pessoas que depositaram dinheiro naquela conta”, afirmou o delegado.


Armas e munições apreendidas durante cumprimento de mandados em Mato Grosso dentro da Operação Smurfing — Foto: PCPE/Divulgação


O dinheiro, originário do tráfico de todo tipo de drogas, era “legalizado” através de compras de imóveis, investimentos e outras ações, apontaram os investigadores.


“Essa pessoa que recebe esses valores passa a dar um caráter como se fosse lícito desses recursos que são ilícitos. Para isso, ela adquire bens, propriedade e até mesmo fazem investimentos”, disse Falcão.


Apreensões


Armas apreendidas durante a operação Smurfing, contra tráfico de drogas e lavagem de dinheiro — Foto: PCPE/Divulgação


O chefe da Polícia Civil no estado afirmou que essa foi a maior operação da corporação em toda sua história não só pelo número de mandados de prisão emitidos desde o começo - 104 ao todo -, mas também pelas apreensões já realizadas.


“São R$ 11,9 milhões em valores de veículos apreendidos. É R$ 1,8 bilhão de ativos financeiros bloqueados. Somente um dos alvos tinha R$ 8 milhões em sua conta, que hoje estão bloqueados. Esse alvo é residente na Bolívia”, declarou.


Também estão na lista de bens apreendidos um helicóptero, avaliado em R$ 5 milhões, e 51 propriedades, entre imóveis urbanos e rurais. Também foram apreendidas armas e munições. Em Mato Grosso, foi localizada uma pista clandestina de pouso, segundo a Polícia Civil.


Homem preso nessa quinta-feira (17) durante cumprimento da Operação Smurfing em Pernambuco — Foto: Reprodução/Polícia Civil


“A questão aí não é quem está traficando em Carpina, Olinda. Mas é quem está envolvido nessa rede de lavagem de dinheiro, quem tem envolvimento naquilo que aquelas pessoas se beneficiam com os valores oriundos do tráfico”, disse Falcão.


A partir da investigação em Ipojuca, os policiais acompanharam o caminho do dinheiro obtido através do tráfico, passando pelos operadores financeiros e empresas utilizadas por uma organização criminosa para lavagem de dinheiro.


Todos os mandados foram emitidos pela Vara Criminal de Ipojuca, no Grande Recife. Em Mato Grosso, foram 30 mandados de prisão cumpridos.


A Polícia Civil de Pernambuco apontou que, além das polícias estaduais, a operação é realizada em parceria com a Secretaria de Operações Integradas do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Outros detalhes devem ser divulgados em "momento oportuno", segundo a corporação.


Cidades para onde foram emitidos mandados:

Acre: Rio Branco


Alagoas: Rio Largo e Maceió


Amazonas: Manaus


Bahia: Juazeiro


Goiás: Trindade, Aparecida de Goiânia e Goiânia


Maranhão: São Luís e Estreito


Mato Grosso do Sul: Corumbá


Mato Grosso: Cuiabá, Várzea Grande, Campo Verde, Juína, Pontes e Lacerda e Comodoro


Minas Gerais: Santa Luzia


Paraná: Umuarama


Pernambuco: Recife, Petrolina, Cabo de Santo Agostinho, Olinda, Paulista, Limoeiro, Igarassu, Carpina, Abreu e Lima.


Piauí: Teresina


Rio Grande do Norte: Parnamirim e Natal


Rondônia: Porto Velho


Roraima: Boa Vista


São Paulo: São Paulo


Fonte: g1

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