quinta-feira, fevereiro 24, 2022

'Esperamos por qualquer declaração que condene as ações russas', diz diplomata dos EUA

O encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, o diplomata Douglas Koneff, afirmou nesta quinta-feira (23) que o país espera por “qualquer declaração” que condene os ataques feitos pela Rússia à Ucrânia. Segundo ele, a voz do Brasil “importa”.


O encarregado de negócios da Embaixada dos EUA no Brasil, Douglas Koneff — Foto: US Embassy Brasília


Durante conversa com jornalistas, Koneff foi questionado sobre a falta de um posicionamento enfático do presidente Jair Bolsonaro em relação ao ataque russo.


“Governos e indivíduos estão dando declarações a todo momento, e esperamos por qualquer declaração que condene as ações russas”, afirmou.


Segundo Koneff, como integrante do conselho das Nações Unidas, o Brasil é "um país importante".



“O Brasil é um país importante, tem um assento no conselho da Organização das Nações Unidas, então a voz do Brasil importa. O Brasil é parte das conversas que estamos tendo em Nova York e em outros lugares para tentar resolver esse conflito. Vou dizer de novo: qualquer declaração que condene a ação russa como uma violação à lei internacional são passos importantes para qualquer país”, afirmou.


O presidente Jair Bolsonaro cumpriu agenda em São Paulo nesta quinta-feira. Ele discursou por duas vezes, mas, em nenhuma, se manifestou sobre a invasão e os ataques à Ucrânia.


Há dez dias, Bolsonaro esteve na Rússia, onde se reuniu com Vladimir Putin, ressaltou as trocas comerciais entre os países e manifestou solidariedade ao presidente russo.


Questionado sobre o efeito da viagem de Bolsonaro à Rússia, o diplomata afirmou que o foco norte-americano nos últimos dias estava em dissuadir o ataque de Putin à Ucrânia.


“Fizemos isso de diversas maneiras, incluindo uma troca de informações sem precedentes sobre inteligência com nossos parceiros, com membros do conselho de segurança da ONU”, afirmou.


Ele evitou dizer se trocou essas informações previamente com o governo brasileiro. “Eu não posso falar sobre o conteúdo de conversas diplomáticas. Mas, o que se viu, e se viu na imprensa, foi a troca de informações de potenciais dados de uma invasão”, afirmou.


Indagado se as relações comerciais do Brasil com a Rússia poderiam interferir nas relações comerciais do país com os EUA, Koneff disse não ver ligação entre as duas coisas.


“Eu não vejo elo entre a relação econômica do Brasil com a Rússia e a econômica com os EUA. Mas acho que o nosso foco deveria ser sobre os impactos dessas sanções econômicas [à Rússia], que são um passo que ninguém queria tomar. Isso vai doer em todo mundo, vai impactar em dor no povo russo, e vai afetar outros países. Mas é necessário, já que estamos tentando forçar a Rússia a retirar as tropas e cessar as hostilidades. Se não fizermos agora, quando vai acontecer?”, afirmou.


Manifestação da embaixada

O diplomata também divulgou um posicionamento em nome da embaixada e dos consulados dos Estados Unidos. Leia a íntegra:


A violação pela Rússia da soberania da Ucrânia e de suas fronteiras internacionalmente reconhecidas é uma tentativa não provocada e injustificada de elevar os princípios básicos do direito internacional.


Devemos permanecer firmes e unidos contra tal ameaça, que viola não apenas a segurança europeia, mas a segurança das pessoas em todo o mundo. Devemos permanecer unidos para apoiar a Ucrânia, e o direito de todas as nações soberanas a escolherem seus próprios caminhos, livres da ameaça de coerção, subversão ou invasão.


O respeito pela integridade territorial de todas as nações está na raiz da ordem internacional. Os Estados Unidos continuam a acreditar que a diplomacia é o caminho para que as nações resolvam as diferenças. Juntamente com a comunidade internacional e as nações democráticas em todos os lugares, pedimos clara e firmemente a desescalada e um retorno à diplomacia.


Os Estados Unidos expressam suas condolências ao povo da Ucrânia, especialmente àqueles que perderam seus entes queridos durante o ataque.


Fonte: g1

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!