domingo, outubro 24, 2021

'Achei que ia me matar', diz mulher agredida por PM durante abordagem em Curitiba

Uma comerciante de 28 anos, que foi agredida em uma abordagem da Polícia Militar (PM), em Curitiba, na noite de sexta-feira (22), disse ter achado que fosse morrer. Stephany Rodrigues, que é dona de uma hamburgueria que foi fechada pelos policiais, teve ferimentos no braço, pescoço, nariz e boca.


"Eu achei que ele ia me matar, que eu ia morrer. Porque o que eu conseguia ver, não tinha ninguém por perto, eu só via coturno", afirmou a comerciante.

Um vídeo mostra um policial militar agredindo a mulher durante a abordagem. Nas imagens, é possível ver o momento em que o agente derruba a jovem, imobiliza-a no chão e acerta a boina do uniforme na cabeça dela. Veja o vídeo acima.


O celular usado pela mulher para filmar a ação dos policiais foi jogado no chão, mas outra pessoa continuou gravando quando a dona da lanchonete estava imobilizada.


Segundo a comerciante, ela foi até os policiais após os agentes tirarem a força um funcionário de dentro da própria casa, próxima ao estabelecimento. A PM afirmou que ele desacatou os policiais enquanto fumava narguilé.


A hamburgueria foi fechada por estar com a ocupação acima da capacidade permitida por decreto municipal. O local foi multado em R$ 30 mil pelo descumprimento da medida e por não oferecer álcool em gel.


'Achei que ia me matar', diz mulher agredida por PM durante abordagem em Curitiba; VÍDEO — Foto: RPC/Reprodução


Quando estava imobilizada, a mulher gritou por socorro e disse que estavam quebrando a mão dela. Ela foi atendida em uma unidade de saúde. Depois, assinou um Termo Circunstanciado por desacato e foi liberada.


"Foi uma abordagem muito agressiva, muito agressiva. desnecessária, completamente desnecessária. Eu já estava no chão, eles me machucaram muito, muito", disse.

À RPC, o militar responsável pela operação, capitão Ronaldo Goulart, afirmou que o policial teve um atitude "instintiva" ao acertar a boina na mulher pois ele estava "sendo ofendido, agredido fisicamente e na tentativa de ser mordido" e que a medida foi a forma "menos lesiva".


Ele disse ainda que a mulher deu um tapa no rosto de um policial após receber voz de prisão por desacato e que foi preciso uso de força, além de que os ferimentos dela foram causados por ela pois a mulher ficou se debatendo no chão.


"Uma pessoa totalmente desequilibrada, transtornada, reagindo, ela precisa que a força seja feita para conter. e a força é na medida do necessário. No caso, verifica-se que foi a força necessária para conter a ação", explicou.


O advogado da comerciante disse que vai entrar com uma representação contra os policiais na Corregedoria da PM. "Salta aos olhos, o abuso e o exagero dos policiais. Essa conduta agressiva jamais pode se justificar ainda mais contra uma mulher", afirmou Igor José Ogar.


A comerciante também disse que respeita a PM, mas apontou que quem participou da ação na sexta "estava muito despreparado".


O que dizem os citados e reações sobre o caso

A Polícia Militar disse que vai apurar as circunstâncias do fato, considerado isolado. A PM informou que o policial foi agredido e, por isso, precisou usar de força gradativa para conter a mulher.


Ainda segundo a PM, quem se sentiu ofendido pela ação policial deve procurar a corregedoria da corporação com informações para apuração do fato.


A Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp-PR) determinou às polícias que apurem o caso e disse que o prazo para a conclusão de procedimentos como este é de cerca de 30 dias.


Segundo a nota, a secretaria não compartilha com condutas que extrapolem os limites da lei e disse que vai acompanhar o andamento da apuração.



Por fim, a Sesp-PR disse que as ações policiais estão ocorrendo em atendimento aos pedidos da população que sofre com a perturbação do sossego e outros crimes na cidade.


Em nota, a Ordem dos Advogados do Brasil no Paraná (OAB-PR) afirmou que as imagens revelam exagerado e inaceitável uso da força policial contra a mulher.


Disse ainda que representará às autoridades da PM, bem como ao Ministério Público do Paraná (MP-PR), pelo imediato afastamento das funções dos policiais envolvidos, abertura de inquérito e adoção das sanções penais e administrativas cabíveis contra os responsáveis.


A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) informou que já cobrou o governo estadual sobre a agressão.


O Governo do Paraná afirmou que entende que excessos não podem ser tolerados e determinou à PM rigorosa investigação do caso.


Fonte: g1

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