quinta-feira, setembro 30, 2021

Desabastecimento leva a filas extensas e brigas em postos de gasolina do Reino Unido

Brigas e discussões têm ocorrido em postos de gasolina no Reino Unido nos últimos dias enquanto aumenta o clima de tensão por conta da crise no setor de transportes, que tem levado motoristas ao limite após passarem horas em filas para tentar abastecer (veja no vídeo acima).


Há gasolina disponível, afirmam as distribuidoras, o problema está no transporte até o postos. Com a escassez no número de caminhoneiros atuando no país, o setor tem encontrado dificuldades em entregar os combustíveis – além de outros produtos – dentro da Grã-Bretanha.


"Desculpe, 'não' temos mais combustível por hoje, sinto muito", diz cartaz em um posto de gasolina de Londres em 28 de setembro de 2021 — Foto: Frank Augstein/AP


O que anda acontecendo?

Os problemas com o abastecimento no país – que é uma ilha, o que dificulta ainda mais sua logística – não são de agora.



Nos últimos meses, muitas empresas do ramo alimentício já vinham relatando dificuldades para receber produtos básicos. Redes de fast-food (como o McDonalds, por exemplo) ficaram sem as famosas, e tradicionais, batatinhas fritas.


Na semana passada, no entanto, gigantes do petróleo como a BP e a ExxonMobil anunciaram o fechamento de postos de gasolina por encontrar dificuldades em levar o combustível para os clientes. Além disso, prateleiras de supermercados já começam a ficar vazias.


Os britânicos vêm encarando filas imensas naqueles postos de combustível que conseguiram renovar seus estoques. Mas em algumas regiões, entre 50% e 90% dos pontos de venda estão completamente sem gasolina.


Preocupadas, associações médicas, de enfermeiros e de cuidadores estão pedindo que profissionais da saúde tenham prioridade na hora de abastecer.



"Desculpe, fora de serviço", bomba de posto britânico é desativada por falta de combustíveis em foto de 28 de setembro de 2021 — Foto: Frank Augstein/AP


Há falta de combustíveis?

Segundo o governo britânico, não. A dificuldade de levar os combustíveis aos pontos de venda é que é o problema. O secretário de Transportes, Grant Shapps, chegou a dizer que a falta de gasolina era culpa dos motoristas que correram atrás do produto "pelo pânico da população".


"Não há falta de combustível e as pessoas devem ser sensatas e só abastecer quando precisam", disse Shapps em entrevista ao programa Andrew Marr, na emissora britânica BBC.


A Petrol Retailers Association (PRA), associação dos postos de gasolina do país, disse que não tem visto aumentar o suprimento de combustíveis em diversos pontos do Reino Unido, e afirmou que há ainda muita pressão de motoristas que tentam, sem sucesso abastecer.


E o Brexit nisso tudo?

Opositores do governo de Boris Johnson afirmam que este era um "caos anunciado". É que o problema tem a ver com o Brexit – a saída do Reino Unido da União Europeia. As longas jornadas e os baixos salários também já vinham afastando muitos motoristas da profissão.


A situação se agravou porque boa parte dos caminhoneiros que trabalhavam no país vêm do bloco europeu. Antes, eles circulavam à vontade. Agora, as novas burocracias na fronteira atrapalham e qualquer atraso custa dinheiro: Muitos motoristas são pagos pela distância percorrida, e não por hora.


Com as restrições da pandemia, muitos deles foram para casa e não voltaram. O setor de transportes vem operando com uma falta de mão de obra estimada em cerca de 100 mil motoristas, segundo cálculos mais recentes.


O governo conservador tenta, agora, recorrer a trabalhadores estrangeiros para contornar o problema. As autoridades vão oferecer 5 mil vistos para motoristas de outros países trabalharem temporariamente até o Natal.



Associações de transporte de países do Leste Europeu, grande fonte de mão-de-obra para o Reino Unido nos últimos anos, parecem não estar dispostas a ajudar e dizem que os britânicos precisam aprender a lidar com as consequências do Brexit.


Caminhão abastece posto em Manchester, Inglaterra, em 28 de setembro de 2021 — Foto: Jon Super/AP


Fonte: G1

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