quinta-feira, agosto 19, 2021

Dono da Precisa recusa juramento de dizer a verdade e opta por não responder sobre Covaxin



O dono da empresa Precisa Medicamentos, Francisco Maximiano, não quis prestar o juramento de dizer a verdade na CPI da Covid nesta quinta-feira (19) e também optou por não responder às perguntas feitas pelo relator, Renan Calheiros (MDB-AL), sobre o caso Covaxin.


Maximiano foi à CPI amparado por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que o permite ficar em silêncio diante de questões que possam incriminá-lo.


"Por favor, não entenda como uma afronta, mas vou exercer o direito ao silêncio", disse Maximiano ao relator, em uma das vezes em que foi questionado sobre as tratativas para a compra da vacina indiana.


A Precisa atuou como uma intermediária entre o laboratório indiano Bharat Biotech, fabricante da vacina Covaxin, e o Ministério da Saúde. A empresa nunca divulgou detalhes do contrato, incluindo o valor que arrecadaria como representante brasileira na negociação.


Diante de denúncias de irregularidades, o contrato foi suspenso, mas o governo brasileiro já havia separado R$ 1,6 bilhão para a compra de 20 milhões de doses.


O depoimento de Maximiano era um dos mais esperados pela CPI. A ida dele à comissão foi adiada quatro vezes. Em uma delas, ele estava cumprindo quarentena após voltar da Índia. Em outra, estava em viagem ao país asiático.



Suspeitas

A Covaxin foi a vacina mais cara negociada pelo governo. Os irmãos Luis Miranda (DEM-DF), deputado federal, e Luis Ricardo Miranda, servidor do Ministério da Saúde, levaram à CPI suspeitas de irregularidades no contrato.


Eles apontaram, por exemplo, que a invoice (nota fiscal internacional), de uma remessa da Covaxin previa o pagamento de US$ 45 milhões adiantados. Isso feria o contrato, que não estipulava nenhum tipo de pagamento adiantado.


Os irmãos também disseram que a invoice estava no nome de uma empresa que não aparecia no contrato e tem sede em Singapura, paraíso fiscal.


O deputado Luis Miranda, na CPI, disse que informou o presidente Jair Bolsonaro dessas suspeitas. E que Bolsonaro, ao ouvir o relato, citou o nome do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR).


Barros

Maximiano, ao ser questionado por Renan, disse que conhece Barros. Mas não quis responder se conhece ex-gestores do Ministério da Saúde, como, por exemplo, o ex-diretor de Logística Roberto Dias.


Nesse momento, Renan disse que representantes da Precisa se encontraram com Dias.


Renan ainda afirmou que a Precisa atuou no caso Covaxin como o policial militar Luiz Dominghetti atuou na negociação de supostas 400 milhões de doses da AstraZeneca. Sem provar que tinha essas doses, Dominghetti se reuniu com Dias e iniciou negociações.


“Só para enfatizar, representantes da sua empresa se encontraram com Roberto Ferreira Dias fora do gabinete do ministério, assim como ele fez com Luiz Paulo Dominghetti. É lamentável a circunstância em que chegamos. A Precisa, lamentavelmente, virou uma espécie de Dominghetti da Covaxin. Pelo menos o Dominghetti veio aqui e falou tudo à CPI”, disse Renan.


Fonte: G1

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