terça-feira, julho 13, 2021

Pedido da cúpula da PGR para que Aras apure falas de Bolsonaro cria saia-justa e aumenta crise interna

O pedido de integrantes da cúpula do Ministério Público Federal para que o procurador-geral da República, Augusto Aras, apure as declarações do presidente Jair Bolsonaro contra o sistema eletrônico de votação aprofundou a crise interna na instituição.


O procurador-geral da República, Augusto Aras — Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo


Procuradores ouvidos pelo blog avaliam que o pedido criou uma saia-justa para Aras por explicitar a falta de iniciativa do órgão sobre temas recentes do país. A omissão de Aras em vários episódios considerados graves tem recebido críticas internas.


Ao mesmo tempo, Aras teria demonstrado contrariedade com a iniciativa dos cinco integrantes do Conselho Superior do Ministério Público Federal que fizeram a representação.


Segundo o relato de um subprocurador que acompanha o caso, Aras teria externado insatisfação com a iniciativa, com o argumento que isso não poderia ter sido feito pelos integrantes do conselho. Procuradores foram alertados que o PGR estuda retaliar os autores da representação.


"Essa saia-justa só acontece pela falta de ação de Aras em temas importantes para o país", reforçou outro subprocurador.


Internamente, procuradores também não escondem mais o desconforto com Aras, que tem sido elogiado constantemente por integrantes do Palácio do Planalto.


A recondução para o cargo de procurador-geral da República é vista como certa por auxiliares próximos do presidente Jair Bolsonaro, que deve ignorar mais uma vez a lista tríplice elaborada pela categoria.


O pedido da cúpula

Na representação, os subprocuradores pedem que Aras avalie se as falas de Bolsonaro não configuram abuso de poder de autoridade e atentam contra a normalidade das eleições 2022. A representação afirma que o discurso tem "traços evidenciadores de grave e concreta ameaça ao principal instrumento de concretização de uma democracia".


Sem apresentar provas ou evidências, o presidente tem afirmado que há fraudes nas eleições e que, sem o voto impresso, não haverá eleição em 2022.


O Conselho Superior é órgão de cúpula da PGR e trata das questões administrativas. Assinam a representação os subprocuradores José Adonis, Mario Bonsaglia , Luiza Frischeisen, Nicolao Dino e José Elaeres Teixeira.


Fonte: Blog do Camarotti

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