terça-feira, outubro 27, 2020

Covid é a segunda maior causa de mortes no RN

 Sete meses depois da primeira morte confirmada por Covid-19 no Rio Grande do Norte, a pandemia do novo coronavírus vitimou 2.563 pessoas entre 79,9 mil infectados e tornou as doenças infecciosas a segunda maior causa de mortes no Estado. Segundo dados oficiais da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap/RN), apenas doenças cardíacas tiveram mais mortes registradas no período de janeiro a agosto deste ano (dados mais atualizados), com 3.420 vítimas.

Número de mortes diárias por covid-19 atingiu o pico entre os meses de maio e julho no Rio Grande do Norte. Nas últimas 24h, nenhum óbito pela doença foi registrado

A quantidade de vítimas por doenças infecciosas, nas quais a covid-19 está incluída ao lado de tuberculose, hepatite, malária e outros, aumentou praticamente cinco vezes de 2019 para 2020, saindo da sexta para a segunda maior causa mortis no Rio Grande do Norte. A covid-19 causou mais mortes do que neoplasias - em sua maioria tumores associados ao câncer -,  acidentes, doenças do aparelho digestivo e outras doenças do aparelho respiratório.
A primeira vítima de Covid-19 no Rio Grande do Norte foi o professor universitário Luiz di Souza. Souza faleceu na noite do dia 27 de março, em Mossoró, aos 61 anos, após passar sete dias internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital privado. Na época, Mossoró ainda não possuía leitos adequados ao atendimento para a infecção pelo novo coronavírus nos hospitais públicos. Nesta segunda-feira, 26, a cidade chegou a 232 mortos e tem uma taxa de transmissão da doença inferior a 1, situação mais confortável do que nos meses mais críticos (entre maio e julho).
Desde a morte do professor Luiz di Souza, a pandemia do novo coronavírus cresceu no Rio Grande do Norte e atingiu o pico entre junho e julho. Os leitos públicos das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) chegaram a entrar em colapso e pelo menos 338 pessoas morreram à espera da transferência para a UTI, segundo estatísticas do Regula RN. Entretanto, o número de novos casos e mortes passou a reduzir em agosto e estagnou em setembro. Nos últimos 7 dias, 10 mortes foram confirmadas.
“O cenário que vivemos hoje é mais tranquilo do que o observado em junho e julho. Hoje, temos a menor taxa de transmissão (índice que mede quantas pessoas são infectadas a partir de um doente) desde maio no Estado. Esse índice é maior em algumas cidades do interior, que geram a preocupação local. O desafio é manter os números em queda”, analisou o pesquisador do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN), Rodrigo Silva. O LAIS tem parceria com a Sesap para acompanhar a situação epidemiológica do coronavírus no Estado. 
Fatalidade
Apesar da redução de vítimas nos últimos dois meses, as estatísticas da Sesap evidenciam a fatalidade causada pela pandemia neste período. Entre 2015 e 2019, o número de vítimas de doenças infecciosas foi de 538 pessoas por ano, no período de janeiro a agosto. Este ano, com o surgimento da Covid-19, a quantidade de mortos por doenças infecciosas no mesmo período foi de 2.551, cinco vezes mais. Aproximadamente 82% das mortes causadas por doenças infecciosas no RN foram por Covid-19.
Apenas doenças cardíacas e circulatórias vitimaram mais pessoas que a Covid-19 este ano. Descritas pela Sesap como “doenças do aparelho circulatório”, essas comorbidades mantém a mesma média de vítimas de anos anteriores, com 3,4 mil vítimas, e está em primeiro nas causas de mortes mais comuns entre 2015 e 2020. Em 2019, foram 3,6 mil vítimas. No primeiro ano da série histórica, 2015, chegou a 3,3 mil.
As neoplasias (tumores em sua maioria associados ao câncer) foram a segunda causa de morte mais comum entre 2015 e 2019, com 2.024 vítimas. Este ano, 2.137 registros de óbitos possuem neoplasia como causa da morte, mas os números são inferiores aos de doenças infecciosas. Além dela, as doenças infecciosas se tornaram causa de morte mais comum que doenças do aparelho digestivo, respiratório (enfisema, pneumonia) e causas externas de mortalidade e morbidade (agressão, acidentes, envenenamento e outros).
O temor de pesquisadores e especialistas é que o novo coronavírus volte a acelerar o contágio e aumente o número de vítimas nos próximos meses. “Há uma tendência de queda, mas ainda é um cenário preocupante porque as pessoas estão perdendo o medo, deixando de seguir os protocolos de segurança”, alertou Rodrigo Silva, pesquisador do LAIS.
Fonte: Tribuna do Norte

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