quarta-feira, fevereiro 19, 2020

Sócio da Yacows diz que empresa fez disparos em massa para Bolsonaro, Haddad e Meirelles

O sócio-proprietário da Yacows, empresa de marketing digital citada no caso de disparos de mensagens em massa na campanha eleitoral de 2018, Lindolfo Antônio Alves Neto, afirmou nesta quarta-feira (19) que prestou serviços para as campanhas do presidente Jair Bolsonaro (na época no PSL, hoje sem partido), de Fernando Haddad (PT) e Henrique Meirelles (MDB).

Lindolfo Antônio Alves Neto (segundo da direita para a esquerda), sócio-proprietário da Yacows, durante depoimento à CPI das Fake News — Foto: Pedro Henrique Gomes/G1
Lindolfo Antônio Alves Neto (segundo da direita para a esquerda), sócio-proprietário da Yacows, durante depoimento à CPI das Fake News — Foto: Pedro Henrique Gomes/G1

A declaração foi feita durante depoimento à CPI das Fake News, que investiga a disseminação de informações falsas na internet.

Alves Neto afirmou que o pacote contratado pela campanha de Bolsonaro custou R$ 1.680 e permitia 20 mil disparos de mensagens, mas que elas foram enviadas para 900 destinatários. Ele não explicou porque foram disparadas menos mensagens que as contratadas.

Segundo Alves Neto, no caso de Haddad o serviço de disparo de mensagens não foi contratado pela campanha do petista mas por uma agência que ele disse crer que trabalhava para a campanha.

"Fernando Haddad é um caso específico, porque uma agência, que eu acredito que faça campanha para ele, já utilizava a plataforma e utilizou a nossa ferramenta. Logo, diretamente não foi feito [disparo em massa para a campanha], indiretamente sim", afirmou.

O empresário afirmou que a Yacows não faz campanha eleitoral e não trabalhou na construção do conteúdo a ser disparado. Segundo Alves Neto, tanto o conteúdo das mensagens quanto os destinatários que as receberiam foram disponibilizados pelas campanhas dos candidatos.


Sobre a campanha de Meirelles, Alves Neto afirmou que o contrato foi de R$ 2 milhões e que o pacote previa entre 10 e 15 milhões de disparos.

O G1 entrou em contrato com as assessorias de Meirelles e Haddad e com a assessoria de imprensa da Presidência e aguardava resposta até a última atualização deste texto.

Juramento
O sócio-proprietário da Yacows se recusou a jurar dizer a verdade. O entendimento de sua defesa foi o de que ele é também investigado pela CPI, o que não o obriga a dizer a verdade, dado que todo cidadão tem o direito de não produzir prova contra si mesmo.

O presidente da comissão, senador Angelo Coronel (PSD-BA), tentou demovê-lo da ideia afirmando que Alves Neto poderia permanecer calado sobre os assuntos que julgasse atentarem contra sua defesa, mas a posição foi mantida.

Um ex-funcionário da Yacows, Hans River do Nascimento, está sendo acusado de mentir durante o depoimento dado à CPI das Fake News.

River, que fez o juramento, afirmou, sem apresentar provas, que a jornalista Patrícia Campos Mello, do jornal "Folha de S. Paulo", "se insinuou" para ele a fim de obter informações para a reportagem que revelou o esquema de disparo em massa de mensagens por Whatsapp na campanha presidencial de 2018.

Na ocasião, a "Folha de S.Paulo" publicou mensagens trocadas entre a jornalista Patrícia Campos Mello e Hans River do Nascimento que desmentiram as afirmações dele feitas à comissão. Por isso, Hans River deve ser convocado novamente para depor.

Segundo integrantes da CPMI, ele não prestou os esclarecimentos que deveria sobre o caso.

A relatora da CPI, deputada Lídice da Mata (PSB-BA), apresentou representação para que Rivers seja investigado. Comissões Parlamentares de Inquérito têm poderes de investigação próprios das autoridades judiciais e podem tomar medidas legais em caso de quebra de juramento.

Fonte: G1

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