quarta-feira, outubro 16, 2019

Líder do PSL acusa Bolsonaro de pressionar deputados para destituí-lo e pôr o filho no lugar

O líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO), acusou nesta quarta-feira (16) o presidente da República, Jair Bolsonaro, de pressionar parlamentares para destituí-lo da liderança da bancada e colocar no lugar um dos filhos, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).

O líder do PSL na Câmara, deputado Delegado Waldir (GO) — Foto: Cleia Viana / Câmara dos Deputados
O líder do PSL na Câmara, deputado Delegado Waldir (GO) — Foto: Cleia Viana / Câmara dos Deputados

A crise interna do PSL se acentuou na semana passada depois que Jair Bolsonaro, filiado à legenda, deflagrou publicamente um conflito político com o presidente do partido, deputado Luciano Bivar (PE). Desde então, a ala do PSL que defende as posições de Bolsonaro tem protagonizado embates com o grupo aliado de Bivar, do qual Delegado Waldir faz parte.

“[Há uma] interferência direta do presidente da República, que quer a minha destituição da liderança do PSL”, afirmou Waldir, após uma reunião informal com parte da bancada.

Após a entrevista do deputado, o G1 consultou a assessoria do Palácio do Planalto, que informou que o presidente não comentará as declarações de Waldir. Antes da entrevista, durante encontro com jornalistas, o porta-voz do presidente da República, Otávio Rêgo Barros, foi questionado se Bolsonaro pretendia indicar o filho para a liderança do PSL na Câmara. "O presidente não comentará questões relativas ao PSL", respondeu o porta-voz.

Mais cedo, Bolsonaro disse que não deseja "tomar partido de ninguém" e defendeu "transparência" nas contas do PSL. Na noite desta quarta-feira, ao retornar à residência do Palácio da Alvorada após o expediente no Planalto, o presidente afirmou que "nunca" teve relação com Bivar e em seguida ressalvou que tinha feito uma "piada".


Na entrevista concedida na Câmara, o líder do PSL mencionou um áudio no qual, segundo Waldir, o presidente pressiona os deputados a removê-lo da liderança da bancada e eleger para o posto um dos filhos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), escolhido para o posto de embaixador do Brasil nos Estados Unidos, embora a indicação ainda não tenha sido feita.

"É um áudio muito claro em que o presidente fala das vantagens de ser líder e diz que quer o filho dele Eduardo aqui na liderança, que teria controle de cargos, de fundo partidário. Ele coloca outros itens de que quem assumir a liderança, os parlamentares que estiverem com ele, podem ter de vantagem", afirmou.

Waldir disse ainda que Bolsonaro estaria telefonando para vários parlamentares a fim de fazer o mesmo pedido.

"O presidente da República está ligando para cada parlamentar e cobrando o voto no filho do presidente [para a liderança]", afirmou.

De acordo com o líder, a suposta articulação para tirá-lo do comando da bancada ganhou fôlego depois da troca de um integrante da comissão que discute mudanças na Previdência para os militares.

Waldir afirmou que o Palácio do Planalto ficou incomodado por ele ter colocado um deputado favorável a estender as regras das Forças Armadas aos praças, proposta criticada pelo governo em razão do impacto financeiro.

"Vejo que está acontecendo uma grande preocupação do Planalto porque eu assumo uma posição extremamente independente, não me ajoelho ao Planalto", disse.

E acrescentou: "Essa independência do parlamento preocupa o Executivo, e a gente vê que neste momento existe uma quebra da Constituição. O presidente da República rasga a Constituição e passa a interferir no parlamento".

Votações
Apesar do embate com o presidente Bolsonaro, Waldir afirmou que a bancada do PSL na Câmara continuará votando a favor das pautas do governo.


A líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP), que também participou da reunião, disse ter receio de que a crise interna do partido, dono da segunda maior bancada na Câmara, com 53 deputados, provoque reflexos nas votações.

"O PSL tem se mostrado um partido muito responsável com as pautas que o Brasil quer. Mas é claro que me deixa insegura qualquer tipo de rusga com qualquer partido que tem uma grande bancada. Não estou falando de um partido que tem cinco, seis deputados. Estou falando de um partido que tem 53 deputados. Então, é claro que o PSL é extremamente fundamental. Cada voto do partido é fundamental", disse.

Fonte: G1

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