terça-feira, maio 15, 2018

Piloto suspeito de envolvimento na emboscada que matou chefes do tráfico é preso em Caldas Novas, GO

A Polícia Civil de Goiás prendeu nesta segunda-feira (14) o piloto Felipe Ramos Morais, de 31 anos, suspeita do envolvimento na emboscada que levou à morte Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, Fabiano Alves de Souza, o Paca, considerados dois chefes de uma das maiores quadrilhas de tráfico de drogas do país. Os crimes aconteceram em fevereiro, no Ceará.

O homem foi localizado em um condomínio de luxo em Caldas Novas. A corporação contou que, na verdade procurava um piloto de Anápolis que estava desaparecido e era suspeito de trazer drogas do Paraguai para Goiás. No entanto, Felipe foi encontrado no lugar dele, usando um documento falso.

Felipe Ramos Morais, de 31 anos, preso em Caldas Novas Goiás (Foto: Divulgação/Polícia Civil)
Felipe Ramos Morais, de 31 anos, preso em Caldas Novas Goiás (Foto: Divulgação/Polícia Civil)

À Polícia Civil, o preso teria dito que usava o documento falso por ter feito serviços para organizações criminosas e ter medo de ser encontrado por esses grupos. O homem tem um mandado de prisão em aberto no Ceará, no entanto, a corporação informou à TV Anhanguera que o processo corre em sigilo e não pode informar por qual crime ele é procurado.

Ainda segundo apurou a TV Anhanguera, o preso deve ser recambiado para o Ceará por causa do mandado de prisão em aberto e deve responder, em Goiás, pelo crime de uso de uso de documento falso.


Felipe mantém em Goiânia (GO) uma empresa de aluguel de aeronaves. São quatro helicópteros modelo Robinson 44 no nome da empresa dele, sem intermediários.

Duas das aeronaves da empresa, porém, não podem voar: uma era usada por Felipe quando ele foi preso transportando pasta base de cocaína em 2012, e a outra quando ele foi preso novamente suspeito do mesmo crime em 2015.

Helicóptero usado em ataque a Gegê do Mangue foi achado em área de mata de Fernandópolis, no interior de SP (Foto: Divulgação)
Helicóptero usado em ataque a Gegê do Mangue foi achado em área de mata de Fernandópolis, no interior de SP (Foto: Divulgação)

A emboscada
Felipe era piloto do helicóptero usado na operação em que os chefes do tráfico foram assassinados. Na época, ele informou, por meio de seu advogado, que foi contratado por Wagner Ferreira da Silva, conhecido como Cabelo Duro, também da cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC) e executado a tiros na frente de um hotel em São Paulo dias depois.

O piloto afirmou que deveria levar passageiros do Ceará para São Paulo, mas foi obrigado a pousar pouco depois da decolagem. Felipe negou ter simulado uma pane na aeronave e disse que viu as execuções na reserva indígena de Aquiraz, a 30 quilômetros de Fortaleza.

Bilhete encontrado na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau indica que Gegê do Mangue e Paca (nas fotos) foram mortos porque desviaram dinheiro da facção (Foto: Reprodução/Divulgação)
Bilhete encontrado na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau indica que Gegê do Mangue e Paca (nas fotos) foram mortos porque desviaram dinheiro da facção (Foto: Reprodução/Divulgação)

Gegê do Mangue era foragido da Justiça e apontado como o segundo chefe na hierarquia da facção criminosa de São Paulo, abaixo apenas de Marcola. Os corpos dele e de Paca foram encontrados com marcas de tiros. Nove câmeras de segurança captaram os detalhes da emboscada.

Investigação
Segundo a investigação, o helicóptero saiu de São Paulo com sete ocupantes, incluindo Cabelo Duro. Depois de ser usado em uma emboscada no Ceará, pousou em uma área de mata no Rio Grande do Norte, onde os assassinos tentaram destruir provas do duplo homicídio.

A principal suspeita para o crime é que os assassinos são integrantes da própria facção e teriam agido a mando de Marcola. A motivação seria vingança.

Em dezembro, um ex-chefe da quadrilha, Edílson Nogueira, conhecido por Birosca, foi assassinado dentro da cadeia. A ordem teria partido de Gegê do Mangue, sem a permissão de Marcola.

Um bilhete encontrado em um presídio no interior de São Paulo sugere que Gegê e Paca foram mortos pelo próprio PCC porque teriam desviado dinheiro da facção. A mensagem citava Cabelo Duro.

Imagens
Imagens exclusivas obtidas pelo Fantástico mostram os homens que executaram os dois traficantes se preparando para o crime. Os preparativos iniciaram dois dias antes, às 14h de 13 de fevereiro, quando o helicóptero utilizado na emboscada pousa em um heliponto no Eusébio, distante 25 quilômetros da capital cearense.


No mesmo dia, Fabiano Alves de Souza, o Paca, deixa um condomínio de luxo na Região Metropolitana de Fortaleza em um carro blindado avaliado em R$ 600 mil. No condomínio, ele era conhecido com o nome de Carlos. Ele tinha ido ao local visitar um amigo, conhecido como João. Na verdade, João era o nome usado, no condomínio, por Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue.

Outra câmera mostra Paca, bem à vontade, no prédio em que morava em Fortaleza. Os homens contratados para matar os dois já estão na cidade, hospedados em um hotel a cerca de 4,5 quilômetros do prédio de Paca. O grupo viajou de São Paulo para o Ceará.

Um dos apontados como executores é Wagner Ferreira da Silva, conhecido como Waguinho ou Cabelo Duro. Segundo a polícia, é ele quem organiza tudo. Da mochila, ele tira maços de dinheiro em notas de R$ 50 e paga a hospedagem de todos em dinheiro vivo.

Já passa de meia-noite quando eles sobem para os quartos. Na manhã seguinte, 15 de fevereiro, o grupo deixa o hotel antes das 9h. Em pouco tempo, o grupo chega de táxi ao hangar no Eusébio , onde mais dois homens se juntam ao grupo. Ao todo, são sete homens, incluindo o piloto.

Às 9h28, o helicóptero levanta voo. Segundo a polícia, o destino é a reserva indígena localizada em Aquiraz, na mesma região. A aeronave pousa em um descampado e seis pessoas desembarcam. Vinte minutos depois o helicóptero está de volta ao hangar. O piloto e Waguinho desembarcar e reabastecem a aeronave.

Decolam novamente às 10h14. Minutos depois, o helicóptero faz outro pouso, em um local diferente que a polícia ainda não conseguiu identificar. Lá, embarcam Gegê do Mangue e Paca, que não desconfiavam que havia um plano em andamento para matá-los. Gegê está tão tranquilo que faz uma foto da paisagem e manda para a mulher.


Eles fazem um voo e pousam na mesma área da reserva indígena. Todos descem e os cinco que já estavam esperando efetuam vários disparos contra Gegê do Mangue e Paca. Recolhem os corpos e deixam perto da mata mais densa. Depois todos retornam ao helicóptero e seguem viagem. Os corpos foram encontrados no dia seguinte, quinta-feira (16), por um índio da reserva.

Fonte: G1

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