quinta-feira, setembro 21, 2017

Sérgio Moro determina o bloqueio de R$ 1,5 milhão de Vaccarezza, investigado na Lava Jato

Vaccarezza foi preso pela Operação Lava Jato em agosto deste ano e solto dias depois (Foto: Giuliano Gomes/PR Press)O juiz federal Sérgio Moro – responsável pelos processos da Operação Lava Jato na primeira instância – determinou que o Banco Central do Brasil (Bacen) indisponibilize R$ 1.522.700 em bens ou valores de Cândido Vaccarezza, preso pela na 44ª fase da operação, em agosto desde ano.
Dias após o ex-líder do governo Lula e Dilma, ex-deputado federal e ex-petista ter sido detido, Sérgio Moro determinou a soltura dele mediante o pagamento de R$ 1.522.700 de fiança. Cândido Vaccarezza deveria pagar o valor em até dez dias depois de sair da cadeia.
Inclusive, para ter direito ao habeas corpus, o político assinou um termo de compromisso, garantindo que poderia depositar o dinheiro no prazo determinado pelo juiz federal. Ele saiu da prisão em 22 de agosto.
Entretanto, a defesa do ex-deputado pediu pela revogação da fiança, além da liberação de valores já bloqueados.
Ainda em agosto, Sérgio Moro havia determinado o bloqueio de até R$ 6 milhões das contas de Cândido Vaccarezza. Contudo, na época, o Bacen bloqueou R$ 9.887,23 e explicou que a ordem foi "cumprida parcialmente por insuficiência de saldo".
Após a solicitação da defesa do investigado, o Ministério Público Federal (MPF) manifestou-se de maneira contrária à revogação da fiança e pediu o bloqueio de ativos financeiros do político.
"Sobre o valor da fiança, pendente de depósito, antes de decidir sobre as consequências da falta até o momento da garantia, resolvo acolher o pedido do MPF do evento 175 e decretar o sequestro, até o montante de R$ 1.522.700,00, de eventuais aplicações financeiras mantidas pelo investigado e que não foram alcançadas pelo Bacenjud", ordenou Sérgio Moro no despacho assinado na quarta-feira (20).
Até as 12h25 desta quinta (21), o bloqueio não tinha sido efetuado.
O juiz também explicou, na decisão, ser "inviável devolver os R$ 122.000 apreendidos em espécie na residência do investigado". Sérgio Moro disse que, apesar de a defesa de Cândido Vaccarezza afirmar que a origem do valor é lícita, é necessária uma "prova cabal" para que o montante seja liberado.

Suspeitas contra Vaccarezza
Segundo o MPF, Cândido Vaccarezza é o principal beneficiário de US$ 500 mil em propinas decorrentes em troca de influência a favor da contratação de uma empresa pela Petrobras.
À época da deflagração da 44ª etapa da Lava Jato, a defesa do político afirmou que ele não intermediou negociação entre empresas e a Petrobras e que a prisão havia sido decretada com base em delações contraditórias.
Ainda não há denúncia do MPF relacionada à esta fase da operação.
Principais pontos das investigações
Ação apura o favorecimento de empresas estrangeiras em contratos com Petrobras.
A Operação Abate investiga fraudes no fornecimento de asfalto para a Petrobras por uma empresa norte-americana, entre 2010 e 2013.
Funcionários da Petrobras, o PT e, principalmente, Cândido Vaccarezza teriam recebido propinas que somam US$ 500 mil no esquema da Abate.
Ao menos 3% dos contratos com as empresas gregas, que superaram US$ 500 milhões, seriam propina para políticos, funcionários da estatal e operadores financeiros.
As investigações surgiram da delação do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Perfil de Vaccarezza
Cândido Elpídio de Souza Vaccarezza, 61 anos, foi duas vezes deputado estadual em São Paulo e outras duas deputado federal. Nos quatro mandatos era filiado ao PT. Em Brasília, foi líder do governo dos ex-presidente Lula e da ex-presidente Dilma Rousseff. Ganhou fama de articulador hábil e ecumênico, com trânsito nas bancadas de partidos que tradicionalmente fazem oposição ao PT.
Vaccarezza ganhou espaço nas articulações do PT em Brasília a partir do vácuo provocado derrocada do ex-ministro José Dirceu, com o escândalo do mensalão, em 2005.
Apesar da carreira política construída em São Paulo, Vaccarezza nasceu na Bahia, onde iniciou a militância política no movimento estudantil. Participou da União Nacional dos Estudantes (UNE) e concluiu o curso de medicina na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Atuou nos primórdios do PT em seu estado e migrou para São Paulo, na década de 1980, para fazer a residência médica. A partir dos anos 2000, conquistou seus mandatos eletivos.

Ex-secretário da Cultura Esportes e Lazer da cidade de Mauá (SP), chegou à Assembleia Legislativa como suplente. Em 2001, assumiu cadeira na Casa em razão de parlamentares petistas que ocuparam secretarias na gestão de Marta Suplicy na prefeitura de São Paulo. Em 2002, Vaccarezza ganhou a vaga de titular nas urnas. Em 2006 e 2010, elegeu-se deputado federal. Tentou um terceiro mandato em 2014, mas não conseguiu a nova reeleição.
O fracasso nas urnas acelerou o distanciamento de Vaccarezza do PT e ampliou as críticas dirigidas pelo político ao governo de Dilma Rousseff. Ele deixou o partido em 2016, após 35 anos de militância. Na oportunidade, anunciou apoio ao candidato do PRB à prefeitura de São Paulo, Celso Russomanno.
Disposto a reconquistar o mandato, Vaccarezza filiou-se ao PTdoB e assumiu o diretório estadual da legenda, que recentemente mudou de nome para Avante.

Fonte: G1

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