quarta-feira, agosto 16, 2017

Bruno Borges é ouvido por delegado e volta a afirmar que planejou sumiço, diz polícia

Delegado que investiga o caso, Alcino Júnior, fala sobre depoimento de Bruno Borges (Foto: Reprodução/Rede Globo)
O estudante de psicologia Bruno Borges, de 25 anos, que reapareceu no último dia 11 após sumir por quase 5 meses, foi ouvido pelo delegado que investiga o caso, Alcino Júnior, na tarde de terça-feira (15). Ele reafirmou à polícia que planejou o sumiço, desapareceu por livre e espontânea vontade e que não foi coagido por 'nenhuma força externa', segundo informou o delegado.

O inquérito sobre o desaparecimento já foi encerrado e ninguém mais deve ser ouvido. O delegado do caso foi procurado pela reportagem e não quis dar mais detalhes do depoimento, mas disse que vai manter o indiciamento dos dois amigos de Bruno, Márcio Gaiote e Marcelo Ferreira, por falso testemunho.
Bastante magro e descalço, Bruno Borges voltou para casa no dia 11. As câmeras de segurança do local registraram o momento em que ele aperta o interfone e espera na frente da casa por mais uma hora. Um vizinho aparece e liga para o pai de Bruno, que se emociona ao encontrar o filho.

Bruno voltou para casa no último dia 11 (Foto: Reprodução/Rede Globo)
Bruno voltou para casa no último dia 11 (Foto: Reprodução/Rede Globo)

'Rapaz humilde e inteligente'
A vizinha e mãe do amigo de infância de Bruno, Maria do Socorro Benício, de 53 anos, disse que visitou ele no domingo (13), dois dias depois dele reaparecer. Ela falou detalhes da infância de Bruno com o filho, Paulo Roberto, das visitas dele à casa da família e do estilo de vida simples do jovem.
A amizade dos garotos era alvo de crítica, segundo Maria, por causa da diferença social e também por que o filho nasceu com uma malformação congênita neurológica de Parizi. "Bruno sempre foi da minha casa, tinha gente que criticava ele por ser filho do dono da Pão de Queijo [restaurante da família] e andar com um rapaz deficiente”, contou.
Três dias antes de desaparecer, Bruno Borges esteve na casa de Maria do Socorro, sentou na calçada e conversou sobre o futuro. Ela relembra que o jovem falou que estava terminando os livros, queria ajudar ela e outras pessoas que precisassem de ajuda. Ela disse que ele comentou que iria esfriar a cabeça, mas não revelou que planejava sumir por tanto tempo. Esse foi o último encontro entre os amigos até o domingo.
“Sabia do projeto dele [livros], tem confiança. Três dias antes dele sumir, sentamos na calçada e conversamos muito. Disse que ainda ia me ajudar, que quando lançasse o livro ia ajudar todas as pessoas que precisam. Bruno não é doido. É um rapaz super fino, humilde, tem um coração imenso. É super inteligente, humano, parece que não existe. Minha identificação com ele é essa, de não ligar para os bens materiais. Disse que se sentia bem na minha casinha de madeira. É um filho para mim”, explicou.
Relembre a história
Antes de sair da casa onde mora em Rio Branco, Bruno Borges deixou 14 livros escritos à mão e criptografados, com alguns trechos copiados nas paredes, teto e no chão do quarto. Deixou ainda uma estátua do filósofo Giordano Bruno (1548-1600), por quem tem grande admiração, que custou R$ 10 mil.

Em maio deste ano, Marcelo Ferreira, de 22 anos, amigo do estudante, chegou a ser detido pela polícia pelo crime de falso testemunho. Na casa dele, a Polícia Civil encontrou dois contratos – um deles autenticado no dia do desaparecimento – que estabeleciam porcentagens de lucros com a venda dos livros. Ferreira teria ajudado Bruno no projeto.

Bruno Borges não disse onde ficou durante os quase cinco meses em que esteve desaparecido (Foto: Reprodução/Rede Globo)
Bruno Borges não disse onde ficou durante os quase cinco meses em que esteve desaparecido (Foto: Reprodução/Rede Globo)

Policiais também encontraram móveis do quarto do acreano na casa de outro amigo, Márcio Gaiote, que também teria participado na logística. Gaiote, que mora na Bahia, chegou a ser indiciado para depor na capital acreana, mas não compareceu, sendo indiciado indiretamente.
Em entrevista ao Bom Dia Amazônia exibida no dia 3 de julho, Ferreira contou que ajudou Bruno a montar o quarto e sabia do projeto, mas garantiu que não tinha conhecimento do desaparecimento, nem do local onde ele poderia estar vivendo.
Para a Polícia Civil, que investigou o caso, os contratos, e-mails e mensagens trocadas entre os amigos esclarecem a situação. O sumiço de Bruno foi parte de um plano para garantir a divulgação do trabalho deixado por ele, informou na época o delegado Alcino Souza Júnior.

Primeiro livro de Bruno foi lançado no dia 20 de junho (Foto: Reprodução/Rede Globo)
Primeiro livro de Bruno foi lançado no dia 20 de junho (Foto: Reprodução/Rede Globo)

Lançamento de livro
O primeiro dos 14 livros de Borges entrou para a lista “não ficção” dos mais vendidos da semana, entre 24 e 30 do mês passado. O ranking é do site PublishNews, construído a partir da soma das vendas de todas as livrarias pesquisadas. A segunda obra do jovem já tem data para lançamento, disse a editora ao G1.
O livro "TAC: Teoria da Absorção do Conhecimento" (Arte e Vida) tem 191 páginas nas quais o autor faz grande esforço para explicar sua criação.

Antes de desaparecer, Bruno deixou em seu quarto uma estátua do filósofo filósofo Giordano Bruno (1548-1600)  (Foto: Reprodução/Rede Globo)
Antes de desaparecer, Bruno deixou em seu quarto uma estátua do filósofo filósofo Giordano Bruno (1548-1600) (Foto: Reprodução/Rede Globo)

Fonte: G1

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