quarta-feira, agosto 16, 2017

Brinquedo que quebrou no Mutirama era operado por funcionário da limpeza

O brinquedo Twister, que se partiu no Parque Mutirama e deixou 13 feridos, era operado por um funcionário da limpeza, segundo o delegado responsável pelo caso, Izaias Pinheiro. O superintendente operacional do local também apresentou um termo de trabalho voluntário no qual o engenheiro mecânico José Alfredo Rosendo Coelho se compromete a fazer a manutenção do parque. Para o delegado, esses fatos mostram que o parque funcionava de maneira “amadora”.
O funcionário da limpeza, José Carlos dos Santos Amorim, prestou depoimento nesta quarta-feira (16) e informou que há dois meses acumulava a função de operador do brinquedo, mas que não recebeu nenhum treinamento.
“Ele disse que era muito simples, só apertar um botão, depois outro, mas tem vidas em jogo ali, ele teria que ter feito cursos, treinamento específico, mas ele era um auxiliar da limpeza que ajudava na operação”, disse o delegado.
O servidor contou que não desconfiou de nenhum problema no dia do acidente. “Estava normal o brinquedo. Não ouvi nada de estranho. Acredito que tenha sido uma fatalidade”, disse.
O superintendente do parque também prestou depoimento, apresentando um documento que mostra que havia um engenheiro prestando serviço de maneira voluntária no parque. Isso pode mudar algumas coisas da investigação.
“Até então, o engenheiro não seria responsabilizado pelo acidente. Ele, de livre e espontânea vontade veio e disse que era o responsável. Mas isso não exclui a responsabilidade das outras pessoas”, contou o delegado.
Para o delegado, essa série de fatores mostra que o parque não era um local seguro. “São varias vidas em jogos e era um amadorismo total. Não sabemos dizer se é só amadorismo, inexperiência, negligência ou tudo isso junto”, completou.
A polícia ainda deve ouvir novos depoimento e fazer uma acareação entre o engenheiro e o superintendente do parque. “Houve uma contra informação naquilo que o engenheiro disse quando prestou o depoimento. Ele disse que não estava no parque, mas o superintendente disse que ele estava lá na hora”, finalizou o delegado.

Acidente
O brinquedo caiu no dia 26 de julho enquanto estava em funcionamento. Uma das passageiras do brinquedo, a cabeleireira Alessandra Souza, filmou o passeio e registrou o exato momento em que o brinquedo caiu. Emocionada, ela relembrou o ocorrido e relatou o pânico que sentiu na ocasião, com medo de perder a filha, que estava sentada em outra cadeira do Twister (assista acima).
Em depoimento à Polícia Civil, Alessandra contou que estava fazendo a filmagem por diversão, quando se deu conta de que o brinquedo começou a apresentar defeito. Ainda conforme o relato, ela ouviu um tranco momentos antes do Twister cair.
No total, 13 pessoas ficaram feridas. Entre elas está Iraci Francisca da Conceição, que teve ferimentos graves na perna e continua internada no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) em estado estável, na enfermaria.
A menina Leona Gonçalves Sales, de 9 anos, que também ficou internada no Hugo, recebeu alta médica no último dia 4 de agosto. Após sair da unidade de saúde, a garota gravou um vídeo agradecendo apoio para a melhora dela.
Segundo o pai da criança, Frederico Alício de Sales, ela teve lesões no fígado e no rim, mas está se recuperando. "Ela está melhorando. Teve uma lesão abdominal e precisou ficar na Unidade de Terapia Intensiva. Agora, ela vai continuar se recuperando em casa", afirmou.

Peritos retiraram o eixo do Twister do Parque Mutirama para analisá-lo (Foto: Thais Luquese/ TV Anhanguera)
Peritos retiraram o eixo do Twister do Parque Mutirama para analisá-lo (Foto: Thais Luquese/ TV Anhanguera)

Análise do brinquedo
A Polícia Científica realizou perícia no Twister e analisa o eixo central do brinquedo, que teria se rompido durante o acidente. Conforme os peritos, a peça já apresentava fissuras antes mesmo da queda.
Segundo o diretor do Instituto de Criminalística, Rodrigo Medeiros, a estrutura que sustenta o brinquedo partiu ao meio. Metade das cadeiras bateu no chão, e o restante ficou suspenso.
“Se o eixo estivesse intacto, ele resistiria todo o peso do equipamento, sem dúvidas. E é isto que vai ser avaliado, como ele estava no momento em que houve o rompimento. É um diâmetro de cerca de 16 centímetros. A composição deste material também vai ser avaliada, para saber se ainda tinha resistência para continuar em funcionamento”, disse Medeiros.
O Ministério Público de Goiás (MP-GO) apura se o acidente com o Twister foi provocado por falta de manutenção. A promotora Leila Maria Oliveira esclareceu que depende de laudos periciais para determinar as responsabilidades pelo acidente. Ela destacou ainda que já existe um inquérito que tramita desde julho de 2016 sobre a segurança no local. Por isso, avalia, não será necessário abrir novo procedimento.
A empresa Astri Decorações Temáticas, que reformou o Twister por R$ 172 mil em 2012, relatou à TV Anhanguera que não fez a troca do eixo central do equipamento na época. Conforme laudo da companhia, no ano da obra, a peça da máquina era considerada apta para operar após testes.
O presidente da Agência Municipal de Turismo, Eventos e Lazer (Agetul), Alexandre Magalhães, responsável pelo Mutirama, afirmou que não vê motivos para indenizar as vítimas do acidente.

Fonte: G1

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