quarta-feira, maio 31, 2017

Polícia Civil descobre caixão sem corpo e investiga 4 por golpe do seguro de vida

Corpo não foi encontrado em caixão exumado nesta terça em São Carlos (Foto: Fabio Rodrigues/ G1)

Polícia Civil de São Carlos (SP) investiga o envolvimento de quatro pessoas em uma fraude de R$ 1 milhão de seguro de vida. Uma sepultura no nome de uma mulher de Matão (SP) que está viva foi aberta nesta terça-feira (30) pelos policiais, que encontraram no local o caixão com pedra e serragem no lugar do corpo.
Segundo a investigação, os suspeitos usaram os documentos dela e simularam sua morte para conseguir o dinheiro de 5 apólices de 4 seguradoras. O líder do esquema é um ex-agente funerário de 47 anos, que contou com a ajuda do genro, um corretor de seguros de 25 anos, e sua filha, uma dona de casa de 24 anos, que seria a beneficiária dos seguros.
Um médico que prestava serviços em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de São Carlos teria expedido a falsa declaração de óbito oficial. Ele é genro do ex-agente. Eles devem ser ouvidos pela polícia nos próximos dias. A defesa dele afirmou que não houve dano financeiro e que os envolvidos estão empenhados em esclarecer o caso. [Veja abaixo o posicionamento].

Esquema e sepultamento falso
Segundo a apuração da polícia, em junho do ano passado, o ex-agente funerário conheceu Cristiane da Silva, de 39 anos, que é de Matão e vivia em situação de rua. Ele prometeu ajudá-la e a levou até o Poupatempo para fazer RG e outros documentos.
Em outubro, o corretor de seguros adquiriu seis apólices de seguros de vida em nome de Cristiane. A beneficiária seria a dona de casa, filha do ex-agente funerário.
Em janeiro deste ano, o ex-agente teria convencido o médico a fornecer a falsa declaração de óbito de Cristiane, que apontava morte súbita como a causa da morte. O endereço do ex-agente foi colocado como sendo da residência da mulher declarada morta.
Com o atestado de óbito e documentação, o ex-agente funerário preparou um caixão, que foi lacrado, e fez o enterro no cemitério Nossa Senhora do Carmo. Ele ainda fez o pagamento dos custos do serviço e pagou pelo R$ 1.548,18 pelo túmulo.

Equipe policial acompanhando a exumação do túmulo em São Carlos (Foto: Fabio Rodrigues/G1)
Equipe policial acompanhando a exumação do túmulo em São Carlos (Foto: Fabio Rodrigues/G1)

Descoberta da fraude
Após denúncias, a Polícia Civil começou a investigar o caso. Os envolvidos souberam da apuração e desistiram de entrar com o pedido do pagamento do seguro. Os policiais localizaram a mulher que contou sobre o envolvimento com o ex-agente funerário.
A advogada de Cristiane, Sandra Nucci, disse que a cliente confiou nos envolvidos e entregou, de boa fé, os documentos, já que um deles teria dito que iria atualizar a documentação dela.
O caso foi enviado ao Ministério Público Estadual (MPE) e a Justiça autorizou a exumação do caixão nesta terça. O delegado Walkmar da Silva Negré deve ouvir o ex-agente funerário, sua filha, o genro e o médico nos próximos dias. Eles podem ser indiciados pelos crimes de estelionato, falsidade ideológica e associação criminosa.

O advogado de defesa dos envolvidos, João Carlos Cazzu, em São Carlos (Foto: Fabio Rodrigues/ G1)
O advogado de defesa dos envolvidos, João Carlos Cazzu, em São Carlos (Foto: Fabio Rodrigues/ G1)

Defesa dos envolvidos
O advogado de defesa dos envolvidos, João Carlos Cazzu, disse que não houve dano financeiro a nenhuma empresa.
"O que está sendo feito é uma diligência que vai acabar instruindo o inquérito policial. Eu não posso dar detalhes de mais nada porque o inquérito está na fase de investigação, ainda está numa fase probatória, muitas peças ainda vão precisar ser juntadas neste inquérito e o importante é que todos os envolvidos estão plenamente empenhados em esclarecer isso da melhor forma possível”, disse.
Seguradoras, funerária e médico
As quatro seguradoras ainda estão levantando a existência das apólices. O dono da funerária contou que estava viajando quando tudo aconteceu e que o funcionário envolvido pediu demissão pouco depois.
A Prefeitura de São Carlos disse que o médico que assinou o atestado de óbito não trabalha mais na UPA.

Fonte: G1

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