segunda-feira, setembro 19, 2016

Vigilante apontado como serial killer é condenado por morte de segurança

http://cidadenewsitau.blogspot.com.br/O vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha, de 28 anos, apontado como serial killer, foi condenado a 29 anos de prisão pela morte do segurança Aleandro Santos
Miranda, de 35 anos. O júri popular ocorreu nesta segunda-feira (19). Segundo a denúncia, a vítima, que trabalhava na mesma empresa que o réu, foi morta a facadas em novembro de 2011. A defesa disse que vai recorrer da sentença.
Durante o julgamento, realizado no 2º Tribunal do Júri, em Goiânia, o vigilante confessou o assassinato. “Eu assumo o crime”, disse, ressaltando que não conseguia se recordar de detalhes do caso. “É muito difícil de lembrar”, afirmou.
Essa foi a 15ª condenação por homicídio de Tiago Henrique, cujas penas somadas passam de 300 anos. Ele está preso desde outubro de 2014 e responde por mais de 30 mortes.
O julgamento começou por volta das 9h e foi presidido pelo juiz Lourival Machado da Costa. Apenas uma testemunha foi arrolada pela acusação, mas foi liberada. Sete jurados integraram o júri, sendo quatro homens e três mulheres.
Motivações
Tiago Henrique foi interrogado pelo juiz logo no início da sessão. Questionado sobre os motivos que o levaram a matar Aleandro, o vigilante aproveitou para questionar um laudo da Junta Médica do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), que apontou que ele é psicopata, mas plenamente capaz de responder pelos seus atos.

“É difícil de explicar, mas eu não tenho nenhum transtorno de personalidade como dizem. Na verdade, só Deus para explicar. Mas foi mais forte do que eu, não consegui me controlar. Eu tentava de todas as formas não fazer, mas não consegui. Só sei que esse laudo médico não é verdadeiro”, ressaltou Tiago Henrique.
Em seguida, o magistrado perguntou se o vigilante sofria algum tipo de alucinação antes dos crimes. O réu disse que “começou a sentir impulsos quando tinha 16 anos”, mas depois de adulto não teve forças para bloqueá-los.
“No momento em que eu estava praticando [os assassinatos], para mim, não era algo errado. Mas eu também não tinha outra alternativa, a não ser fazer aquilo. Eu sempre bebia para tentar esquecer aquelas coisas [alucinações], mas aí vinham os impulsos, eu perdia a percepção das coisas e cometia os crimes. A verdade é essa”, disse o vigilante.
Logo depois, o advogado que defende Tiago Henrique, Antônio Maurício Dias, perguntou ao réu se ele chegou a ouvir vozes. “Não ouvi nenhuma voz audível, mas eu as sentia. Elas me mandavam fazer coisas ruins, me dominavam”, explicou.
Ainda durante o interrogatório, o defensor questionou se o vigilante achava que problemas sexuais que ele diz ter sofrido ainda na adolescência ou se a falta de estrutura familiar podem ter contribuído para as atitudes dele na vida adulta. “Acho que isso influenciou bastante”, concluiu o réu.
O advogado de defesa disse antes do julgamento que "apesar de ter confessado o crime, Tiago Henrique não consegue detalhar como ele foi cometido. Não há provas concretas contra ele, então vamos mostrar que ele não teve participação e que está confuso”, afirmou.
O crime
Conforme consta no processo, o crime aconteceu no dia 20 de novembro de 2011 na Zona Industrial Pedro Abrão, em Goiânia. A vítima foi atacada a facadas e foi degolada parcialmente.
De acordo com a pronúncia sobre o júri popular feita em agosto de 2015 pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara, da 1ª Vara Criminal de Goiânia, Tiago teve contato com o local em que a vítima costumava trabalhar dias antes, pois cobriu uma folga. Pouco depois, ele voltou e cometeu o crime.
Para tanto, o juiz considerou os laudos apresentados e os depoimentos prestados por Tiago diante da autoridade policial. Quando interrogado, o vigilante confessou que trabalhou na mesma empresa que a vítima e que lá conheceu Aleandro. Ele ainda confessou tê-lo matado a golpes de faca no pescoço, em seu posto de trabalho.

Posteriormente, em novo interrogatório, Tiago disse que no dia ingeriu bebidas alcoólicas e que portava uma faca. Porém, estava bastante embriagado e não se recordava do momento em que cometeu o crime. Em juízo, o vigilante alegou que foi induzido a confessar diversos crimes e que este pode ser um deles. No entanto, o magistrado entendeu que havia indícios suficientes de autoria.

Tiago Henrique, apontado como serial killer de GO (Foto: Divulgação/TJ-GO)Tiago Henrique responde por mais de 30 mortes, em Goiânia (Foto: Divulgação/TJ-GO)

Acusação
A mesma tese foi sustentada pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) no julgamento. O promotor responsável pediu que Tiago Henrique fosse condenado por homicídio triplamente qualificado - por motivo torpe, com uso de meio cruel e sem chance de defesa à vítima.

“Esse caso é diferente dos demais em que o réu já foi condenado, pois nos outros os perfis das vítimas são mulheres e moradores de rua. Além disso, ele sempre usava uma arma de fogo. Nesse, além de Aleandro não se enquadrar nesse perfil, ainda foi usada uma faca. Apesar dessas diferenças, durante os interrogatórios, Tiago Henrique falou desse caso com riqueza de detalhes e depois diz que não lembra mais. De qualquer forma, ele já confessou mesmo antes do júri e tenho convicção de que ele foi o autor”, disse ao G1 o promotor de Justiça Maurício Gonçalves de Camargo.

Condenações
Tiago Henrique ficou conhecido como o serial killer de Goiânia ao ser apontado como responsável por mais de 30 assassinatos na capital, sendo que já foi condenado por 15. Somadas, as penas pelas mortes ultrapassam 300 anos de prisão.

Preso desde outubro de 2014, em Aparecida de Goiânia, o vigilante também já cumpre pena por roubo e porte ilegal de arma.

A Justiça também já condenou o réu a 12 anos e 4 meses de prisão em regime fechado por ter assaltado duas vezes a mesma agência lotérica do Setor Central, na capital goiana. Juntas, as penas do vigilante somam 343 anos e 10 meses.

Fonte: G1

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