segunda-feira, março 14, 2016

Padre diz que é ameaçado por ajudar famílias expulsas por milícias no RJ

 http://cidadenewsitau.blogspot.com.br/O padre polonês Pedro Stepien, que atua em uma paróquia em Novo Gama, cidade goiana no Entorno do Distrito Federal, denuncia que vem
sofrendo ameaças por ajudar famílias expulsas por milícias de um conjunto habitacional, no Rio de Janeiro. Ele mostra mensagens, recebidas em um aplicativo de celular, dizendo que os telefones ‘estão grampeados ’ e que os envolvidos correm risco de morte. A Polícia Civil de Goiás ajuda a corporação carioca a investigar o caso.
Em uma das mensagens recebidas pelo pároco no Whatsapp os criminosos dizem: “Temos seu telefone, o telefone da sua casa, os telefones estão grampeados. Nós lemos e ouvimos tudo o que é falado. Estamos de olho na sua casa e desta vez viemos em mais soldados. Não seremos presos”.
O texto continua com mais ameaças: “Somos filiados em todos os níveis de governo, então senhor padre, deixe que as coisas aconteçam naturalmente. Queremos e vamos assassinar”.

O padre explica que passou a ajudar seis famílias, expulsas de um condomínio do programa Minha Casa, MInha Vida, na Zona Oeste do Rio, depois que as conheceu em Brasília. Ele atua como voluntário em programas sociais do Senado e soube que os refugiados pediam ajuda na capital federal.
Assim, Stepien encontrou abrigos para as pessoas em Novo Gama, mas passou a ser ameaçado. “Eu posso pagar um preço muito alto, eu tenho consciência disso, mas eu não posso deixá-las nas mãos de pessoas que querem matá-las”, afirmou o religioso.
Um integrante de uma das famílias, que não quer ser identificado, conta que foi obrigado pelos milicianos a sair da moradia, que integra o programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, na Zona Oeste do Rio.
“Quando nós mudamos para lá, foi que descobrimos que o condomínio havia sido tomado pela milícia. A polícia foi lá e expulsou os milicianos, mas não prendeu nenhum. Assim, das 42 casas, uma era minha. Quando eu peguei as casa, passou um tempo, aí a milícia foi e botou a gente para fora”, relatou.

Trecho de ameaça enviada por milícia, segundo o padre Pedro Stepien, Goiás (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)Trecho de ameaça enviada por milícia, segundo o padre Pedro Stepien (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

Denúncias
Após receber as ameaças, Stepien denunciou o caso à Polícia Civil e encaminhou as famílias para abrigos em outros estados. Segundo ele, entre os refugiados estão dez crianças, com idades entre 3 e 7 anos, além de viúvas e idoso. Apesar da mudança, as mensagens continuam a chegar.
O delegado Daniel Martins, da Delegacia de Novo Gama, diz que a corporação atua junto com os policiais do Rio de Janeiro para tentar identificar os responsáveis pelas mensagens. “As informações que a gente for obtendo aqui vão ser repassadas para que a delegacia que combate esse tipo de organização no Rio possa ter uma linha de investigação”, relatou.
Stepien diz que também fez denúncias a vários órgãos governamentais de Brasília, inclusive no Ministério das Cidades, responsável pelo Minha Casa, Minha Vida, em dezembro do ano passado. Mesmo assim, ele diz que as autoridades estão omissas em relação ao caso. “Ninguém quer me dar satisfação sobre o que está acontecendo. Eu acho que a comissão [formada pelo Ministério das Cidades] não representa essas pessoas”, reclamou o padre.
Enquanto isso, os refugiados reclamam que vivem com medo e têm apenas ajuda oferecida pela comunidade.  “Nós somos 1.186 famílias [expulsas do condomínio habitacional]. A única coisa que a gente quer é justiça. A gente quer viver dignamente. Nós temos dez crianças que fogem junto com a gente. Elas estão comendo, morando, dormindo em condições precárias. Então, precisamos de ajuda”, disse uma das vítimas.
O Ministério das Cidades informou, em nota, que vai realocar essas famílias expulsas por milícias em outras unidades habitacionais do Minha Casa, Minha Vida que foram construídas no Entorno do Distrito Federal. Porém, o órgão não destacou os prazos para a adoção da medida e também não comentou a reclamação do padre sobre a falta de respostas.

Fugitivo de milícias diz que vive em condições precárias e pede ajuda, Goiás (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)Fugitivo de milícias diz que vive em condições precárias e pede ajuda (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

Fonte: G1

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