quinta-feira, fevereiro 25, 2016

PF investiga quase batida de avião que buscava preso na Lava Jato

Mapa mostra posição dos aviões da FAB e da Polícia Federal no momento em que decolavam no Aeroporto de Brasília (Foto: G1)A Polícia Federal informou ao G1 que abriu processo administrativo para investigar as circunstâncias da quase colisão do avião que partiu de Brasília para buscar o
marqueteiro do PT preso na Operação Lava Jato, João Santana, em São Paulo e em seguida levá-lo ao Paraná. O incidente aconteceu nesta terça-feira (23).

Na decolagem, o piloto ignorou as instruções e acabou invadindo a rota de uma aeronave da Força Aérea Brasileira. O controlador de tráfego precisou intervir para evitar o choque. A corporação disse ainda que vai colaborar com a apuração já em andamento pela Força Aérea Brasileira, mas não deu mais informações sobre o caso.
Os aviões deixaram simultaneamente o terminal às 7h30, mas em direções diferentes. De acordo com a FAB, a aeronave de matrícula PR-BSI, da Polícia Federal, faria uma curva para a direita logo após deixar o solo, rumo a Guarulhos (São Paulo). Ela deveria fazer a manobra quando atingisse 200 metros de altura. Já a da Força Aérea, que estava sem passageiros e partia para Vitória (ES), deveria seguir em linha reta por 35 quilômetros. Depois, ela faria leve curva para a direita.

Pouco depois das decolagens, porém, o avião da PF acabou virando à esquerda, na direção em que estava a outra aeronave. Não foi necessário abortar nenhuma das operações, já que, segundo a FAB, o piloto da polícia retornou à rota original assim que foi avisado.
Os diálogos entre o controlador de tráfego aéreo e os pilotos revelam as manobras para evitar a colisão:
Controlador: Força Aérea 85.282, trace uma posição de uma hora. Curve imediatamente agora para o rumo norte, senhor, a fim de evitar que essa aeronave... Interrompa a subida agora.
Controlador: Força Aérea 2582 controle Brasília, interrompa a subida agora. Trace uma correção agora de uma hora, mesma altitude, senhor.
Piloto da FAB: Tô visual, mantendo separação aqui. A aeronave iniciou curva à direita, a saída nossa ficou conflitante com esse tráfego, ok? A saída era prevista, a decolagem da 11 esquerda com ligeiramente curva à direta. Não tem, não tem mais como fazer essa saída aqui com essa aeronave decolando.
Controlador: O senhor está correto, Força Aérea 2582. Bravo-Serra e Índia (PR-BSI), a sua decolagem deveria ter iniciado a curva à direita, 4,1 mil pés. Suba agora para o nível 270.
Piloto do PR-BSI: Subindo para o 270 pró-sul.
O aeroporto de Brasília foi o primeiro da América do Sul a ter duas pistas paralelas. Elas têm mais de três quilômetros de comprimento e estão a uma distância de 1,8 quilômetros. As operações simultâneas começaram no final do ano passado.

Aeronave da Polícia Federal pousado em Guarulhos (SP) para levar o marqueteiro do PT João Santana ao Paraná (Foto: Felipe Rau/Estadão Conteúdo)Aeronave da Polícia Federal pousado em Guarulhos (SP) para levar o marqueteiro do PT João Santana ao Paraná (Foto: Felipe Rau/Estadão Conteúdo)

Em nota, a Aeronáutica disse que o controlador de tráfego aéreo “agiu prontamente para evitar maiores problemas”. “Desde novembro de 2015, o Aeroporto de Brasília opera com decolagem simultânea, tendo em vista que as pistas são paralelas. No caso em questão, foram autorizadas duas decolagens simultâneas: aeronave de matrícula PR-BSI com destino a Guarulhos decolando da pista direita e a aeronave FAB 2582 decolando da pista esquerda."
"A instrução do perfil de decolagem que foi confirmada pelo piloto da aeronave PR-BSI previa curva imediata à direita após a decolagem (conforme descrito na carta de decolagem). Entretanto, o perfil executado pelo piloto contrariou a instrução recebida e a aeronave teve um deslocamento à esquerda, interferindo na decolagem da aeronave FAB 2582, que cumpria corretamente o seu perfil de decolagem”, afirma o texto.
24/02/2016 17h51 - Atualizado em 24/02/2016 17h51
PF investiga quase batida de avião que buscava preso na Lava Jato
Piloto ignorou instrução na decolagem no DF e invadiu rota de voo da FAB.
Aeronáutica também investiga; controlador interveio e evitou choque no ar.
Raquel Morais
Do G1 DF
Mapa mostra posição dos aviões da FAB e da Polícia Federal no momento em que decolavam no Aeroporto de Brasília (Foto: G1)
Mapa mostra posição dos aviões da FAB e da Polícia Federal no momento em que decolavam no Aeroporto de Brasília (Foto: G1)
A Polícia Federal informou ao G1 que abriu processo administrativo para investigar as circunstâncias da quase colisão do avião que partiu de Brasília para buscar o marqueteiro do PT preso na Operação Lava Jato, João Santana, em São Paulo e em seguida levá-lo ao Paraná. O incidente aconteceu nesta terça-feira (23).

Na decolagem, o piloto ignorou as instruções e acabou invadindo a rota de uma aeronave da Força Aérea Brasileira. O controlador de tráfego precisou intervir para evitar o choque. A corporação disse ainda que vai colaborar com a apuração já em andamento pela Força Aérea Brasileira, mas não deu mais informações sobre o caso.
Os aviões deixaram simultaneamente o terminal às 7h30, mas em direções diferentes. De acordo com a FAB, a aeronave de matrícula PR-BSI, da Polícia Federal, faria uma curva para a direita logo após deixar o solo, rumo a Guarulhos (São Paulo). Ela deveria fazer a manobra quando atingisse 200 metros de altura. Já a da Força Aérea, que estava sem passageiros e partia para Vitória (ES), deveria seguir em linha reta por 35 quilômetros. Depois, ela faria leve curva para a direita.
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Pouco depois das decolagens, porém, o avião da PF acabou virando à esquerda, na direção em que estava a outra aeronave. Não foi necessário abortar nenhuma das operações, já que, segundo a FAB, o piloto da polícia retornou à rota original assim que foi avisado.
Os diálogos entre o controlador de tráfego aéreo e os pilotos revelam as manobras para evitar a colisão:
Controlador: Força Aérea 85.282, trace uma posição de uma hora. Curve imediatamente agora para o rumo norte, senhor, a fim de evitar que essa aeronave... Interrompa a subida agora.
Controlador: Força Aérea 2582 controle Brasília, interrompa a subida agora. Trace uma correção agora de uma hora, mesma altitude, senhor.
Piloto da FAB: Tô visual, mantendo separação aqui. A aeronave iniciou curva à direita, a saída nossa ficou conflitante com esse tráfego, ok? A saída era prevista, a decolagem da 11 esquerda com ligeiramente curva à direta. Não tem, não tem mais como fazer essa saída aqui com essa aeronave decolando.
Controlador: O senhor está correto, Força Aérea 2582. Bravo-Serra e Índia (PR-BSI), a sua decolagem deveria ter iniciado a curva à direita, 4,1 mil pés. Suba agora para o nível 270.
Piloto do PR-BSI: Subindo para o 270 pró-sul.
O aeroporto de Brasília foi o primeiro da América do Sul a ter duas pistas paralelas. Elas têm mais de três quilômetros de comprimento e estão a uma distância de 1,8 quilômetros. As operações simultâneas começaram no final do ano passado.
Aeronave da Polícia Federal pousado em Guarulhos (SP) para levar o marqueteiro do PT João Santana ao Paraná (Foto: Felipe Rau/Estadão Conteúdo)
Aeronave da Polícia Federal pousado em Guarulhos (SP) para levar o marqueteiro do PT João Santana ao Paraná (Foto: Felipe Rau/Estadão Conteúdo)
Em nota, a Aeronáutica disse que o controlador de tráfego aéreo “agiu prontamente para evitar maiores problemas”. “Desde novembro de 2015, o Aeroporto de Brasília opera com decolagem simultânea, tendo em vista que as pistas são paralelas. No caso em questão, foram autorizadas duas decolagens simultâneas: aeronave de matrícula PR-BSI com destino a Guarulhos decolando da pista direita e a aeronave FAB 2582 decolando da pista esquerda."
"A instrução do perfil de decolagem que foi confirmada pelo piloto da aeronave PR-BSI previa curva imediata à direita após a decolagem (conforme descrito na carta de decolagem). Entretanto, o perfil executado pelo piloto contrariou a instrução recebida e a aeronave teve um deslocamento à esquerda, interferindo na decolagem da aeronave FAB 2582, que cumpria corretamente o seu perfil de decolagem”, afirma o texto.
A FAB informou também que a investigação que conduz deve apontar as circunstâncias do incidente. "A distância entre as aeronaves e as demais circunstâncias presentes estão sendo apuradas em um processo de investigação. Caso se confirmem indícios de desobediência às normas aeronáuticas, o processo será encaminhado à Junta de Julgamento da Aeronáutica, que poderá aplicar sanções administrativas", informou a FAB ao G1.

Operação Lava Jato
O marqueteiro João Santana e a mulher retornaram da República Dominicana ao Brasil após terem a prisão decretada. A suspeita é de que ele recebeu US$ 7,5 milhões em conta secreta no exterior por meio do esquema de corrupção na Petrobras investigado na Operação Lava Jato.

João Santana, marqueteiro do PT, desembarca no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, acompanhado de sua mulher Monica Moura e de agentes da Polícia Federal, um dia depois de ter a prisão decretada pela Justiça (Foto: Rodrigo Paiva/Reuters)João Santana, marqueteiro do PT, desembarca no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, acompanhado de sua mulher Monica Moura e de agentes da Polícia Federal, um dia depois de ter a prisão decretada pela Justiça (Foto: Rodrigo Paiva/Reuters)

Esta etapa da Lava Jato é chamada de Operação Acarajé, que era o nome usado pelos suspeitos para se referirem ao dinheiro irregular. A PF suspeita que os recursos tenham origem no esquema de corrupção na Petrobras investigado na Operação Lava Jato.

Uma das principais linhas de investigação são os repasses feitos pela Odebrecht, que também é investigada pela Lava Jato, ao marqueteiro. Segundo relatório da PF, João e a mulher ocultaram das autoridades os recursos recebidos no exterior porque tinham conhecimento da "origem espúria" deles.

Esse dinheiro foi escondido, conforme o relatório, mediante fraudes e "com a finalidade exclusiva de esconder a origem criminosa dos valores, que, como se viu, provinham da corrupção instituída e enraizada na Petrobras".
A suspeita é de que, usando uma conta secreta no exterior, o publicitário teria recebido dinheiro da Odebrecht e do engenheiro Zwi Skornicki, representante oficial no Brasil do estaleiro Keppel Fels, segundo o Ministério Público Federal (MPF). De acordo com as investigações, Santana recebeu US$ 7,5 milhões em contas no exterior.
Desse total, US$ 3 milhões teriam sido pagos de offshores ligadas à Odebrecht , entre 2012 e 2013, e US$ 4,5 milhões do engenheiro Zwi Skornicki, entre 2013 e 2014. O engenheiro também foi preso na 23ª fase. Ele é apontado como operador do esquema.
O publicitário foi marqueteiro das campanhas da presidente Dilma Rousseff e da campanha da reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006. Investigadores suspeitam que ele foi pago, por serviços prestados ao Partido dos Trabalhadores (PT), com propina oriunda de contratos da Petrobras.

Fonte: G1

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