sexta-feira, janeiro 08, 2016

Em troca de mensagens, Cunha cobra dinheiro de ex-presidente da OAS

 http://cidadenewsitau.blogspot.com.br/Uma série de mensagens trocadas entre o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o ex-presidente da construtora OAS Léo Pinheiro mostram, em várias ocasiões, o peemedebista cobrando
do empreiteiro repasse de dinheiro para ele e para aliados políticos.
As centenas de mensagens trocadas entre os dois foram apreendidas no celular do ex-dirigente da empreiteira e fazem parte das investigações da Operação Lava Jato, da qual Cunha foi denunciado pela Procuradoria Geral da República (PGR) por suposto envolvimento no esquema de corrupção que atuava na Petrobras.
A íntegra das mensagens, que consta em relatório da Polícia Federal (PF), foi revelada na edição desta sexta-feira (8) do jornal "O Globo" e foi confirmada pela TV Globo.
Em dezembro, o Blog do Matheus Leitão já havia divulgado parte das conversas mantidas por meio de mensagens entre Cunha e o ex-presidente da OAS.
Na ocasião, o colunista do G1 mostrou que as mensagens trocadas entre o presidente da Câmara dos Deputados e Léo Pinheiro indicavam a negociação de medidas provisórias no Congresso Nacional.
No relatório obtido pela TV Globo, a PF aponta que Eduardo Cunha e Léo Pinheiro tiveram, entre 2012 e 2014, 94 encontros, ligações ou algum outro tipo de contato. Ao longo dos dois anos, ocorreram, segundo os investigadores, 35 pedidos, solicitações, cobranças ou agradecimentos por parte do deputado e do empreiteiro.
No período em que ocorreram as trocas de mensagens, Eduardo Cunha ainda não era presidente da Câmara. Ele assumiu o comando da casa legislativa em fevereiro de 2015. Na ocasião, ele ocupava o posto de líder do PMDB. À época, Léo Pinheiro ainda não havia sido preso pela Lava Jato.
O ex-dirigente da OAS já foi condenado pela Justiça Federal, em primeira instância, a 16 anos e quatro meses de prisão acusado de cometer os crimes de corrupção ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Atualmente, ele está recorrendo da condenação em liberdade.
Doações
Em um dos diálogos interceptados pela Polícia Federal, de 2012, Cunha e o ex-dirigente da OAS supostamente tratam sobre doações de campanha.
Em uma mensagem, Léo Pinheiro afirma para o deputado do PMDB: “Será no dia 2/7”.
Ao responder ao empreiteiro, Cunha faz uma ressalva sobre os prazos para doação. “Mas aí tem aquele problema se depois de dia 30 pode ser eleição e não partido porque objetivo de prestação contas é diferente as convenções acabam 30. Tenta programar até sexta.”
No mesmo diálogo, Cunha também cobra que o Léo Pinheiro “resolva o PSC” para ele e cita um recibo. Pelo contexto, não fica claro se o peemedebista está se referindo ao Partido Social Cristão (PSC), uma das legendas que, atualmente, o apoiam na presidência da Câmara.
Em outra conversa, registrada em 14 de agosto de 2012, Cunha usa de ironia para se queixar ao empreiteiro que não recebeu um repasse de dinheiro. Na mensagem, ele menciona o nome "Henrique", que os investigadores acreditam se tratar do atual ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que presidiu a Câmara entre 2013 e 2014.
“Vc resolveu só metade Henrique ontem, esqueceu de mim? Rsrs”, escreveu Eduardo Cunha.
'Relação espúria'
No documento no qual pede ao Supremo Tribunal Federal (STF) o afastamento de Eduardo Cunha do cargo de deputado federal e, consequentemente, do comando da Câmara, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirma que as mensagens trocadas entre o peemedebista e o ex-presidente da OAS demonstram uma "relação espúria".
"A partir de tais mensagens [entre Cunha e Léo Pinheiro, é possível verificar nitidamente o modus operandi do grupo criminoso. Projetos de lei de interesse das empreiteiras eram redigidos pelas próprias [empresas], que os elaboravam, por óbvio, em atenção aos seus interesses espúrios, muitas vezes após a 'consultoria' de Eduardo Cunha", escreveu o chefe do Ministério Público.
O G1 procurou a assessoria de Eduardo Cunha e os advogados da OAS para falar sobre as mensagens trocadas entre o presidente da Câmara e Léo Pinheiro, mas até a última atualização desta reportagem não havia obtido resposta.

Fonte: G1

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