segunda-feira, novembro 09, 2015

Contagem aponta que dois presos podem estar soterrados no RN

Túnel descoberto em Alcaçuz neste final de semana desmorou, causando a morte de dois detentos (Foto: GOE/Grupo de Operações Especiais)Uma contagem realizada por agentes penitenciários e homens do Grupo de Operações Especiais (GOE) da Secretaria de Justiça e Cidadania do Rio Grande do Norte
(Sejuc) deu conta da falta de dois presos no pavilhão 2 da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, maior complexo prisional do estado, localizado em Nísia Floresta, na Grande Natal. O pavilhão é o mesmo em que um túnel desabou na manhã desta segunda-feira (9), o que reforça o indício de que os presos tenham sido soterrados durante  o desmoronamento do túnel.
Durante a tarde, homens do GOE e agentes penitenciários conseguiram adentrar o pavilhão 2, no qual os detentos fora das celas desde a rebelião ocorrida neste sábado (7), e conter os presos. Além da contagem, foi realizado um serviço de concretagem, para fechar a abertura do túnel. 
Enquanto isso, equipes de busca composta por membros da direção do presídio e homens do Corpo de Bombeiros tentam localizar, do lado de fora do pavilhão, o local em que os presos teriam sido soterrados. Segundo o diretor de Alcaçuz, Eider Brito, a equipe está recebendo ajuda de um detento. "Tem um preso do próprio pavilhão, que certamente estava participando da escavação, que se colocou a disposição para nos ajudar a localizar os soterrados", informou o diretor.
Ainda de acordo com Brito, uma retroescavadeira do Departamento de Estradas e Rodagens do RN (DER) já foi solicitada e, caso os detentos não sejam localizados ainda nesta segunda, ajudará nas escavações a partir de terça. "Vamos continuar as buscas até a exaustão", finalizou o diretor.

O túnel
Um túnel escavado para fuga desmoronou na manhã desta segunda-feira (9) . Os próprios detentos informaram a direção do presídio que pelo menos dois presos estariam encobertos pela terra que desmoronou sob o piso do pavilhão 2.
Segundo a Coordenadoria de Administração Penitenciária do estado, o túnel é o mesmo que foi descoberto no sábado (7), fato que causou revolta a dos apenados. "A abertura do túnel chegou a ser concretada, mas os presos reabriram o buraco num outro ponto. Na manhã desta segunda, eles tentaram dar continuidade às escavações até acontecer o desmoronamento. Sem ter como voltar, eles tiveram que cavar uma saída ainda dentro da penitenciária. oi quando fomos avisados que dois deles teriam ficado soterrados", explicou um agente.
Ainda no sábado, logo a primeira  tentativa de fuga ter sido abortada, colchões foram incendiados e grades arrancadas das celas. Amotinados, os internos chegaram a jogar pedras nos policiais militares do Batalhão de Choque, que recuaram.

No Presídio Provisório Raimundo Nonato, em Natal, os presos também causaram muitos estragos (Foto: Grupo de Escolta Penal (GEP))No Presídio Provisório Raimundo Nonato, em Natal,
os presos também causaram muitos estragos
(Foto: Grupo de Escolta Penal (GEP))
Com a notícia de que o BPChoque não havia conseguido controlar os presos em Alcaçuz, os ânimos no Presídio Provisório Raimundo Nonato, que fica na Zona Norte de Natal,  também se exaltaram e os detentos começaram a queimar colchões.
Alcaçuz fica em Nísia Floresta, município da Grande Natal. Com capacidade para 640 presos, possui atualmente pouco mais de 1 mil apenados. Duzentos somente no pavilhão 2. O sistema penitenciário do Rio Grande do Norte possui atualmente 8.000 presos para 3.700 vagas. Em razão da superlotação, das 33 unidades prisionais, 12 foram interditadas pela Justiça e não podem receber novos detentos. A lista inclui a Penitenciária Estadual de Alcaçuz.
Calamidade pública
O sistema penitenciário potiguar entrou em calamidade pública no dia 17 de março, logo após o fim de uma onda de rebeliões que atingiu pelo menos 14 das 33 unidades prisionais do estado. O decreto, renovado em setembro, tem validade até março de 2016.

Danos à estrutura da penitenciária de Alcaçuz ainda não podem ser quantificados (Foto: Divulgação/Sejuc-RN)Penitenciária de Alcaçuz foi uma das
mais danificadas durante as rebeliões de março
(Foto: Divulgação/Sejuc-RN)
Além disso, também passa por um momento crítico com relação ao controle das unidades, hoje comandadas por facções criminosas que vêm se digladiando. Este ano, 22 detentos foram assassinados ou encontrados mortos em condições suspeitas e um adolescente morreu ao ser baleado em uma unidade para cumprimento de medida socioeducativa durante uma tentativa de resgate. Os números são da Coordenadoria de Análises Criminais da Secretaria Estadual de Segurança Pública.
De acordo com a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc), já foram gastos mais de R$ 5,6 milhões nas reformas das unidades depredadas. A secretaria reconhece que o sistema penitenciário do RN é ultrapassado e precisa de uma modernização com mais eficiência e tecnologia nos processos.

Fonte: G1

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!