O acidente que derrubou dois helicópteros e matou dez pessoas na Argentina, entre eles três atletas franceses de renome, chocou o mundo do esporte. A nadadora
A equipe de TV e os participantes estavam na província de La Rioja, perto da Cordilheira dos Andes, gravando um reality de sobrevivência chamado "Dropped". Na atração, que foi criada na Suécia e seria adaptada pela primeira vez na França, os participantes são deixados em um lugar inóspito e precisam, com suas próprias forças e sem auxílio externo, entrar em contato com a civilização novamente.
Veja, na lista abaixo, nove detalhes da tragédia:
1. Participantes provavelmente morreram de olhos vendados
Um dos atrativos do reality é a total falta de consciência dos participantes sobre o local em que estão. Por isso, eles entram de olhos vendados nos helicópteros, que voam em círculos antes de chegarem ao destino para desorientar os participantes.
A TF1 e a produtora que fazia as filmagens ainda não confirmaram a informação, mas é provável que Muffat, Arthaud e Vastine estivessem de olhos vendados no momento do choque, que aconteceu momentos depois dos helicópteros levantarem voo, como mostra o vídeo que flagrou a tragédia.
Os três estavam em um único helicóptero com um câmera e o piloto. No outro estavam outros quatro membros da produção e o outro piloto, que voava perto da outra aeronave justamente para que a filmagem fosse realizada. Fotos de momentos antes da decolagem, divulgadas pelo portal Diario del Sol, mostram o trio de atletas vendados em um campo aberto.
2. Outros atletas escaparam da tragédia por excesso de peso no helicóptero
Segundo Patrick Durieux, especialista em aeronáutica ouvido pelo jornal Le Parisien, o modelo do helicóptero que carregava os atletas tem seis assentos. Como além de Muffat, Arthaud e Vastine havia um câmera, os equipamentos e o piloto, a aeronave estava lotada.
Por esse motivo, outros participantes não embarcaram no helicóptero e escaparam da tragédia. Ao todo, oito esportistas participavam do Dropped. Além das vítimas do acidente, estavam na disputa o nadador Alain Bernard, o ex-jogador de futebol Sylvain Wiltord, a ciclista Jeannie Longo, a snowboarder Ane-Flore Marxer e o patinador Philippe Candeloro. Todos sobreviveram.
Alguns deles, como Wiltord, não estavam no local da tragédia pois já haviam sido eliminados na primeira etapa do reality, gravada há uma semana em Ushuaia, na Argentina. Outros, como Bernard e Candeloro, escaparam porque o helicóptero estava com excesso de peso. Eles ficaram no solo esperando o retorno da primeira aeronave e escaparam da tragédia.
3. Sobreviventes ouviram o barulho e também estavam vendados
Quem escapou por conta do excesso de peso das aeronaves viveu a tragédia de perto. Como os helicópteros tinham acabado de decolar, o choque aconteceu a cerca de 500 m de onde os outros participantes estavam. Alain Leglond, empresário do patinador Philippe Candeloro, disse que falou brevemente com o atleta após o ocorrido.
"Tive poucos minutos com ele depois da tragédia. Ele me disse que algo muito sério tinha acontecido. Ele estava sem fôlego e tremendo. Ele não entendia porque tinha sido eles e não ele. Eles estavam esperando o retorno [do helicóptero]. Ele estava realmente em choque", contou o agente ao jornal Le Parisien.
Assim como as vítimas da tragédia, os participantes que aguardavam em solo estavam de olhos vendados e, segundo Leglond, ouviram o barulho da queda. Os esportistas e o restante da produção chegaram a sair correndo em direção aos destroços, mas o fogo alto impediu qualquer resgate imediato – os corpos foram retirados quase um dia depois pela equipe de resgate.
4. Participantes estão isolados em Buenos Aires
Os participantes sobreviventes, assim como os membros da produção do reality show, estão isolados em um hotel em Buenos Aires. A informação foi revelada por Philippe Candeloro, patinador que também estava na disputa, em entrevista à rádio francesa RTL.
"Nós fomos orientados pela produção a não falar porque as autoridades ainda estão investigando. Por agora nós estamos isolados no hotel à espera da chegada do pessoal da Embaixada, que vai nos ajudar a lidar com essa tragédia", disse Candeloro.
Segundo o jornal L'Equipe, os sobreviventes estão recebendo auxílio psicológico no hotel onde estão.
5. Argentina estimulava produção do reality
A escolha do local para a produção do reality show não foi ocasional. Segundo Andrés Navarrete, intendente da província onde La Rioja está localizada na Argentina, os europeus se interessaram pela região em 2012, por conta da passagem do Rali Dacar por ali.
Em entrevista ao jornal Clarin, o político explica que o cenário próximo da Cordilheira dos Andes, pouco povoado e quase inacessível, chamou a atenção de televisões europeias para a produção do reality show. No ano passado, uma versão norueguesa do Dropped foi filmada com sucesso no local.
A versão francesa, só com esportistas, recebeu auxílio do governo local. Os dois helicópteros envolvidos no acidente pertenciam aos governos de províncias da região, que também forneciam auxílio logístico aos produtores.
6. TV já tinha vivido tragédia em reality show
Maior emissora da França, a TF1 exibiria o reality show Dropped pela primeira vez neste ano, mas já sofreu com problemas em atrações semelhantes anteriormente. Em 2013, na 13ª edição do Koh Lanta (adaptação do americano Survivor, que também usa a temática da sobrevivência), um participante morreu de ataque cardíaco durante as gravações.
Gerald Babin sofreu a disritmia logo no primeiro dia de gravações no Camboja. Ele chegou a ser reanimado pelos médicos da produção e foi levado a um hospital local, mas acabou morrendo. O caso ganhou proporções maiores porque ele teria sido submetido a testes antes do início do programa, mas as avaliações não teriam apontado nenhum problema.
Dias depois, abalado com a tragédia, Thierry Costa, médico do Koh Lanta durante os três anos anteriores, cometeu suicídio. A edição de 2013 foi cancelada e os participantes voltaram para a França, mas um ano depois a TF1 anunciou que voltaria a produzir a atração.
7. Boxeador viveu tragédia há dois meses
Um dos três atletas olímpicos mortos na tragédia, Alexis Vastine é lutador de boxe e ganhou o bronze olímpico na categoria dos meio-médio-ligeiros nas Olimpíadas de 2008, em Pequim. Há dois meses, ele passou por uma tragédia na família quando a irmã morreu em um acidente de carro.
"A mãe dele perdeu 7 kg depois da tragédia. E agora a nova perda nos dá mais sofrimento. É terrível, horrível. Alexis saiu para participar de um jogo, um jogo por diversão, para se divertir. Não é nessas circunstâncias que você espera saber sobre a morte do seu filho, não quando ele saiu para se divertir", disse Alain Vastine, em um depoimento emocionado ao jornal Le Parisien.
"Eu estou sofrendo para entender, para acreditar. Eu digo para mim mesmo que não é possível. Como a gente se recupera? Eu não sei. Eu sinto que vou desistir, mas eu não posso. Eu sou um professor de boxe. Pelas crianças, eu tenho de continuar. Eu tenho, mas não sei como", completou Alan.
8. Piloto soube que seria avô de um menino no dia da tragédia
Juan Carlos Castillo, piloto que estava no comando de um dos helicópteros que se chocaram, era um veterano dos ares. Aposentado da Força Aérea Argentina, ele trabalhava com o governo da província de Rioja e tinha muita experiência.
Segundo sua mulher, Cristina Chávez, ele serviu na Guerra das Malvinas resgatando soldados em áreas de guerra e também colaborou na logística do Rali Dacar, trabalhando na região da tragédia da última segunda. Em entrevista ao jornal La Nación, Cristina contou como foi a última conversa que teve com o marido.
"Falei com ele por volta de meio-dia de ontem [segunda]. Queria contar a ele que o bebê que nossa filha mais nova está esperando é um menino. Estava muito feliz, reclamando que queria vir e festejar conosco", contou ela.
9. Nadadora famosa recusou convite para reality
Laure Manaudou, campeã olímpica dos 400 m livres nos Jogos Olímpicos de Atenas, foi convidada para participar do reality show Dropped antes de Camile Muffat, uma das vítimas, acertar sua participação. Em entrevista à rádio RTL, a nadadora explicou a recusa e falou sobre a morte da antiga colega.
"Eu acho que minha filha é minha estrela da sorte, porque foi por ela que eu tomei a decisão de não participar do programa. Nos sentimos culpados, sentimos que poderíamos estar lá em vez dela. Eu pensei imediatamente em Alain Bernard [também nadador e amigo do marido de Manudou, Fred Bousquet], tentei ligar para ele mas ele deve estar em choque", disse ela, que rasgou elogios a Muffat.
"Camille era acima de tudo uma companheira rara na equipe da França. Foi ela que me levantou quando eu me aposentei, uma esportista extraordinária", disse Manaudou.
Fonte: Uol
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