sexta-feira, agosto 01, 2014

Juiz critica 'meias-verdades' da Argentina sobre dívida

Presidente da Argentina faz discurso em rede nacional de TV nesta quinta (31). (Foto:  Daniel Garcia/AFP)O juiz americano Thomas Griesa criticou nesta sexta-feira (1) a reação do governo argentino ao impasse que colocou o país em situação decalote – ainda que
seletivo - e pediu a interrupção da divulgação de informações enganosas sobre a disputa judicial com os fundos credores.
"A República deu declarações públicas que têm sido altamente enganosas, e isso tem que parar", disse o juiz no tribunal, em tom severo, segundo a Reuters.
Na audiência que durou menos de 1 hora, o juiz federal ordenou que a Argentina e os fundos especulativos continuem a buscar uma solução negociada para o impasse e também negou um pedido dos advogados do governo argentino para mudar o mediador nomeado no caso. A Argentina argumentou que havia perdido a confiança na mediação de Pollack após o fracasso das negociações.
"De volta ao trabalho", resumiu Griesa.
O governo de Cirstina Kirchner tem responsabilizado o juiz pela situção de calote técnico que o país foi colocado, após não conseguiu fazer dentro do prazo o pagamento de parcela a credores que renegociaram a dívida.
As autoridades do país têm afirmado repetidamente que cumpriram suas obrigações com a dívida, o que Griesa classificou com "meia-verdade" durante a audiência.
"Meias-verdades não são o mesmo que a verdade", afirmou o juiz, acrescentando que "o ocorreu esta semana não extingue ou reduz as obrigações da República da Argentina."
Mais cedo, o chefe de gabinete da presidência argentina, Jorge Capitanich, disse que as expectativas para o encontro não eram positivas, afirmando que o juiz "sempre foi parcial". O ministro da economia, Axel Kicillof, chegou a acusar Griesa de estar favorecendo os "abutres" ao impedir que o dinheiro depositado pelo governo argentino chegue aos credores.
Na audiência desta sexta, Griesa disse não querer entrar em um "debate linguístico" sobre se parte da dívida argentina está em moratória seletiva ou não, mas preferiu se concentrar nas "obrigações plurais" que o país tem tanto com os credores que aceitaram as trocas de dívida como com os fundos especulativos.

O impasse
A Argentina rechaça o termo "default' (calote), e afirma que o pagamento de US$ 539 milhões só não chegou aos credores em razão da decisão do juiz, que bloqueou o dinheiro, vinculando o pagamento aos credores que aceitaram a troca de bônus da dívida em 2005 e 2010, com desconto de até 70%, a um acordo com os fundos especulativos chamados de "abutres" que entraram na Justiça para exigir pagamento integral dos títulos.
Griesa ordenou a Argentina pagar  US$ 1,33 bilhão mais juros à NML Capital, uma unidade da Elliott Management Corp, e ao Aurelius Capital Management, os dois principais fundos norte-americanos que não concordaram em receber novos títulos após o megacalote de 2001.
As agências de classificação de risco Standard & Poor's e Fitch colocaram a Argentina em situação de calote parcial.
O "default" de agora, entretanto, é diferente da moratória de 2001 porque dessa vez o país tem o  dinheiro para pagar, mas está impedido pela Justiça. A classificação "default seletivo" significa que o governo argentino segue honrando parte de sua dívida, mas não efetuou o pagamento de bônus específicos.
O calote de agora só afeta os US$ 539 milhões que não chegaram a ser efetivados por estarem retidos no Bank of New York Mellon (Bony), por determinação de Griesa.
Argentina 'quebrada' e 'doente'
No primeiro pronunciamento após o fim do prazo para o pagamento da dívida renegociada, que colocouo país em situação de calote, a presidente Cristina Kirchner disse que a vida segue, mas também afirmou que o país está "quebrado e doente".
"É hora de o mundo colocar freios nos fundos abutres e nos bancos insaciáveis que querem seguir lucrando com uma Argentina quebrada e doente", disse, acrescentando que o país Argentina irá usar "todas as medidas judiciais possíveis".

Fonte: G1

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