quarta-feira, julho 23, 2014

Análise da exumação de Jango deve ser concluída até outubro, diz ministra

A ministra Ideli Salvatti se reúne com integrantes da Comissão da Verdade para discutir sobre as investigações da causa da morte do ex-presidente João Goulart (Foto: Natalia Godoy / G1)A ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Ideli Salvatti, afirmou nesta quarta-feira (23) que o relatório que apresentará os
resultados da exumação dos restos mortais do ex-presidente João Goulart deve ser concluído até outubro deste ano, antes do encerramento dos trabalhos da Comissão Nacional da Verdade.
A ministra se reuniu nesta quarta, em Brasília, com dois integrantes do colegiado que apura eventuais violações aos direitos humanos durante o regime militar: José Carlos Dias e Paulo Sergio Pinheiro.
Os restos mortais de Jango, como era conhecido, começaram a ser exumados em novembro do ano passado, em São Borja (RS), sua cidade natal. Após a exumação, o material coletado foi submetido à perícia da Polícia Federal (PF), em Brasília. O objetivo é identificar a causa da morte do ex-presidente, deposto pelo golpe militar de 1964.
O governo federal submeteu os restos mortais a três laboratórios diferentes, sendo dois deles no exterior. Além de São Paulo, as análises estão sendo realizadas em Portugal e na Espanha.
Os exames feitos no laboratório paulista e no português já foram concluídos e encaminhados para a Polícia Federal, segundo a Secretaria de Direitos Humanos. Somente o laboratório espanhol ainda não finalizou a investigação.
De acordo com Ideli, a apuração sobre as causas da morte do ex-presidente da República está na reta final.
“Ressaltamos a importância de termos a análise definitiva para ser incluída nos relatórios. Estamos em fase de conclusão do exame do ex-presidente João Goulart. Em setembro, mais tardar outubro, teremos essa conclusão”, destacou a titular dos Direitos Humanos.
O relatório final com os resultados dos trabalhos da Comissão Nacional da Verdade deve ser entregue em 10 de dezembro à presidente Dilma Rousseff. O prazo para o colegiado concluir suas atividades é 16 de dezembro.
Integrante da Comissão da Verdade, Paulo Sergio Pinheiro disse estar “satisfeito” com o encaminhamento dos trabalhos sobre a exumação do ex-chefe do Executivo federal.
“Viemos aqui para o assunto mais urgente, mais veeemente, o laudo para apurar a morte do presidente João Goulart. A sociedade está exigindo uma resposta concreta da causa mortis, se ele foi ou não morto”, destacou Pinheiro ao final da audiência com a ministra dos Direitos Humanos.
Vala de Perus
Na reunião desta quarta-feira, além de discutir sobre a investigação das causas da morte de Jango, Ideli Salvatti e os dois integrantes da Comissão da Verdade também trataram sobre a identificação das ossadas da “vala de Perus”, local clandestino, em São Paulo, suspeito de ter abrigado restos mortais de vítimas do regime militar.
De acordo com a Secretaria de Direitos Humanos, a análise das ossadas encontradas no local está em andamento, mas não ficará pronta a tempo de ser incluída no relatório final da Comissão da Verdade.
“Nós estamos com os peritos já contratados, já estão no local de trabalho. É uma parceria da Secretaria com a Unifesp [Universidade Federal de São Paulo]. Esperamos que uma vez por todas as ossadas sejam descobertas, para identificar as vítimas da ditadura. No entanto, para o relatório da Comissão Nacional da Verdade, o relatório [das ossadas] não será possível”, observou a ministra.
A “vala de Perus” é uma cova comum descoberta em setembro de 1990, no cemitério Dom Bosco, em Perus. Além das 1.049 ossadas de adultos, havia cerca de 500 restos mortais de crianças com menos de 10 anos.
Há indícios de que algumas das ossadas sejam de militantes da esquerda que desapareceram na década de 1970, além de moradores de rua e vítimas de grupos de extermínio formados por policiais. Desde a descoberta do material, sete desaparecidos políticos já tinham sido identificados nas ossadas.
Em abril deste ano, peritos em antropologia forense da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto (SP) abandonaram o trabalho de pesquisa do grupo criado pela Secretaria de Direitos Humanos para identificar as ossadas encontradas na vala clandestina do cemitério Dom Bosco, em Perus, zona norte de São Paulo.
Segundo os pesquisadores, a metodologia proposta para a realização dos exames periciais era questionável. Os peritos alegaram não terem participado das reuniões e discussões que definiram tal metodologia.

Reprodução Cidade News Itaú via G1

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