quarta-feira, novembro 07, 2012

Após socorrer o Rio de Janeiro, Mossoró deve ajudar São Paulo


Carlos Costa/Arquivo
Traficantes cariocas vieram para Mossoró em 2010; agora é a vez dos bandidos de SP
Quase dois anos após ter socorrido o Governo do Estado do Rio de Janeiro, o presídio federal de Mossoró apresenta-se como a saída para o Governo de São Paulo, que enfrenta crise na segurança pública. Quase 100 agentes públicos já foram assassinados em sucessivos ataques que vêm sendo registrados nos últimos dias. Primeiro vieram os líderes do Comando Vermelho (CV) e agora a unidade se prepara para receber os chefões do Primeiro Comando da Capital (PCC). 
A possível transferência dos líderes do PCC para o presídio federal de Mossoró já é dada como certa por alguns dos principais veículos de comunicação do Brasil, como o portal Globo.com e os jornais Folha de São Paulo e Estadão. Caso seja oficializada a transferência dos líderes (quantidade ainda incerta), um dos nomes cogitados é do assaltante Marcos Willians Herbas Camacho, o “Marcola”, que é apontado como o líder do PCC. Ele cumpre pena hoje em uma unidade prisional de São Paulo. A quantidade de presos que sairão do estado paulista para os presídios federais é incerta. 
Os últimos detalhes da “expulsão” dos membros do Primeiro Comando da Capital foram acertados ontem, em uma reunião entre o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e a cúpula do Governo do Estado de São Paulo. Além de oferecer vagas das quatro prisões federais que funcionam hoje no Brasil, foi oferecido ainda apoio logístico e de Inteligência para combater as ações realizadas pela facção em SP. Por enquanto, ainda não há uma previsão de quando serão executadas as primeiras ações que já vêm sendo idealizadas há alguns dias. A reunião serviu para acertar esses “detalhes”. 
Mossoró tem sido apontada como o principal destino dos criminosos do PCC porque é a que tem a maior capacidade livre. Segundo o diretor substituto da unidade, Nilton Azevedo, quase metade das 208 vagas está disponível. O estabelecimento havia sido interditado por decisão da Justiça Federal, devido a um relatório que apontou falhas graves na estrutura física. A reforma foi feita e encerrada no início de 2011. Hoje o presídio tem capacidade de operar com força máxima, segundo Azevedo. Assim, a cidade detém a maior parte das quase 300 vagas que serão disponibilizadas para São Paulo.

Comando Vermelho e PCC ficarão separados
O presídio federal de Mossoró já abrigou o traficante considerado mais perigoso do Brasil, Luis Fernando da Costa, o “Fernandinho Beira-Mar”, e agora se desenha a possibilidade de custodiar criminosos das duas mais perigosas organizações do Brasil: Comando Vermelho (do Rio de Janeiro) e Primeiro Comando da Capital (de São Paulo). Caso ocorra, seus membros serão separados. 
Em março de 2010, Mossoró recepcionou 11 criminosos do Rio de Janeiro. Na época, o estado fluminense enfrentava sérias dificuldades, assim como ocorre hoje com São Paulo. Em caráter emergencial, mandou para Mossoró 10 membros do CV e um da facção Amigo dos Amigos (ADA), todos apontados como os principais chefes dos morros cariocas. 
Até ontem, a direção do presídio federal de Mossoró alegava não ter sido informada sobre a possível transferência. 
Nilton Azevedo, diretor substituto, informou que havendo a transferência, os membros do PCC e do CV ficarão em alas separadas. O presídio federal é composto por áreas diferentes, onde a convivência ocorre somente entre os que estão na mesma ala. No caso, o pessoal do PCC e CV não podem se encontrar. 
Dos 11 que vieram no início de 2010, Azevedo garante que boa parte ainda continua em Mossoró, não precisando o número exato. Ele não diz também a quantidade de vagas, mas garante que mais de 50% estão liberadas e que a unidade pode trabalhar com 208 presos.

Governos acertam plano emergencial contra a violência 
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, definiram ontem uma série de ações para combater a escalada da violência no Estado. A reunião foi realizada no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual de SP. 
Entre as medidas está a criação de uma agência que irá integrar as forças de segurança federal e estadual. O grupo vai elaborar relatórios para orientar as polícias Federal e Estadual no combate ao crime organizado. O objetivo, segundo Cardozo, é asfixiar o financeiro das organizações criminosas. 
A parceria prevê ações de contenção por mar, terra e ar. As polícias vão fiscalizar os acessos ao Estado, incluindo no porto de Santos, no litoral de São Paulo, e nos aeroportos. Nas regiões identificadas como epidêmicas de crack serão instaladas bases comunitárias móveis com videomonitoramento. 
A primeira reunião da agência será realizada na segunda-feira (12). Integrarão a agência as polícias Federal, Militar e Civil Rodoviária Federal (PRF) e Estadual, Secretaria de Segurança Pública (SSP), Depem, órgão que administra as cadeias, Receita Federal, Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), Secretaria da Fazenda, polícia técnico científica, Ministério Público Estadual (MPE). (texto produzido por Priscila Trindade e Pedro da Rocha, do jornal O Estado de S. Paulo)

Fonte: Defato/Cidade News Itaú

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