domingo, dezembro 25, 2011

Presos falam da frustração de passar o período natalino por trás das grades

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Com a aproximação das festas de final de ano, Natal e réveillon, todas as pessoas sonham em passar essas duas datas significativas com os familiares e amigos, se congratulando por mais um ano vivido e desejando felicidades para o próximo.
No entanto, nada é exatamente como as pessoas planejam e alguns vão ter que passar as festividades longe dos familiares e amigos, por estarem trancados em uma prisão, seja por qual motivo for. Essa é a realidade de mais de 400 presos, que estão detidos nas unidades prisionais de Mossoró.
São homens e mulheres que amargam a solidão de uma cela e vão ficar neste Natal distantes de pais, mães, esposas, filhos e maridos. Para muitos, os dias de visitas são as únicas alegrias que sentem desde que foram presos. Outros, porém, nunca receberam visitas e já se acostumaram a passar as datas comemorativas sem ter com quem dividir as alegrias, tornando-se pessoas sofridas e frustradas.
Para entender esse universo, o jornal O Mossoroense conversou com homens e mulheres detidos, que falaram da frustração de mais um Natal na cadeia. Eles falaram do futuro e da esperança que se renova a cada ano, de um dia ter uma vida normal.
"Já são dois anos que estou preso e quando chega esse período de Natal e Ano-Novo, a coisa se complica ainda mais, por saber que não vou estar com a minha família. Por morar em outra cidade, sei que só os verei no próximo ano e isso é muito frustrante", contou um homem de 28 anos, preso por tráfico de drogas.
A solidão na prisão também é motivo de tristeza por parte da jovem J.LS., 20, presa por envolvimento com droga. Ela é natural de uma cidade no Médio Oeste e só recebe visitas a cada 15 dias. E como já recebeu a visita da mãe na última quarta-feira, sabe que pelos próximos dias vai ter que se contentar apenas com as boas lembranças de quando levava uma vida normal. "Sempre fui muito chegada à minha família, por um descuido vim parar aqui e vou ter que me conformar de passar mais uma data significativa sozinha", destacou a jovem.
A realidade das prisões não é característica só das carceragens mossoroenses. No interior do Estado há inúmeras prisões superlotadas de presos que também não vão poder estar com a família, como é o caso das cadeias públicas e presídios que abrigam presos sentenciados ou provisórios de diversas partes do Brasil e até mesmo do exterior.
Alvin, 35 anos, como preferiu ser identificado, até bem pouco tempo morava na Europa, cheio de regalias e sonhos para o futuro, foi preso com droga no aeroporto de Natal e transferido para uma unidade prisional do interior do Rio Grande do Norte, onde há dois anos aguarda a decisão da Justiça.
"Este é meu segundo Natal no Brasil, mas não planejado nessas condições. Nunca recebi visita da minha família, que não tem como vir aqui. O que me resta é sonhar com o futuro e tentar cicatrizar as feridas abertas pelo tempo. Quando chega esse período, só me lembro da minha mãe, que sofre com o meu sofrimento", desabafou o estrangeiro. 
Justiça autoriza 115 presos a passarem Natal e Ano-Novo com a família

Aproximadamente 115 presos estarão hoje em suas casas passando o Natal com a família. São detentos sentenciados que cumprem pena no regime semiaberto do Complexo Penitenciário Estadual Agrícola Mário Negócio (CPEAMN) em Mossoró. Autorização foi expedida no último dia 8 de dezembro, pelo juiz da Vara das Execuções Penais da comarca de Mossoró, Vagnos Kelly Figueiredo de Medeiros.
Segundo o magistrado, os detentos saíram às 8h de ontem e terão de retornar até as 18h do dia 1º de janeiro de 2012. Se não se apresentarem no horário determinado, serão considerados foragidos.
Para Marcos Antônio, a saída temporária é muito importante, pois ajuda a matar a saudade da família. "É uma oportunidade de ouro, pretendo aproveitar cada dia que passar em casa para matar a saudade da família e dos amigos", destacou o detento.
Tem direito ao indulto natalino o detento que cumpre pena em regime semiaberto, que até a data da saída tenha cumprido um sexto da pena total, se for primário; ou um quarto, se for reincidente. Além disso, ter boa conduta.
A Lei de Execução prevê pelo menos cinco saídas temporárias ao ano, cada uma podendo durar até sete dias corridos.

Detentas do CDP feminino realizam festa de confraternização

A expectativa era grande durante toda a semana no Centro de Detenção Provisória (CDP) feminino de Mossoró, localizado no bairro Nova Betânia, pela realização do Natal das detentas. A festa organizada por elas e pela direção da unidade prisional, na última sexta-feira, foi a forma como encontraram de se aproximarem um pouco da liberdade.
Para as internas, o Natal em família acontece quando recebem filhos, pais, irmãos, maridos e namorados para o almoço em família, que não é o caso delas. A cadeia decorada para esse dia e o almoço diferenciado foram o jeito mais aproximado de um convívio, muito embora a realidade diga outra coisa.
A saudade e tristeza, que são sentimentos que tomam conta das mulheres que estão cumprindo pena em regime fechado, são visíveis na maioria das presas.
De acordo com a diretora do CDP, este ano as detentas inovaram. A diretora explicou que a programação é para as presas se confraternizarem, que em meio às adversidades acabaram se tornando uma família.

Fonte: O Mossoroense

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