quarta-feira, novembro 30, 2011

Ex-integrante do grupo de Valdetário vai hoje a júri pela morte de ex-prefeito

O criminoso Francisco Sales Fernandes, "Negão da Serra", um dos poucos remanescentes da quadrilha que era liderada por Valdetário Benevides Carneiro, morto em 2003, será julgado hoje por um dos principais crimes atribuídos àquela quadrilha. Em 2001, o então prefeito de Caraúbas, Aguinaldo Pereira da Silva, sua mulher Nieta Gurgel, dois policiais e um caseiro foram executados. Negão da Serra e mais cinco foram responsabilizados, mas só ele será julgado - quatro morreram e um foi isentado por tempo.
O julgamento será realizado mais de dez anos depois. Além de Negão da Serra, apontado pelas investigações como um dos executores, participaram: José Valdetário Benevides Carneiro, que foi apontado como mentor intelectual e morreu em confronto com a Polícia potiguar em 2003; Francimar Fernandes Carneiro, "Cimar Carneiro", irmão de Valdetário, que também tombou em operação policial na Bahia, em 2005; Francisco Clécio do Nascimento, morto; e José Maria Roque da Silva, que ajudou a quadrilha com a localização do prefeito - está vivo, mas o prazo do crime expirou por ser mais leve.
Negão da Serra está recolhido há vários anos no Presídio Aníbal Bruno, em Recife (PE), e foi trazido para o Rio Grande do Norte no início desta semana. O juiz que vai presidir a sessão, Vagnos Kelly Figueiredo de Medeiros, solicitou à Coordenadoria de Administração Penitenciária (COAPE) do Rio Grande do Norte que se responsabilizasse pela escolta do preso. Segundo o promotor Armando Lúcio Ribeiro, que representará a acusação nesse julgamento, o paradeiro do criminoso era mantido sob sigilo e justifica como medida de segurança diante do risco que o preso representa.
A expectativa do Ministério Público Estadual é que o réu seja condenado a uma pena que ultrapasse a casa dos 60 anos, devido à gravidade do crime do qual será julgado. "Nós esperamos que a pena seja de 60 anos ou até mais... Mais de uma pessoa foi assassinada e esse é o primeiro agravante. Tem ainda a questão de o crime ter sido cometido por uma quadrilha, com uso de emboscada... Essas são as situações que pesam mais contra o réu e por isso acredito numa pena maior, principalmente pela quantidade de pessoas mortas (foram cinco assassinatos)", adianta Armando Lúcio.
Apesar da gravidade do crime que envolve o assassinato de um ex-prefeito, dois policiais militares que faziam a segurança do político, sua esposa e um caseiro, a expectativa do promotor é que a sessão transcorra dentro da normalidade e o resultado seja conhecido por volta das 15h. "Eu tenho a expectativa que até três horas da tarde tudo esteja resolvido. Não terá muitos incidentes. Não temos testemunha para ser ouvida em plenário. Não tem peça, vídeo que precise ser exibido, então acredito que seja rápido", diz Armando Lúcio, acreditando que vai conseguir a condenação do réu.

Morte de envolvidos atrasou
O julgamento de um dos principais crimes que marcaram a crônica policial norte-rio-grandense demorou mais de 10 anos para acontecer e a maior parte dos responsáveis não chegou a ser punida. Nesse período, dos seis que foram responsabilizados, quatro morreram e só dois estão vivos. Um deles não será julgado porque não participou diretamente do crime e sua pena seria menor e, devido o atraso, o prazo do seu crime expirou.
Para o promotor Armando Lúcio Ribeiro, essa demora aconteceu devido a uma série de fatores que envolveram o caso. Uma das dificuldades do caso foi encontrar um advogado para representar Negão da Serra.
O advogado dele, segundo consta no Tribunal de Justiça (TJ) do Rio Grande do Norte, era Wellington Xavier Gonçalves Bezerra, que morreu no Hospital do Coração, em Natal, em 2008. Ele foi advogado da família Carneiro por muitos anos e, depois da sua morte, Negão da Serra encontrou dificuldade para substituí-lo.
Segundo Armando Lúcio, foram designados oito defensores públicos para acompanhar o caso, mas todos se recusaram. Até ontem à tarde, o Ministério Público ainda não sabia quem iria fazer a defesa do criminoso.
"Houve uma série de incidentes que fez que o processo demorasse. O grande problema, por último, foi o fato de ele estar preso em Pernambuco e foi discutida de quem seria a responsabilidade da escolta, se era do Rio Grande do Norte ou de Pernambuco. Isso também atrasou um pouco", acrescenta Armando Lúcio.

Fonte: Defato

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