sexta-feira, fevereiro 09, 2024

Ficou claro quem manda, diz advogado de Mauro Cid sobre vídeo de Bolsonaro obtido pela PF


Para Cezar Bitencourt, advogado de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), "ao vivo e a cores fica muito claro quem dá ordem e como dá ordem" aos militares e ex-ministros investigados pela Polícia Federal por planejarem um golpe de Estado.


Em entrevista ao Estúdio i, nesta sexta-feira (9), Bitencourt disse que o vídeo apreendido pela PF mostra que Bolsonaro era quem dava ordens e que Cid "fez seu papel como secretário".


"O Cid não tem essa capilaridade toda. Todo mundo viu a sessão do Bolsonaro determinando ordens, investigação, faz isso, faz aquilo. O Cid era apenas um secretário. Cumpria ordens e fez o seu papel como secretário [...] Essa reunião do Bolsonaro é extraordinária. Quer prova melhor que isso?", disse.



O vídeo apreendido pela PF é uma gravação de uma reunião da alta cúpula do governo Bolsonaro feita em 5 de julho de 2022. As imagens foram divulgadas pela jornalista Bela Megale, do jornal O Globo.


Na reunião, Bolsonaro disse a ministros que era necessário agir antes das eleições para que o Brasil não virasse "uma grande guerrilha".


Em um dos trechos da reunião, quando se falava sobre auditoria de urnas eletrônicas, o ex-ministro-chefe da Controladoria Geral da União Wagner Rosário interrompeu a própria fala para questionar se estava sendo gravado. Bolsonaro sinalizou que não, mas disse que mandou gravar apenas a própria fala.


A gravação na íntegra da reunião estava sob sigilo, mas se tornou pública nesta sexta após decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.


Segundo a Polícia Federal, Bolsonaro ordenou a disseminação de informações fraudulentas para tentar reverter a situação na disputa eleitoral e evitar uma eventual vitória do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT).


A gravação é uma das peças que embasaram a operação da PF —que aconteceu nesta quinta-feira (8)— contra militares e ex-ministros suspeitos de participarem de uma tentativa de golpe de Estado.


A PF encontrou o vídeo no computador de Mauro Cid, que firmou um acordo de delação premiada com a PF, já homologado por Moraes.


A operação

A operação "Tempus Veritatis" foi deflagrada na manhã de quinta-feira (8) contra suspeitos de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado.


Segundo a PF, os investigados se uniram para disseminar notícias falsas sobre o sistema eleitoral brasileiro com objetivo de criar condições para invalidar a vitória de Lula na disputa de 2022.


Os mandados de busca e apreensão atingem:


Valdemar Costa Neto, presidente do PL – partido pelo qual Bolsonaro disputou a reeleição;

Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice de Bolsonaro em 2022;

Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);

Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública;

general Paulo Sérgio Nogueira, ex-comandante do Exército;

almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante-geral da Marinha;

general Estevam Cals Theóphilo Gaspar de Oliveira, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército;

Tércio Arnaud Tomaz, ex-assessor de Bolsonaro e considerado um dos pilares do chamado "gabinete do ódio";

Filipe Martins, ex-assessor especial de Bolsonaro;

Marcelo Câmara, coronel do Exército citado em investigações como a dos presentes oficiais vendidos pela gestão Bolsonaro e a das supostas fraudes nos cartões de vacina da família Bolsonaro;

Rafael Martins, major das Forças Especiais do Exército.

Bernardo Romão Corrêa Netto, coronel do Exército;

Ailton Gonçalves Moraes Barros, capitão reformado do Exército expulso após punições disciplinares;

Amauri Feres Saad, advogado citado na CPI dos Atos Golpistas como "mentor intelectual" da minuta do golpe encontrada com Anderson Torres;

Angelo Martins Denicoli, major da reserva do Exército que chegou a ocupar cargo de direção no Ministério da Saúde na gestão Eduardo Pazuello;

Cleverson Ney Magalhães, coronel do Exército e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres;

Eder Lindsay Magalhães Balbino, empresário que teria ajudado a montar falso dossiê apontando fraude nas urnas eletrônicas;

Guilherme Marques Almeida, coronel do Exército e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres;

Hélio Ferreira Lima, tenente-coronel do Exército identificado em trocas de mensagens com o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Barbosa Cid;

José Eduardo de Oliveira e Silva, padre da diocese de Osasco;

Laércio Virgílio;

Mario Fernandes, comandante que ocupou cargos na Secretaria-Geral e era tido como homem de confiança de Bolsonaro;

Ronald Ferreira de Araújo Júnior, oficial do Exército;

e Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros, major do Exército.


Fonte: Blog da Andreia Sadi

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