quinta-feira, fevereiro 08, 2024

Agenda de Bolsonaro registra reunião com ex-ministro da Defesa no dia em que apresentou a comandantes a minuta do golpe

A agenda confidencial de Jair Bolsonaro registrou uma reunião com o então ministro da Defesa Paulo Sergio Nogueira no dia em que ele apresentou a comandantes militares a minuta do golpe. O encontro ocorreu no Palácio da Alvorada.


Documentos obtidos pela CPI dos Atos Golpistas apontam a existência de quatro agendas que ficaram fora da agenda pública do então presidente no dia 7 de dezembro de 2022.


Trecho da agenda confidencial do ex-presidente Jair Bolsonaro — Foto: Reprodução

A primeira delas com Paulo Sérgio Nogueira às 8 e meia da manhã. Na agenda, consta apenas a participação do ministro. Mas a investigação, baseada no controle de acesso do Palácio da Alvorada, registra que o então assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, Filipe Martins; o advogado Amauri Saad; o então ajudante de ordens, Tenente-Coronel Mauro Cid; e os comandantes da Marinha e do Exército na época, Almirante Almir Garnier e General Freire Gomes, também participaram do encontro.


Às 10 horas, Bolsonaro recebeu o governador de Rondônia, Marcos Rocha. Este foi o único compromisso do então presidente naquele dia que constava na agenda pública, divulgada pelos sites de transparência e para a imprensa.


Às 11 da manhã, a reunião foi com o ex-comandante do Exército General Eduardo Villas Bôas.


Na parte da tarde, Bolsonaro esteve com o ex-ministro da Agricultura, Alysson Paolinelli às 16 horas. E recebeu às 17 horas, seu ex-ministro da Justiça, então senador eleito.


Na decisão, o ministro Alexandre de Moraes destaca um trecho da investigação. Nele, consta que "os registros de acesso do Palácio da Alvorada revelaram que Filipe Martins esteve por diversos dias no local", "inclusive no dia 7 de dezembro de 2022, quando teria apresentado a minuta juntamente com o então presidente Jair Bolsonaro aos comandantes do Exército e da Marinha e ao então Ministro da Defesa".


Em um áudio enviado ao então Comandante do Exército, o tenente-coronel Mauro Cid afirmou: "Ele enxugou o decreto né? Aqueles considerandos que o senhor viu e enxugou o decreto, fez um decreto muito mais, é, resumido, né?" Considerando é o termo utilizado para se referir às razões jurídicas de um determinado ato que, em geral, consideram com o verbo "considerar".


As agendas confidenciais do então presidente constavam na caixa de emails de Marcelo Costa Câmara. Ele era um dos funcionários da ajudância de ordens e depois permaneceu como assessor pessoal a que ex-presidentes têm direito. Ele foi preso na operação desta quinta-feira (8).


Em nota, Moro afirmou que "visitei o Presidente Bolsonaro após as eleições uma única oportunidade para prestar solidariedade pela derrota nas eleições. Desconheço qualquer reunião com terceiros, minuta ou qualquer suposta iniciativa de golpe, nem participei de qualquer questionamento sobre as eleições".


Notas das Forças

Em nota divulgada nesta quinta, após o início da operação da PF, o Exército afirmou que está prestando as informações necessárias.


"O Centro de Comunicação Social do Exército informa que o Exército Brasileiro acompanha a operação deflagrada pela polícia Federal na manhã desta quinta-feira, prestando todas as informações necessárias às investigações conduzidas por aquele órgão", afirmou a nota oficial.


Em nota, a Marinha do Brasil informou que não se manifesta sobre processos investigatórios em curso, sob sigilo, no âmbito do Poder Judiciário.


Acrescentou que consiste da sua missão "reafirma que pauta sua conduta pela fiel observância da legislação, valores éticos e transparência".


Fonte:  Blog do Camarotti

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