terça-feira, novembro 21, 2023

PF toma novos depoimentos sobre software espião da Abin e mira gestões passada e atual do órgão

Vista da entrada da sede da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), em Brasília, nesta sexta-feira, 20. — Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO

A Polícia Federal tomou, na semana passada, novos depoimentos de dois ex-servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que estão presos há um mês. Os investigadores também ouviram outras quatro pessoas ligadas ao órgão.


Os depoimentos fazem parte da investigação sobre o uso ilegal, pela agência, de um sistema espião durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).


A principal suspeita da PF é que a Abin tenha usado o software israelense FirstMile para rastrear, sem autorização judicial e sem previsão legal, a localização de adversários políticos do governo, jornalistas e até integrantes do Poder Judiciário.


A ferramenta permitia monitorar os deslocamentos dos alvos por meio de seus celulares.



Os novos depoimentos tiveram dois objetivos:


Esclarecer como era usado o software espião na gestão passada da Abin, sob o comando do hoje deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), com a identificação dos responsáveis pela operação da ferramenta

Saber como os dois ex-servidores que estão presos coagiram seus superiores para evitar serem demitidos. Nesse ponto, as suspeitas se estendem também à atual gestão da Abin, a cargo de Luiz Fernando Corrêa. Para a polícia, houve demora para exonerar a dupla acusada de irregularidades

As exonerações não dependiam de uma ação direta de Corrêa, pois, segundo a Abin, o processo administrativo havia sido enviado em dezembro de 2022 para o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e posteriormente à Casa Civil, mas a polícia busca saber se integrantes da agência atuaram para atrasar os desligamentos.


Os dois ex-servidores presos em outubro, Rodrigo Colli e Eduardo Arthur Yzycky, respondiam a um processo administrativo na Abin por terem participado de licitação com outros órgãos públicos, o que é vedado aos servidores da agência. A pena seria a demissão. O processo administrativo não tinha, a princípio, relação com o FirstMile.


Segundo a investigação da PF, um primeiro processo administrativo contra a dupla foi anulado durante a gestão de Ramagem — sob a justificativa de problemas formais na sua condução — e um segundo, que também podia resultar na demissão dos dois funcionários, ficou parado até outubro deste ano, já sob a direção de Corrêa.



Luiz Fernando Corrêa foi escolhido para a função pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).


A suspeita da PF é que Colli e Yzycky tenham usado seus conhecimentos sobre o software israelense para coagir seus superiores a não demiti-los. Com isso, conforme as suspeitas da PF, tanto a gestão anterior da Abin como a atual teriam dificultado as investigações sobre o emprego ilegal do FirstMile.


Colli e Yzycky só foram exonerados no final de outubro deste ano, após a deflagração da operação da PF que os prendeu


O que dizem os citados

Alexandre Ramagem tem enfatizado que, durante sua gestão na Abin, demitiu o secretário que era responsável pelo setor que operava o FirstMile e acionou a Corregedoria do órgão.



Já o atual diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Corrêa, afirmou em audiência no Congresso, no último dia 25 de outubro, que o uso do FirstMile é "passado" e que a agência tem compromisso com a transparência e a prestação de contas. Ambos negam irregularidades em suas gestões.


Fonte: g1

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