domingo, junho 18, 2023

Falas não representam pensamento do comando do Exército, diz Força após conversas em tom golpista de Cid e coronel


O Exército enviou à GloboNews nesta sexta-feira (16) uma nota em que diz que as conversas em tom golpista entre Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, e o coronel Jean Lawand Junior "não representam o pensamento da cadeia de comando" da instituição.


Os diálogos constam de relatório da Polícia Federal sobre dados encontrados no celular de Mauro Cid e foram inicialmente divulgados pela revista "Veja". Os agentes da PF encontraram também um documento com um plano de golpe. A colunista do g1 Andreia Sadi teve acesso ao relatório da PF (leia trechos das conversas).


"Opiniões e comentários pessoais não representam o pensamento da cadeia de comando do Exército Brasileiro e tampouco o posicionamento oficial da Força", diz o Exército no comunicado.


A Força também afirma que "prima sempre pela legalidade e pelo respeito aos preceitos constitucionais".


Na nota, o Exército também diz que medidas administrativas "cabíveis" já estão sendo tomadas pela instituição. Entretanto, a Força não detalha quais providências adotou.


"Eventuais condutas individuais julgadas irregulares serão tratadas no âmbito judicial, observando o devido processo legal. Na esfera administrativa, as medidas cabíveis já estão sendo adotadas no âmbito da Força", diz trecho do documento.

Conversas

Em um dos diálogos verificados pela Polícia Federal, Cid conversa com o coronel Jean Lawand Junior, do Estado-Maior do Exército, que incentivava a realização de um golpe de Estado.



"Pelo amor de Deus, Cidão. Pelo amor de Deus, faz alguma coisa, cara. Convence ele a fazer. Ele não pode recuar agora. Ele não tem nada a perder. Ele vai ser preso. O presidente vai ser preso. E, pior, na Papuda, cara", afirmou Lawand Junior em um áudio a Cid, em 1º de dezembro de 2022.

Cid respondeu: "Mas o PR [Presidente da República] não pode dar uma ordem... Se ele não confia no ACE". A sigla ACE é uma referência ao Alto Comando do Exército.


Em outra mensagem, em 10 de dezembro do ano passado, Lawand enviou outra mensagem: "Cid pelo amor de Deus, o homem tem que dar a ordem. Se a cúpula do EB [Exército Brasileiro] não está com ele, de Divisão pra baixo está".


Cid respondeu: "Muita coisa acontecendo... Passo a passo", e recebeu de volta do coronel a resposta: "Excelente".


A última troca de mensagens entre os dois ocorreu no dia 21 de dezembro de 2022. Jean Lawand Junior escreveu: "Soube agora que não vai sair nada. Decepção irmão. Entregamos o país aos bandidos". Cid respondeu: "Infelizmente".


À revista, o coronel Lawand disse que Cid é seu amigo, que conversavam amenidades e que não se recorda de nenhum diálogo de teor golpista.



Íntegra da nota

Veja a seguir a íntegra da nota enviada pelo Exército à GloboNews:


Opiniões e comentários pessoais não representam o pensamento da cadeia de comando do Exército Brasileiro e tampouco o posicionamento oficial da Força. Como Instituição de Estado, apartidária, o Exército prima sempre pela legalidade e pelo respeito aos preceitos constitucionais. Os fatos recentes somente ratificam e comprovam a atitude legalista do Exército de Caxias.


Eventuais condutas individuais julgadas irregulares serão tratadas no âmbito judicial, observando o devido processo legal. Na esfera administrativa, as medidas cabíveis já estão sendo adotadas no âmbito da Força.


Em relação à função do Cel Lawand, citado na matéria da Revista Veja como Subchefe do Estado-Maior do Exército, este Centro esclarece que o referido militar serve no Escritório de Projetos Estratégicos do Estado-Maior do Exército.


Por fim, consciente de sua missão constitucional e do compromisso histórico com a sociedade brasileira, o Exército reafirma sua responsabilidade pela fiel observância dos preceitos legais e preservação dos princípios éticos e valores morais.


Fonte: g1

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