domingo, dezembro 18, 2022

Proposta de juristas prevê que divulgação de fake news e ataque às eleições podem ensejar impeachment; entenda

A proposta de atualização da Lei do Impeachment elaborada por juristas aumenta a lista de condutas que podem ser enquadradas como crime de responsabilidade.


O ministro Ricardo Lewandowski, do STF, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco — Foto: Pedro Gontijo/Senado Federal


O texto foi entregue nesta sexta-feira (16) pelo ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).


A legislação em vigor é de 1950 e aponta oito tipos de crime de responsabilidade de presidentes da República. Se a sugestão dos juristas for aprovada pelo Congresso, também poderão ser enquadradas as seguintes condutas:


divulgar, mesmo que de forma indireta, fake news, com objetivo de questionar as instituições democráticas

atrapalhar o livre exercício dos direitos políticos, o processo eleitoral ou a posse dos eleitos

organizar, financiar ou fazer apologia a grupos armados, civis ou militares, contrários ao Estado Democrático

incentivar a insubordinação das Forças Armadas ou de qualquer órgão de segurança pública

não adotar medidas necessárias para proteger a saúde da população em situações de calamidade, como pandemias

atentar contra a liberdade de ir e vir, expressão e religião

estimular a tortura e tratamento humano degradante

praticar, induzir ou incentivar o preconceito de origem, raça, cor, idade, gênero, etnia, religião e orientação sexual

negar publicidade de atos oficiais

não prestar ao Congresso, no prazo legal, as contas referentes ao exercício anterior


Outros pontos

A proposta cria o prazo de 30 dias úteis para o presidente da Câmara dos Deputados ou do Senado decidir se arquiva o pedido ou o envia para a Mesa Diretora definir se dá seguimento à denúncia. Atualmente, não há prazo.


Se arquivada a solicitação, um terço dos deputados ou senadores pode discordar e entrar com recurso para reverter a decisão.


Qualquer pessoa pode pedir ao Congresso a abertura de processo de impeachment contra autoridades, como o presidente, ministros de Estado, ministros do STF, procurador-geral da República.


O anteprojeto entregue ao Senado também prevê a possibilidade de processo de impeachment de ministros do STF e do PGR em caso de manifestação de opiniões políticas por parte dessas autoridades.


Além disso, poderão ser enquadrados em crime de responsabilidade os comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica que se manifestarem politicamente em qualquer meio de comunicação.


Tramitação

Com a conclusão dos trabalhos da comissão presidida por Ricardo Lewandowski, a proposta será incluída no sistema do Senado para começar a tramitar.


Em entrevista, Rodrigo Pacheco afirmou que o início do andamento do projeto ocorrerá "muito brevemente".


Para virar lei, no entanto, o texto terá de percorrer um caminho que pode ser longo. Primeiro, terá de ser aprovado pelo Senado.



Na sequência, vai à análise da Câmara. Se os deputados modificarem o projeto, ele terá de ser reexaminado pelos senadores.


Aprovado pelo Congresso, o texto vai à sanção pela Presidência da República.


O presidente poderá sancionar a íntegra do conteúdo aprovado pelo Legislativo, vetar trechos ou toda a proposta.


Em caso de vetos, a palavra final será do Congresso, em sessão conjunta.


Somente as autoridades que praticarem as condutas após a publicação e entrada em vigor da nova lei poderão ser alvos de processos de impedimento com base nas regras previstas.


Fonte: g1

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