segunda-feira, dezembro 05, 2022

Lula recebe conselheiro de Segurança dos EUA e se diz 'animado' para conversa com Biden

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), reuniu-se nesta segunda-feira (5) com o conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan.


O conselheiro de Segurança dos EUA, Jake Sullivan, e o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, durante encontro em Brasília — Foto: Ricardo Suckert/Divulgação


Lula recebeu Sullivan no hotel onde está hospedado em Brasília. No encontro, entre outros temas, os dois trataram de uma possível visita de Lula ao presidente norte-americano, Joe Biden.


"Recebi hoje do conselheiro de segurança norte-americano, Jake Sullivan, o convite do presidente Joe Biden para visitá-lo na Casa Branca. Estou animado para conversar com o presidente Biden e aprofundar a relação entre nossos países", afirmou Lula em uma rede social sobre o encontro com o assessor de Biden.



Além de Lula e Sullivan, participaram do encontro, pelo lado norte-americano: Juan Gonzales, assessor do governo dos EUA para América Latina; Ricardo Zúñiga, vice-secretário de Estado para assuntos de Hemisfério Ocidental; e Douglas Koneff, encarregado de negócios da embaixada no Brasil.


Da equipe de Lula, estavam presentes o senador Jaques Wagner (PT-BA), o ex-ministro de Relações Exteriores Celso Amorim e o ex-ministro da Educação Fernando Haddad, que está cotado para assumir o Ministério da Fazenda em 2023. Também participou o procurador da Fazenda Nacional Jorge Messias, integrante do GT de Transparência, Integridade e Controle da transição de governo.


Data da viagem

A viagem de Lula aos Estados Unidos só deve ocorrer após a diplomação do petista como presidente da República pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), marcada para o próximo dia 12.


Após a reunião, o ex-chanceler Celso Amorim contou, em entrevista, que Lula não descartou viajar ainda em dezembro, mas indiciou que prefere viajar em janeiro, após a posse na Presidência da República.


Lula citou providências que precisam ser adotadas, negociações em curso em Brasília, para justificar a preferência por viajar em 2023.


“[Lula] valorizou muito o fato de o convite ser feito desta maneira, mas que talvez não desse para estar [nos EUA] antes da posse. Mas que ele acha que dá para ir logo no início do ano também já em uma visita oficial como presidente”, disse Amorim.


No encontro, Sullivan presenteou o presidente eleito com uma camisa da seleção norte-americana de futebol, que já foi eliminada da Copa do Mundo.


Conselheiro de segurança do governo americano, Jake Sullivan — Foto: LEAH MILLIS/Reuters


Temas discutidos

De acordo com Amorim, que integra a equipe de transição na área de relações exteriores, Lula e Sullivan tiveram "uma conversa muito ampla" com quase duas horas de duração sobre temas regionais e mundiais, entre os quais:


Mudanças climáticas

Guerra na Ucrânia

Reforma do Conselho de Segurança da ONU

Situação na Venezuela e no Haiti

Saúde

Comparações entre trumpismo e Bolsonarismo

Fortalecimento da democracia na região

Cooperação em desenvolvimento e tecnologia

Segundo o ex-chanceler, a reunião não debateu de forma detalhada como Brasil e EUA podem atuar no combate às mudanças climáticas, mas se reconheceu a importância do engajamento dos dois países.



O Brasil ao longo do governo Bolsonaro registrou altos índices de desmatamento da Amazônia, o que gerou críticas de outros países.


Haiti

Questionado se foi discutida uma nova missão internacional para pacificar o Haiti, Amorim disse que Lula e Sullivan demonstraram preocupação com a situação atual do país, mas que o conselheiro americano não fez pedido específico ao governo brasileiro.


O Brasil participou com militares de missões de paz da ONU no Haiti. No momento, EUA e outros países avaliam uma nova missão no país.


“Ele [Sullivan] não suscitou desejo de que o Brasil participe. Foi mencionada uma força multinacional, mas ele nem suscitou assim com entusiasmo”, disse o ex-chanceler.


Venezuela

De acordo com Amorim, a reunião também discutiu a necessidade se encontrar uma “solução para a crise na Venezuela”, mas sem entrar em detalhes. A sinalização americano é de expectativa da realização de eleições consideradas justas.


“O presidente Lula falou da importância de se ter um contato real e reconhecer as realidades”, disse.


O governo Bolsonaro reconheceu Juan Guiadó como presidente da Venezuela em vez do atual presidente Nicolás Maduro, que é aliado de Lula na região.


Relação Brasil-EUA

Integrante da equipe do presidente americano, Joe Biden, Sullivan também terá em Brasília uma agenda com o atual secretário de Assuntos Estratégicos do governo brasileiro, Flávio Rocha.


Almirante, Flávio Rocha é um dos auxiliares de confiança do presidente Jair Bolsonaro (PL).


Antes da reunião com Lula, o governo americano informou em nota que Sullivan viajou para o Brasil discutir a relação dos dois países e formas de trabalho conjunto em áreas como clima, segurança alimentar, inclusão, migrações e democracia.


As equipes de Lula e Biden apostam em uma relação mais próxima do que a mantida atualmente com a Casa Branca por Bolsonaro, apoiador do ex-presidente Donald Trump.


Há expectativa de atuação conjunta, em especial, na agenda de preservação da Amazônia e combate às mudanças climáticas.


Sullivan veio ao Brasil em agosto de 2021, quando se encontrou com Bolsonaro e membros de seu governo, como o ministro das Relações Exteriores, Carlos França, e o vice Hamilton Mourão.


Fonte: g1

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