quinta-feira, dezembro 22, 2022

Congresso espanhol aprova lei que legaliza mudança de gênero e nome a maiores de 16 anos

Os deputados da Espanha aprovaram nesta quinta-feira (22) um projeto de lei do governo que permitirá a qualquer pessoa maior de 16 anos no país mudar de gênero e de nome na carteira de identidade.


Defensores dos direitos da comunidade LGBTQIA+ celebram aprovação de lei que permite mudança de gênero e nome na Espanha a partir dos 16 anos, em 22 de dezembro de 2022. — Foto: Susana Vera/ Reuters


A medida, chamada de "Lei de igualdade real e efetiva das pessoas trans e para a garantia dos direitos das pessoas LGBTQIA+", será enviada agora ao Senado, onde o governo espanhol também tem maioria.


Caso seja aprovada, a lei determinará o seguinte:


A mudança de nome e gênero será livre a partir dos 16 anos - ou seja, os menores de 18 anos não precisarão de autorização judicial ou dos pais;

Adolescentes entre 14 e 16 anos que desejarem fazer a mudança devem ter o consentimento dos pais ou representantes legais;

Já pessoas entre 12 e 14 anos necessitarão aval da Justiça, além da autorização dos pais;

O texto também prevê a reversibilidade - ou seja, a possibilidade de recuperar o gênero anterior, também por vontade própria;

A lei, caso aprovada, unificará medidas similares que já são liberadas em 15 das 17 regiões da Espanha.


"Hoje a Câmara decidiu que os direitos das pessoas trans são também direitos humanos", declarou a ministra de Igualdade da Espanha, Irene Montero, uma das maiores defensoras da lei.

A medida, caso aprovada, determinará ainda que Legislação espanhola reconheça oficialmente que a transexualidade não é uma patalogia, seguindo uma orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2018.


Polêmicas

Embora tenha enviado a matéria ao Parlamento, o governo do país, de esquerda, ficou dividido sobre a medida durante meses de debate entre os deputados. Parlamentares do Unida Podemos, maior partido da base do governo, entraram em choque por alguns pontos com outros do Partido Socialista, do primeiro-ministro Pedro Sánchez.


Mas as discussões mais acaloradas ocorreram entre os deputados de esquerda e os do Vox, o partido de extrema direita da Espanha.


A ministra Irene Montero, que também é líder do Unidas Podemos, chegou a acusar os membros do Vox e do conservador Partido Popular de promover a cultura do estupro durante um dos debates.


A proposta também fragmentou o movimento feminista da Espanha nos últimos meses. Uma parte dele argumenta que a autodeterminação pode levar a uma competição injusta para mulheres em áreas como competições esportivas e no sistema prisional.



Já a ministra Irene Montero disse ter havido transfobia diante da possibilidade de aprovação da lei.


"As mulheres trans são mulheres", discursou Montero.


Fonte: g1

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