segunda-feira, novembro 14, 2022

População foi deixada 'à própria sorte' e agora vê aumento agudo de casos de Covid, diz infectologista Luana Araújo



A infectologista Luana Araújo criticou nesta segunda-feira (14) a falta de informações oficiais sobre um novo episódio de aumento de casos de Covid-19 no Brasil e disse que a população foi deixada 'à própria sorte' pelos governos.


Em entrevista à GloboNews, Luana alertou para para a necessidade de se ter uma comunicação centralizada - que seria de responsabilidade do Ministério da Saúde - para informar a população sobre as fases da pandemia. E criticou o fato de estados terem orientações diferentes sobre a vacinação e medidas de contenção da doença.


"Isso cria uma confusão e gera um amadorismo na vigilância, o que faz com que as pessoas percebam que os casos estão aumentando antes da gente ter uma comunicação oficial de uma perspectiva de aumento de casos, que é o que deveria ter acontecido. Vimos essa onda acontecendo na Europa e nos Estados Unidos em um passado recente, já era para a gente ter compreendido, aprendendo as lições anteriores da pandemia, que isso ia chegar aqui", afirmou.



A média móvel de casos de Covid nos últimos 7 dias aumentou 77% em relação a duas semanas atrás, segundo levantamento deste domingo (13) do consórcio de veículos de imprensa.


"A gente acabou deixando a população à própria sorte, sem uma vigilância estabelecida, sem uma política de vacinação clara de proteção, e a gente vê hoje o que está acontecendo", disse a médica.


"Não é só um aumento no número de casos, é um aumento agudo, muito rápido e muito ostensivo, o que não vimos na onda anterior e o que nos preocupa. Não que isso vá se reverter em um número aumentado de óbitos, mas isso pode sobrecarregar o sistema de saúde de uma maneira que a gente não deveria estar enfrentando agora", completou Luana.

Para a infectologista, diante desse cenário a população pode fazer o que chamou de 'gerenciamento individual de risco'. Ela citou:


usar máscaras em ambientes fechados;

evitar aglomerações;

as duas medidas devem ser tomadas especialmente pelas pessoas mais vulneráveis à doença, como idosos e imunossuprimidos, além de crianças pequenas, público ainda com pouca vacina disponível contra a Covid.

"Isso não é uma mudança de comportamento. É um aprendizado que a gente passou. Então, [usar máscara] no elevador, no transporte público, isso já devia fazer parte da nossa vida", disse.


Novas variantes

O aumento no número de casos de Covid no País coincide com a chegada da nova subvariante da ômicron BQ.1, já encontrada em ao menos cinco estados.


A Rede Genômica da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) também identificou o surgimento de uma nova variante do coronavírus no estado do Amazonas que está sendo chamada de BE.9. Ela também é uma versão da ômicron e, segundo os pesquisadores, “fez ressurgir a Covid-19 no Amazonas".


Luana Araújo citou a importância de atualizar o esquema vacinal e tomar as doses de reforço para aumentar a proteção contra a doença e evitar hospitalizações e mortes.


"A ideia é que a vacina nos proteja dos casos mais graves, mas não é só tomar vacina. É você ter o seu esquema completo atualizado [...]. O risco nunca é determinado apenas pela variante. É determinado também pelo grau de imunidade que essa pessoa tem. Quanto menos doses de vacina ou mais distante foi a ultima dose que você fez, maior o seu risco em relação a qualquer variante", explicou a médica.


Segundo o Ministério da Saúde, mais de 69 milhões de pessoas ainda não tomaram a terceira dose da vacina contra a Covid e 32,8 milhões já poderiam ter recebido a quarta dose, mas ainda não se vacinaram.


A pasta, no entanto, não atualiza as orientações sobre a aplicação de doses de reforço desde julho deste ano, quando recomendou a aplicação de uma quarta dose em pessoas com mais de 40 anos.


Desde então, estados e municípios têm adotado planos próprios de vacinação e anunciado a aplicação da quarta e até da quinta dose em determinados públicos, de acordo com seus estoques de vacina.


A atual gestão do Ministério da Saúde também ainda não divulgou uma previsão de vacinação contra a Covid-19 para 2023 e nem se irá comprar as vacinas bivalentes da Pfizer, que possuem uma proteção extra contra as variantes da ômicron e estão em análise na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).


Fonte: g1

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