terça-feira, julho 19, 2022

Juízes eleitorais defendem urnas eletrônicas após Bolsonaro atacar sistema em evento com embaixadores

Em resposta aos ataques do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao sistema eleitoral brasileiro, juízes eleitorais saíram em defesa das urnas eletrônicas. Pelas redes sociais, os magistrados asseguraram a integridade do equipamento e do processo de votação.


Bolsonaro durante reunião com embaixadores, nesta segunda-feira (18), no Palácio do Planalto. — Foto: Clauber Cleber Caetano/PR


Bolsonaro fez uma apresentação para cerca de 40 embaixadores de outras nações no país, na segunda-feira (18), em Brasília. Na oportunidade, requentou uma série de teorias conspiratórias sem provas de que há fraude nas urnas.


Gervásio Santos Júnior, juiz eleitoral que atua em eleições desde 1992 no Maranhão, afirmou que presidiu eleições tanto no atual sistema eletrônico quanto com cédulas em papel - a urna foi implementada a partir de 1996. Para ele, "não há comparação em termos de segurança"


"Assim, a meu ver, só há dois tipos de pessoas que atacam à urnas eletrônicas: os incautos e os que agem de má-fé", publicou o magistrado, em sua página no Twitter, após a reunião de Bolsonaro com os embaixadores.

Em julho de 2021, o juiz já havia usado suas redes sociais para relembrar como era a apuração com os votos em papel com "quase uma semana de apuração, sufoco, impugnações, reclamações, até o resultado final".


"Portanto, quando vejo os ataques à urna eletrônica de alguém que construiu a sua carreira política praticamente toda com esse sistema, só posso entender como tentativa de construir uma narrativa para romper com o estado democrático ou justificar uma futura derrota eleitoral".


A juíza Andréa Pachá, que desempenha a função há 29 anos no Rio de Janeiro, disse ter presidido dezenas de eleições e que as “únicas experiências de fraude vieram das urnas de papel. “A excelência do serviço, da lisura e da tecnologia do TSE são motivos de orgulho e garantia da liberdade de escolha e da democracia”, escreveu, em seu Twitter.



Em publicação feita depois de Bolsonaro apresentar seu power point aos embaixadores, Pachá afirmou que “não devemos perder tempo e energia com pautas reativas”, ao se referir às ofensivas do presidente. “Merecemos viver em um país livre de ameaças, desinformação e ódio. Há problemas reais e cotidianos que precisam ser enfrentados”.


Marcos Peixoto também é magistrado no Rio, com atuação desde a década de 1990 e é outro a fazer coro na defesa das urnas. Ele diz que atuou em quase uma dezena de eleições, "todas auxiliado pelo excelente corpo de servidores do TSE, fiscalizado pelo MPE (Ministério Público Estadual), pelos partidos e pelos cidadãos. Todas com urnas eletrônicas. Nenhuma com mínimo resquício de fraude”, postou em sua página no Twitter.


Em São Paulo, André Augusto Bezerra também defendeu as urnas, ao falar que “sempre presenciei servidores da justiça eleitoral dedicados. Nunca presenciei qualquer indício de fraude. O sistema é confiável e impassível de ataques. Pode confiar!”.


Ministros reagem

Ministros do Tribunal Superior Eleitoral responderam as falas de Bolsonaro a embaixadores estrangeiros. Edson Fachin, atual presidente do Tribunal, chamou as teorias conspiratórias de "teia de rumores descabidos e populismo autoritário", além de reafirmar a segurança do sistema eleitoral.


"É hora de dizer basta à desinformação. É hora também de dizer não ao populismo autoritário, que coloca em xeque a conquista da Constituição de 1988", disse Fachin.

Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux se reuniu em videoconferência com Fachin e, segundo informado pela assessoria do Supremo, "reiterou confiança total na higidez do processo eleitoral".


"Em nome do STF, o ministro Fux repudiou que, a cerca de 70 dias das eleições, haja tentativa de se colocar em xeque mediante a comunidade internacional o processo eleitoral e as urnas eletrônicas, que têm garantido a democracia brasileira nas últimas décadas", informou o STF.


Já o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou que uma democracia forte se faz com "respeito ao contraditório, independentemente do tema". "A segurança das urnas eletrônicas e a lisura do processo eleitoral não podem mais ser colocadas em dúvida", disse.


Fonte: g1

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!