terça-feira, abril 26, 2022

Hospital Pediátrico Maria Alice, em Natal, realiza primeira cirurgia de enxerto ósseo em paciente fissurado

O Hospital Pediátrico Maria Alice Fernandes, em parceria com o Centro de Reabilitação Infantil e Adulto (CRI/CRA), realizou sua primeira cirurgia de enxerto ósseo alveolar em criança portadora de fissura labiopalatina.


Hospital Pediátrico Maria Alice, em Natal, realiza primeira cirurgia de enxerto ósseo em paciente fissurado — Foto: Sesap/Cedida


O procedimento possibilita o crescimento e posicionamento correto dos dentes para que o paciente tenha uma dentição normal no futuro.


A criança que recebeu a cirurgia na última quarta-feira (20) tem 10 anos de idade e está em tratamento multidisciplinar CRI/CRA, por meio do Núcleo de Atendimento Interdisciplinar aos Fissurados (NAIF). O NAIF realiza o acolhimento do paciente desde recém-nascido até a fase adulta e de seus familiares, e cuida da parte ambulatorial do tratamento, por meio de uma equipe composta por fonoaudiólogo, geneticista, enfermeiro, otorrinolaringologista, psicólogo, assistente social, nutricionista, fisioterapeuta, psicopedagogo, ortodontista e as demais especialidades de reabilitação.


“O benefício dessa cirurgia é a reconstrução de um alvéolo dentário, com a finalidade de corrigir a fissura, para posteriormente o paciente conseguir reabilitar por meio de prótese ou implante dentário. Outro benefício desse procedimento é fechar a comunicação bucosinusal, causada pela fissura, o que pode acarretar quadros de sinusite”, explica Diogo Luiz, cirurgião dentista especialista em cirurgia bucomaxilofacial, que integra a equipe de profissionais do CRI/CRA.


Nem todo paciente fissurado requer a cirurgia de enxerto ósseo alveolar, necessária apenas quando a fissura atinge a arcada dentária e o palato. A idade mais indicada para o procedimento é por volta dos sete anos de idade. “O procedimento permite o benefício da arcada dentária completa, possibilitando a reabilitação tanto funcional, quanto estética do paciente, com o objetivo de melhorar sua qualidade de vida”, explica o cirurgião plástico Alexandre Dantas, da equipe do CRI/CRA.


Segundo o cirurgião Diogo Luiz, “a demanda no RN é extensa, temos recebido vários casos novos, tanto de recém-nascidos, que são a maioria, quanto de pacientes adultos, que desconheciam o serviço”.


Fissura labiopalatina

A fissura labiopalatina é mais comumente diagnosticada na região da face em recém-nascidos, caracterizando-se por uma abertura no lábio superior de um ou de dois lados e no céu da boca. Sua causa não está comprovada, mas estudos indicam que envolve uma combinação de fatores genéticos e ambientais associados (doenças, uso de medicamentos, dependência química, etc.).


Acolhimento dos pacientes

A recomendação é de que o recém-nascido com fissura labiopalatina já deixe a maternidade com atendimento agendado no NAIF, que realiza o acolhimento do paciente e seus familiares, proporcionando uma reabilitação multiprofissional.


A pessoa que possui um familiar com fissura labiopalatina, popularmente conhecido como lábio leporino, e que ainda não recebe cuidados médicos deve procurar a Atenção Básica de seu território, para que seja agendado um atendimento no NAIF. Além disso, a Atenção Básica dos municípios deve realizar a busca ativa de casos em seu território.


A fissura labiopalatal interfere no desenvolvimento psicológico, fisiológico e na adaptação social da maioria das pessoas com essa alteração congênita, na medida em que costuma envolver processos de estigmatização. Por isso, é tão importante que o paciente com fissura e seus familiares sejam acolhidos e recebam o tratamento e cuidados específicos.


Fonte: g1

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