terça-feira, abril 26, 2022

Em encontro com chefe da ONU, Putin diz ainda ter esperança de negociar com a Ucrânia

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse, em encontro com secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, nesta terça-feira (26) que ainda tem esperança de negociar com a Ucrânia.


Em reunião, que teve trechos transmitidos pela televisão russa, Putin disse ter intenções de encerrar o conflito por vias diplomáticas e negou acusações contra seu exército por supostos massacres.


"Apesar de que a operação militar [como a Rússia chama a guerra na Ucrânia] esteja se desenvolvendo, continuamos com esperanças na capacidade de alcançar acordos pela via diplomática", disse Putin.


Os líderes ficaram separados por uma grande mesa, usada pelo Kremlin para reforçar o distanciamento contra a Covid-19 em vários encontros durante a pandemia.


Putin em reunião com Guterres no Kremlin em 26 de abril de 2022 — Foto: Kremlin Pool via Reuters


Massacre em Bucha

Putin afirmou que as negociações diplomáticas saíram do curso por conta das as acusações do massacre em Bucha.


"Houve uma provocação em Bucha, na qual o exército russo não teve nada a ver", disse Putin. "Sabemos quem organizou esta provocação, através de quais meios e quais foram as pessoas que a realizaram".


O líder russo não apresentou acusação formal contra nenhum grupo que estaria ligado às mortes de civis, descobertas após o fim da ocupação russa na região.


Guterres reiterou seu apelo a favor da abertura de corredores humanitários para evacuar os civis ucranianos de áreas de combate, feito pouco antes perante o chanceler russo, Serguei Lavrov.


Situação em Mariupol

Durante a reunião, Putin disse que a situação em Mariupol, cidade no sul da Ucrânia que a Rússia alega ter conquistado, é "difícil, talvez trágica".


O impasse na cidade portuária, a mais atacada desde o início da guerra, era um dos principais temas na agenda do encontro.


As tropas russas seguem cercando o complexo de Azovstal, uma das maiores siderúrgicas da Europa onde milhares de soldados e civis ainda resistem à ocupação.


A agência estatal russa TASS reportou que Putin teria dito a Guterres que mais de 1300 soldados na cidade teriam se rendido.


O líder russo ainda disse que civis estão sendo proibidos pelas forças ucranianas de deixar o complexo siderúrgico de Azovstal.


Desde a semana passada, Kiev e Moscou tentam sem sucesso um acordo para a retirada pacífica dos soldados e civis.


Negociações seguem

Putin teria falado a Guterres que as negociações de paz entre os dois países seguem acontecendo de forma online, segundo reportagem da agência Reuters.


O líder russo também havia dito que os corredores humanitários estariam funcionando normalmente para civis que quisessem deixar as cidades rumo à Rússia e também rumo à Ucrânia.


Encontro com Lavrov


Mais cedo, Guterres se reuniu com o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, a quem pediu um cessar-fogo imediato e uma investigação independente sobre possíveis crimes de guerra cometidos por tropas russas.


Esta é a primeira vez que o secretário-geral da ONU vai à Rússia desde o início da guerra da Ucrânia, que já dura mais de dois meses. A visita acontece em meio à escalada de tensões após o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, ter afirmado na segunda-feira (25) ver um risco real de uma Terceira Guerra Mundial.


A agenda de Guterres em Moscou começou justamente com uma reunião com Lavrov, a quem pediu um cessar-fogo o quanto antes. Após o encontro, Guterres disse que propôs um corredor humanitário e se mostrou preocupado com indícios de crimes de guerra cometidos por tropas russas na Ucrânia. O secretário-geral afirmou que sua prioridade é "salvar vidas e minimizar o sofrimento humano".


"O quanto antes pudermos fazer isso, melhor, para a Ucrânia, para a Rússia e para o mundo. Até agora, isso não pode ser possível", declarou o secretário-geral após o encontro. "Estamos extremamente interessados em encontrar caminhos para criar condições para o diálogo efetivo, para um cessar-fogo o quanto antes, para uma solução pacífica".


Após o encontro, Lavrov afirmou que a Ucrânia tinha um projeto de ideologia nazista para banir todas as referências culturais e linguísticas da Rússia.


No entanto, ele se disse interessado em cooperar com a ONU. Afirmou que ambos têm "interpretações diferentes" sobre a Ucrânia, mas que isso não impede que os dois dialoguem. O ministro afirmou ainda que debateu o multilateralismo e o papel da ONU com o secretário-geral.


"Estamos interessados em cooperar com nossos colegas da ONU para abrandar o sofrimento da população civil", declarou Lavrov.


Guterres chamou a atenção ainda para as consequências já visíveis da guerra para o mundo inteiro, como o aumento do preço de alimentos.


"A aceleração dramática do aumento de preços de alimentos já está causando enorme sofrimento a populações em todo o mundo", disse.


Fonte: g1

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