terça-feira, fevereiro 01, 2022

Após tiros perto de palácio, presidente da Guiné-Bissau diz que tropas detiveram 'ataque à democracia'; país tem histórico de golpes

O presidente de Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embalo, disse nesta terça-feira (1º) que "alguns" membros das forças de segurança foram mortos em um "ataque fracassado contra a democracia".


O presidente de Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embalo, em foto de 11 de novembro de 2021 — Foto: Ludovic Marin/AFP


Aparecendo em um vídeo postado na página da presidência no Facebook horas depois que tiros foram ouvidos perto de um complexo onde ele presidia uma reunião de seu gabinete, Embalo disse que algumas das pessoas envolvidas já começaram a ser presas, mas não sabe quantas.


"Os autores deste ataque teriam podido falar comigo antes destes acontecimentos sangrentos que deixaram vários feridos graves e mortos", disse Embalo a jornalistas. O presidente não identificou os autores, mas o atribuiu às "decisões adotadas (por seu governo) contra o narcotráfico e a corrupção".


A União Africana e o bloco regional CEDEAO descreveram a situação como uma tentativa de golpe de Estado, segundo a agência France Presse.


Soldado patrulha área do palácio do governo em Bissau, capital de Guiné-Bissau, na terça-feira (1º) — Foto: AFPTV teams/AFP


"O presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, acompanha com grande preocupação a situação na Guiné-Bissau, marcada por uma tentativa de golpe de Estado", disse um comunicado da UA datado em Nairobi.


"A CEDEAO condena esta tentativa de golpe e responsabiliza os militares pela integridade física do presidente Umaro Sissoco Embalo e membros do seu governo", afirmou a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental.


Golpes

A Guiné-Bissau tem uma população de cerca de dois milhões de habitantes e faz fronteira com o Senegal e a Guiné. Ex-colônia portuguesa, sofreu quatro golpes militares desde sua independência, em 1974, o mais recente em 2012.


Além disso, a corrupção endêmica assola a vida política do país, que também é considerado um importante centro de tráfico de cocaína da América Latina para a Europa.


Tal como em muitos outros países africanos, as forças armadas desempenham um papel proeminente a nível sociopolítico.


Desde o início de 2020, Umaro Sissoco Embalo, ex-general do Exército, ocupa o cargo de chefe de Estado, após eleições presidenciais cujo resultado ainda é contestado pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), a formação política dominante desde a independência.


O retorno à ordem constitucional é o grande compromisso do país desde 2014, apesar das repetidas turbulências, mas sem violência.


Embalo, 49 anos, selou seu destino em fevereiro de 2020 ao vestir a faixa presidencial, apesar da persistência do PAIGC em suas queixas.


No ano passado, o comandante-chefe das forças armadas havia declarado que vários de seus membros estavam preparando um golpe enquanto o presidente estava em viagem ao Brasil.


Em 14 de outubro de 2021, o general Biague Na Ntam afirmou que alguns oficiais tentaram subornar as tropas "para subverter a ordem constitucional".


Fonte: g1

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