segunda-feira, agosto 16, 2021

Queimadas atingem quase 20% do território brasileiro em 3 décadas



Pesquisadores divulgaram nesta segunda-feira (16) um dos estudos mais completos sobre a destruição causada pelas queimadas no Brasil.


O levantamento inédito é da ONG MapBiomas. Por um ano e meio, pesquisadores estudaram mais de 150 mil imagens de satélites, analisando dados de 1985 a 2020.


Somada, a área queimada no país neste período é superior a 1,6 milhão de quilômetros quadrados, o que corresponde a quase 20% do território brasileiro. O Cerrado e a Floresta Amazônica concentraram 85% da área atingida pelo fogo. Outro dado preocupante mostra que mais da metade dos incêndios ocorreram em áreas de vegetação nativa.


“O fogo tem um impacto importante indireto no ciclo da água. Então não dá para pensar o fogo separado e, de fato, a longo prazo queimando nossas florestas. Usando mais o fogo, a gente vai ter um impacto em vários ciclos, não só de carbono, mas também da água”, explica Ane Alencar, coordenadora do MapBiomas Fogo.


A seca severa no Pantanal é um dos reflexos. E quanto mais seco, maior o risco de incêndios.


“Isso mostra que, quanto mais a gente está chegando no auge dessa seca, as condições ficam melhores para os incêndios se espalharem e tomarem proporções maiores. E com maior frequência, você diminui essa janela de resiliência do bioma, você impacta toda uma vegetação que está se recuperando ainda dos incêndios do ano passado, todo uma fauna que está se recuperando, populações de diversas espécies que foram muito afetadas pelo fogo no ano passado”, afirma Gustavo Figueiroa, biólogo do SOS Pantanal.


O estudo revelou ainda que 60% das ocorrências de fogo foram em propriedades privadas, e que a incidência nestas áreas tem sido recorrente principalmente na Amazônia, que é um bioma muito sensível, onde raramente o fogo poderia ocorrer de forma natural.

“É preciso que se adote mais tecnologias. É necessário também que cada vez mais as equipes de prevenção e combate sejam empoderadas, tenham à sua disposição mais equipamentos para e consigam dar uma resposta frente ao início dos incêndios mais rápida, e, sobretudo também, que as ações de fiscalização sejam implementadas, para que aquele que utilizou o fogo no período proibitivo ou de forma ilegal seja responsabilizado por cometer esse crime”, diz o engenheiro florestal Vinícius Silgueiro.


Fonte: Jornal Nacional

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